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LÍDER INDÍGENA
CULPA GOVERNO POR DESNUTRIÇÃO
DE CRIANÇAS INDÍGENAS
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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31/03/2005 - Durante
audiência pública na Comissão
de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH) nesta quinta-feira (31), o presidente do Instituto
Americano das Culturas Indígenas do Brasil,
Davi de Oliveira, denunciou o que classificou de
"omissão" da Fundação
Nacional do Índio (Funai) e culpou o atual
presidente do órgão, Mércio
Pereira Gomes, pelo descaso, pela degradação
de direitos e "até pela morte de pessoas
por desnutrição".
Oliveira afirmou que a troca de funcionários
da Funai, que conheciam a realidade dos índios,
por funcionários da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), que não
sabem lidar com essa população, trouxe
"caos e confusão" para as aldeias.
Oliveira destacou que a Funai é o órgão
que executa a política indigenista no Brasil
e que a situação da saúde do
índio "está cada vez mais insustentável".
- Se crianças indígenas hoje estão
morrendo, é culpa da direção
da Funai. Por incapacidade da direção
do presidente da Funai atual resultou o caos, o
descaso. Os jovens estão se suicidando -
disse.
O líder indígena pediu "medidas
urgentes para que o povo indígena não
seja dizimado". Para Davi de Oliveira, é
preciso haver engajamento contra a discriminação,
os preconceitos e outras formas de intolerância.
Na sua opinião, é preciso ser implementado
um plano de ação, consolidando junto
aos índios o direito de liberdade e igualdade.
Oliveira sugeriu a criação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para apurar denúncias de conflitos
de terras com indígenas. O representante
disse ainda que os "índios têm
direito de ter apartamento, viver bem, comer bem".
O presidente da comissão, senador Juvêncio
da Fonseca (PDT-MS), afirmou que há lideranças
indígenas preparadas mesmo para assumir direção
de políticas e órgãos que tratam
dessa população. Ele informou será
divulgado em Londres relatório da Anistia
Internacional criticando a violação
dos direitos dos índios brasileiros.
O documento aponta "inconsistência das
políticas indígenas implementadas
pelo governo brasileiro" e que, apesar das
promessas de campanha, "não há
sinal de estratégia coerente" sobre
o tema. De acordo com o senador, o documento diz
que a "administração atual repete
até agora erros e omissões dos governos
passados".
Entre as recomendações do documento,
observou, estão a criação de
um Conselho Superior de Política Indigenista
e a elaboração de um novo Estatuto
do Índio, que elimine empecilhos burocráticos
e legais na demarcação de terras indígenas.
Juvêncio afirmou que são medidas defendidas
pela CDH.
A presidente da organização não-governamental
(ONG) Recove, Roseli Maria Ruiz Silva, afirmou que
sempre procurou o diálogo com os indígenas
e que criou a ONG quando a fazenda dela foi invadida
por índios. Disse ainda que atos de violência
têm sido praticados por pessoas que se dizem
índios, mas que não são reconhecidas
entre os moradores da região.
Segundo Roseli, os Guarani-Kaiowás estão
"em situação miserável
no Mato Grosso do Sul" e hoje há índios
armados invadindo fazendas. A fazendeira criticou
também a atuação do Conselho
Missionário Indigenista (Cimi).
- Os cidadãos da região vivem em terror
por ineficácia dos poderes constituídos
- aleertou Roseli.
Fonte: Agência Senado (www.senado.gov.br)
Assessoria de imprensa