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GERENTE DO IBAMA RECONHECE
FALTA DE FISCAIS NO PARÁ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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O gerente-executivo
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), Paulo Fernando
Maier, admitiu que o órgão trabalha
em condições precárias no Pará.
Durante audiência pública realizada
hoje à tarde pela Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) da Terra, em Santarém
(PA), Maier declarou que são cinco servidores
para cada município no Oeste do estado, "o
mesmo padrão do resto do País. Só
que os municípios da região são
muito maiores, o que faz a relação
de servidores por área cair bastante",
explicou.
Maier também relatou que os fiscais têm
dificuldade de locomoção. "É
praticamente impossível chegar a algumas
regiões, a não ser por via aérea".
Regularização
O representante da organização não-governamental
(ONG) Grupo de Trabalho da Amazônia, Tarcísio
Feitosa, observou que apenas 400 mil de 1,2 milhão
de hectares do território paraense estão
cadastrados pelo Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra). Ele assinalou
que 82% das propriedades rurais são latifúndios.
"Os cartórios não são
investigados e a relação promíscua
das autoridades locais com os grandes proprietários
de terra completa o quadro favorável à
violência", afirmou.
Feitosa denunciou também a conexão
da grilagem e da violência no campo com o
tráfico de drogas. "Recentemente foi
preso um pistoleiro, em Altamira, com munição
de uso exclusivo das Forças Armadas. Isso
mostra que se trata de um esquema grande",
disse.
Legalidade
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais
de Santarém (PA), Adinor Batista dos Santos,
assegurou que a entidade tem lutado pela regularização
fundiária e orientado os associados a agir
dentro da legalidade. "Se existem grileiros
aqui, não fazem parte do sindicato",
atestou.
Já a presidente do Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Santarém, Maria Ivete Bastos de
Oliveira, reclamou da omissão da Polícia
e do Judiciário, que até hoje não
puniram o assassinato de dois trabalhadores ocorrido
em 1984 e 2003. Ela entregou à CPMI um dossiê
sobre a violência e posse da terra no município.
Caso irmã Dorothy
A Comissão ainda vai visitar mais duas cidades,
Altamira e Belém, onde será ouvido
o Bida, acusado de ser o mandante da morte de Dorothy
Stang.
O relator da Comissão, deputado João
Alfredo (PT-CE), acredita que a presença
dos parlamentares contribui para pressionar as autoridades
a fim de que apressem a apuração dos
diversos crimes que vêm ocorrendo no Estado.
"Mesmo que o caso da irmã Dorothy venha
a ser desvendado e todos os responsáveis
punidos, tanto os autores materiais como intelectuais,
nossa objetivo é impedir que outros crimes
ocorridos no Pará, também relativos
a conflitos de terra, continuem na impunidade".
Um dos objetivos da CPMI é esclarecer as
motivações para o aumento da violência
no estado do Pará contra trabalhadores, lideranças
sindicais e religiosas.
Integram a comitiva da CPMI no Pará os deputados
João Alfredo (PT-CE), Adão Pretto
(PT-RS), Luci Choinacki (PT-SC) e Zé Geraldo
(PT-PA), e os senadores Álvaro Dias (PSDB-PR),
Ana Júlia (PT-PA) e Sibá Machado (PT-AC).
Fonte: Agência Câmara
(www.agenciacamara.gov.br)
Assessoria de imprensa (Simone Salles, Francisco
Brandão e Regina Céli Assumpção