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GESTÃO DE FLORESTAS
SERÁ BOM NEGÓCIO PARA O PAÍS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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Marina Silva espera
que não se repita na Amazônia o mesmo
que ocorreu na Mata Atlântica
30/03/2005 O governador
do Acre, Jorge Viana, disse hoje que a concessão
de florestas públicas para manejo sustentável
será um bom negócio para o Brasil,
que abriga a maior área de floresta tropical
do planeta. Conforme Viana, que participou de um
seminário para debater o Projeto de Lei sobre
Gestão de Florestas Públicas (PL 4776/05),
na Câmara dos Deputados, o País ocupa
hoje apenas 3% do mercado global de madeira, atrás
de países como a Finlândia. Mas, segundo
ele, essa situação poderia ser revertida
com a definição de um marco legal
que garantisse o uso correto das florestas e freasse
o desmatamento, as queimadas e a grilagem de terras.
Mesmo com a ausência histórica de políticas
públicas adequadas, o setor florestal é
responsável por 4% do Produto Interno Bruto
(PIB) do País.
De acordo com o governador, o debate promovido pelas
Comissões de Meio Ambiente e da Amazônia
da Câmara e pelo Ministério do Meio
Ambiente é a chance para se começar
algo verdadeiramente novo no Brasil, invertendo
uma lógica de exportações de
matérias-primas e de produtos com baixo valor
agregado. Para Viana, o setor de florestas pode,
inclusive, fazer frente ao agronegócio. "É
preciso investir na gestão das matas tanto
quanto foi investido no desenvolvimento do agronegócio",
disse.
Durante o seminário, representantes do Ministério
do Meio Ambiente apresentaram algumas ações
do governo contra as queimadas e o desmatamento
e o conjunto de propostas do Projeto de Lei. O texto
foi enviado ao Congresso em regime de urgência
constitucional no dia 17 de fevereiro, e poderá
trancar a pauta de votações a partir
de 7 de abril. O PL prevê a disponibilização
de até treze milhões de hectares de
florestas na Amazônia para concessão
de uso sustentável, nos próximos dez
anos. Alguns municípios na região
já perderam mais de 90% de suas florestas.
De acordo com o secretário de Biodiversidade
e Florestas do MMA, João Paulo Capobianco,
o objetivo é combater a grilagem e impedir
a privatização das terras públicas.
"As matas serão mantidas em pé
e as terras continuarão sendo públicas",
disse.
Mais da metade das florestas brasileiras estão
em terras pertencentes à União, estados
e municípios. A gestão levará
ao fortalecimento do trabalho de planejar e de fomentar
a produção local e o crescimento da
indústria florestal em todo o Brasil. "O
projeto é resultado de dois anos de ampla
discussão com as comunidades, setor empresarial,
ambientalistas, cientistas e pesquisadores que incluiu
a revisão de todos os modelos de concessões
de florestas em 56 países, estudos de todos
os mecanismos de gestão dos vários
setores da economia, um seminário internacional
com 250 especialistas em florestas, além
de visitas técnicas", explicou o diretor
do Programa Nacional de Florestas do MMA, Tasso
Azevedo.
O pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente
da Amazônia (Imazon), Adalberto Veríssimo,
disse que o PL contribuirá para reduzir o
desmatamento e melhorar a imagem internacional do
País. Veríssimo destacou que pela
primeira vez um projeto que trata das florestas
brasileiras passa por uma discussão tão
ampla no Congresso, e elogiou o fato de o PL propor
o uso sustentável de terras públicas
abandonadas e que, segundo ele, ficam à mercê
dos grileiros. "A indefinição
fundiária é a grande ameaça
ao setor madeireiro e ao manejo florestal".
Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva,
o Projeto de Lei não trata apenas da exploração
das florestas para garantir o suprimento de madeira,
mas procura entender as matas como espaços
onde podem ser desenvolvidas várias atividades,
como turismo, pesquisa e extrativismo. Conforme
a ministra, não se pode esquecer dos "serviços
ambientais" prestados pelas florestas, como
a manutenção da qualidade e da quantidade
das águas, a regulação do clima,
a preservação da biodiversidade, entre
outros. "O Congresso tem a oportunidade para
fazer com aqueles que derrubam árvores e
grilam terras ilegalmente se tornem parceiros da
conservação", disse.
Marina Silva disse existe um "sentido de urgência"
pela aprovação do projeto, e, por
isso, o texto foi encaminhado para tramitação
em regime de urgência. Segundo a ministra,
as atividades ilegais estão amplamente reprimidas
com mais ações de fiscalização
e controle, o que pode levar a uma situação
de crise na próxima safra de madeira, a partir
de junho. "Precisamos de uma alternativa. Não
podemos parar as atividades produtivas em 60% do
território (área da Amazônia),
onde vivem mais de vinte milhões de brasileiros".
A ministra comentou, ainda, esperar que não
se repita na Amazônia o que ocorreu na Mata
Atlântica, onde a ausência de uma lei
regulando seu uso a uma redução drástica
nas florestas do bioma. Restam hoje menos de 8%
da área original da Mata Atlântica.
"Na Amazônia ainda se pode fazer diferente,
e a sociedade precisa de uma resposta rápida".
Durante o seminário, o presidente da Comissão
de Meio Ambiente de Desenvolvimento Sustentável
da Câmara, Luciano Castro, informou que será
instalada hoje a Comissão Especial sobre
Florestas Públicas. Também participaram
do seminário, pela manhã, o governador
do Amazonas, Eduardo Braga, a deputada Maria Helena,
presidente da Comissão da Amazônia,
e o senador João Capiberibe.
Fonte: MMA - Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom