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PROGRAMA INVESTE EM FLORESTAS
PLANTADAS NO BRASIL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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Lançamento
comemora 100 anos de silviculura no Brasil
30/03/2005 A ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, e o vice-presidente
da República, José Alencar, participaram
nesta quarta-feira, no auditório da CNI,
em Brasília, do lançamento do Programa
de Investimento BB Florestal para promover o fomento
de florestas plantadas no País. O programa
é resultado de um Acordo de Cooperação
Técnica entre os ministérios do Meio
Ambiente, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário,
que prevê a liberação pelo Banco
do Brasil de R$ 225 milhões no período
de cinco anos a partir de 2005. O lançamento
fez parte das comemorações dos 100
anos de florestas plantadas no Brasil, promovida
pela Associação Brasileira de Florestas
Plantadas (Abraf).
Durante o evento, a ministra também assinou
portaria criando o Fórum Nacional Socioambiental
do Setor de Florestas Plantadas, que tem como objetivo
servir de espaço de interlocução
para debater, propor e divulgar informações
relacionadas ao desenvolvimento do setor.
Participaram do evento, o governador do Acre, Jorge
Viana, representantes do Ministério da Agricultura
e o vice-presidente do Banco do Brasil, Ricardo
Conceição.
Em seu discurso (veja íntegra, abaixo), a
ministra lembrou que as primeiras iniciativas de
reflorestamento no País começaram
no século 18. José Bonifácio,
o Patriarca da Independência, já esboçava
as primeiras propostas de reflorestamento com a
finalidade de contenção de encostas
e D. Pedro II, vislumbrou a importância de
recompor a cobertura florestal para proteger a água
e determinou o plantio da Floresta da Tijuca, hoje
uma das maiores florestas urbanas do mundo .
Marina Silva afirmou, ainda que , desde o início
do governo, o presidente Lula deu prioridade as
atividades do setor de florestas e comparou os investimentos
no setor. De acordo com ela, em 2002 os investimentos
foram de R$ 2 milhões, mas saltaram para
R$ 20 milhões em 2004, serão de R$
50 milhões este ano e chegarão a R$
100 milhões em 2006. Também aumentamos
significativamente a parte de assistência
técnica para o setor que era praticamente
inexistente. No ano passado já conseguimos
beneficiar com assistência técnica
cerca de 8 mil famílias e este ano chegaremos
a 15 mil famílias , anunciou a ministra.
Marina Silva falou, ainda, das iniciativas do ministério
que conseguiram evitar o apagão florestal,
atingindo a marca de 470 mil hectares de florestas
plantadas em 2004. A expectativa, segundo ela, é
que esse ano a área plantada chegue a 500
mil hectares, suprindo, assim, a necessidade de
madeira e evitando o apagão.
Em entrevista, a ministra disse que, além
do Ministério do Meio Ambiente ter a responsabilidade
institucional pela política florestal, o
setor, ao longo dos anos, acumulou conhecimento,
tecnologia, experiência e, sobretudo, um novo
paradigma de que floresta não é apenas
plantio de árvore. Nós estamos criando
floresta. E isso é bom para o setor, nos
dá maior competitividade. Ficar no MMA com
o conceito de floresta é bom do ponto de
vista econômico, social e ambiental. E essa
é uma escolha que eu percebo que, cada vez
mais, o setor está fazendo . Segundo Marina
Silva, no Ministério do Meio Ambiente o plantio
de floresta agrega o valor social e ambiental. Quando
você planta árvore como se fosse apenas
agricultura, nós perdemos, com certeza, esse
diferencial de qualidade , disse.
Para a ministra, a ausência de um marco legal
adequado impediu maiores investimentos no setor.
Segundo ela, o Brasil nunca teve uma lei de gestão
de floresta. Essa é uma iniciativa do nosso
governo que está agora sendo debatida no
Congresso. E gestão de florestas não
é apenas ter regras para extrair madeira.
Gestão de floresta significa perceber a floresta
como um espaço de conservação
de biodiversidade, um espaço de prestação
de serviços ambientais, um espaço
onde você pode ter usos múltiplos e,
também, como suprimento de madeira. , disse
a ministra. A ausência de um fomento a altura
do setor, que representa 4% do PIB do País,
de acordo com Marina Silva, está sendo resolvida
com o projeto de lei de Gestão de Florestas,
que cria o Serviço Florestal Brasileira e
um Fundo para o fomento das atividades florestais
produtivas.
Veja a seguir
a íntegra do discurso da ministra:
Senhoras e Senhores,
Ainda no século 18 José Bonifácio,
o Patriarca da Independência, já esboçava
as primeiras propostas de reflorestamento com a
finalidade de contenção de encostas.
Já Dom Pedro II, vislumbrou a importância
de recompor a cobertura florestal para proteger
a água e determinou o plantio da Floresta
da Tijuca, hoje uma das maiores florestas urbanas
do mundo.
Foi, contudo, no início do século
20 que se iniciou um processo sistemático
e perseverante de desenvolvimento da Silvicultura
moderna do Brasil.
A comemoração do centenário
da Silvicultura no Brasil é um reconhecimento
à obstinados pioneiros como Navarro de Andrade,
que iniciaram com os experimentos de Rio Claro um
dos primeiros processos estruturados de constituição
de cadeias produtivas em bases sustentáveis
no Brasil.
Desde aquele início de século, foram
constituídos mais de 20 mil hectares de experimentos
e investidos mais de US$ 500 milhões no desenvolvimento
cientifico e tecnológico que tornaram a silvicultura
brasileira para fins de produção uma
das mais competitivas do mundo.
Este esforço também permitiu ao país
desenvolver técnicas de reflorestamento para
recuperação de áreas degradadas
que estão entre as mais elaboradas e eficazes
do planeta.
Também a forma de promoção
deste desenvolvimento foi inovadora.
Com o objetivo de desenvolver a Silvicultura as
primeiras parcerias universidade-empresa no Brasil
foram estabelecidas na década de 60.
O Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais IPEF
de Piracicaba/SP, a Sociedade de Investigações
Florestais SIF de Viçosa e a FUPEF Fundação
de Pesquisa e Estudos Florestais da Universidade
Federal do Paraná são exemplos destas
parcerias deram enorme contribuição
para estruturar a silvicultura brasileira e a indústria
a ela associada.
Das florestas plantadas do Brasil hoje se obtém
produtos madeireiros e não madeireiros que
beneficiam diversas cadeias produtivas.
As florestas plantadas, tanto as de uso comercial
como aquelas com o fim de proteção,
recuperação ou recomposição
de áreas degradadas, cumprem direta ou indiretamente
uma função importante de proteção
da biodiversidade, prevenção e controle
de incêndios, proteção da água
e do solo em situações frágeis
e captação de carbono entre outros
serviços.
O desenvolvimento da Silvicultura do Brasil esteve
associada de forma marcante a dois fatores:
- a intervenção forte do estado brasileiro
através de pesados programas de incentivo
fiscal e financiamento público; e
O estabelecimento de cadeias produtivas altamente
verticalizadas e concentradas.
Este processo produziu excelentes resultados mas
também deixou lacunas fundamentais:
O país de maior biodiversidade do planeta
pouco desenvolveu a silvicultura de suas espécies
nativas.
A participação dos pequenos produtores
é pequena o que desfavorece a distribuição
de renda e benefícios; e
COnflitos socioambientais relacionados ao desenvolvimento
da silvicultura não são raros.
No final dos anos 80, o fim dos incentivos fiscais
e a conjuntura econômica instável e
recessiva provocaram o desestimulo a investimentos
de longo prazo.
O plantio de florestas foi reduzido drasticamente
enquanto o consumo aumentava expressivamente.
Sr Presidente,
Entre 11000 e 2002 a área florestal do Brasil
caiu de cerca de 7 milhões de ha de florestas
plantadas para pouco menos de 5 milhões de
hectares plantados.
Em 2002, estávamos colhendo 500 mil hectares
de florestas e plantando pouco mais de 320 mil.
O quadro era de eminência de um APAGÃO
FLORESTAL.
Foi neste quadro dramático que ao assumirmos
o governo em 2003 o Programa Nacional de Florestas
virou uma das prioridades do presidente Lula.
Definimos uma agenda de trabalho orientada para
atingir a meta de ampliar a área de plantio
anual de 320 mil para 500 mil hectares até
2007, dando ênfase na recuperação
de áreas já degradadas e ampliação
da participação de pequenos produtores.
Trabalhamos com afinco nesta agenda.
Criamos 3 novas linhas de crédito para a
atividade florestal e adaptamos as regras das outras
duas existentes.
Como resultado, a tomada de crédito subiu
de R$ 2 milhões em 2002 para mais de 20 milhões
em 2004 e deverá chegar a R$ 50 milhões
em 2005 com uma projeção de R$ 100
milhões para 2006.
A assistência técnica até então
inexistente para atividades florestais atingiu já
em 2003, mais de 8 mil produtores e em 2005 atingirá
15 mil famílias.
No tocante a regulamentação da atividade
de silvicultura, simplificamos fortemente as regras
através da Instrução Normativa
08 de 2004 que tornou livre o plantio, manejo e
colheita de espécies exóticas, respeitando-se
os limites impostos pelo código florestal.
Para promover o fomento das atividades florestais
em bases sustentáveis, enviamos ao Congresso
Nacional, em regime de urgência constitucional,
o Projeto de Lei 4776 que regulamenta a gestão
de florestas públicas e cria na estrutura
do Ministério do Meio Ambiente o Serviço
Florestal Brasileiro e o Fundo Nacional de Desenvolvimento
Florestal, que será formado por recursos
oriundos de concessões de manejo florestal
em florestas públicas.
Com este trabalho ampliamos a área de plantio
florestal anual de 320 mil hectares em 2002 para
475 mil em 2004 e ainda em 2005 estaremos superando
a de 500 mil ha planejada para 2007.
E, mais importante, a proporção de
plantio realizada por pequenos produtores dobrou.
Nunca, Sr presidente, nem nos períodos mais
generosos do incentivo fiscal, O Brasil plantou
mais florestas do que nos últimos dois anos.
É sem dúvida uma vitória do
Brasil e uma conquista do setor produtivo brasileiros.
Mas precisamos ir além, porque temos muito
mais potencial. Precisamos desenvolver as plantações
florestais com as espécies brasileiras e
promover os plantios agroflorestais que maximizem
os benefícios para as pequenas propriedades.
Por isso, o MMA em parceria com o Ministério
do Desenvolvimento Agrário, o Ministério
da Ciência e Tecnologia e o Ministério
da Agricultura estão finalizando um plano
estruturante, ousado e de longo prazo para desenvolver
a Silvicultura de Espécies Nativas e Agrofloresta
no Brasil.
Senhor Presidente,
Ao longo destes últimos dois anos fui algumas
vezes questionada: - Ministra Marina, porque tanta
atenção para este setor? Plantio de
árvores não é floresta.
Estas indagações me fazem lembrar
de uma frase dita na última reunião
da CONAFLOR pelo representante da Associação
Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal:
Peixe é peixe, boi é boi e peixe boi
é outra coisa.
Da mesma forma, floresta é floresta; plantio
de árvores é plantio de árvore;
e floresta plantada é outra coisa.
Floresta Plantada é o plantio de árvores,
acrescido de valores ambientais, sociais, culturais,
tecnológicos e econômicos.
É a aplicação da soma de conhecimentos
gerados pelas universidades, instituições
de pesquisas, empresas, com investimentos de mais
de 500 milhões de dólares, ao longo
dos últimos 35 anos e que contou com a ativa
participação de centenas de pesquisadores
especializados e milhares de produtores determinados.
Plantios de árvore, de soja, de milho, de
arroz, de feijão e outros são realmente
muito semelhantes.
As Florestas Plantadas se diferenciam pela menor
intensidade no uso do solo e no uso de defensivos,
pelos ciclos mais longos, a manutenção
de Áreas de Preservação Permanente,
a integração com as Áreas de
Reserva Legal, a manutenção as áreas
protegidas na constituição de corredores
ecológicos, a implantação de
procedimentos de colheita de baixo impacto, a promoção
do uso múltiplo dos produtos e serviços,
o forte investimento na qualificação,
segurança e saúde dos trabalhadores
e a ação integrada e construtiva junto
à comunidade do entorno através de
programas educacionais e de fomento.
Estes plantios de árvores implantados e manejados
seguindo os princípios da sustentabilidade
são realmente outra coisa.
A silvicultura brasileira tem muitos exemplos dessa
natureza e é por isso também que o
Brasil tem enormes oportunidades para se tornar
um grande produtor florestal em nível internacional.
O Fórum Socioambiental de Florestas Plantadas
que estamos criando hoje tem como objetivo principal
remediar os impactos do plantio de árvores
em larga escala, promover e multiplicar os benefícios
das exitôsas experiências de desenvolvimento
social e ambiental das florestas plantadas.
Senhores e senhoras,
Dizem que para completar o ciclo da vida devemos
escrever um livro, ter filhos e plantar uma árvore.
Neste evento hoje reunimos uma grupo obstinado de
pessoas que não se contentam em plantar uma
árvore, nem duas, nem mil. Porque não
são plantadores de árvores, são
criadores de florestas plantadas.
E nosso dever é
apoiá-los.
Parabéns a todos!
Fonte: MMA - Ministério
do Meio Ambiente (www.mma.gov.br)
Ascom