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RELATÓRIO PEDE COMBATE
À CONCESSÃO IRREGULAR DE TERRAS
NO PARÁ
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Março de 2005
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29/03/2005 - O combate
às irregularidades na concessão de
títulos de propriedade de terra por cartórios
situados no Pará é uma das medidas
sugeridas pelo senador Demóstenes Torres
(PFL-GO), relator da comissão externa do
Senado criada para acompanhar as investigações
sobre o assassinato da missionária Dorothy
Stang, em Anapu (PA). O relatório está
sendo discutido em reunião reservada e deve
ser votado ainda hoje (29) pelos integrantes da
comissão.
"Em primeiro lugar, vamos pedir um combate
intenso ao que podemos chamar de pirataria da documentação,
um verdadeiro esquema de fraudes que existe nos
cartórios do Pará para esquentar documentos",
adiantou Demóstenes. Segundo ele, "a
rede de fraudes no Pará é acobertada
por cartórios da região". De
acordo com o senador, trata-se de títulos
de propriedade "falsos ou emitidos, por exemplo,
para 100 hectares e, que, ao longo dos anos, são
transformados em 25 mil hectares, cem mil hectares".
Há três anos, o Cartório de
Registro de Imóveis de Altamira está
sob intervenção, por exemplo. A medida
foi decretada a pedido do Ministério Público
Federal do estado, sob acusação de
o cartório reconhecer documentos irregulares
para emitir títulos de propriedade.
O senador Demóstenes Torres disse que também
defende, no relatório, a adoção
de medidas contra a ocupação ilegal
de terras no Pará. "É preciso
que haja a titulação de quem tem direito
a ser titulado, com documento próprio, pertinente,
transformar proprietário aquele que hoje
é posseiro, assim como a expulsão
de grileiros porque quem está indevidamente
na área não deve permanecer".
Para o senador, essas medidas devem ser tomadas
tanto em âmbito federal como estadual. "A
responsabilidade deve ser dividida".
O relator também pede rapidez no mapeamento
da área do estado do Pará. "Deve
haver uma demarcação séria,
célere, das áreas indígenas,
das áreas de preservação ambiental;
daquelas em que não deve ter presença
humana; das que podem ter presença humana
com exploração de atividades, apenas
do que a floresta pode oferecer; e aquelas áreas
onde a atividade econômica deve ser plena,
especialmente naquelas áreas que já
foram desmatadas", afirmou.
Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros no
dia 12 de fevereiro em Anapu (PA). A missionária
já havia sido alvo de várias ameaças
de morte em função de sua luta contra
os conflitos agrários e a grilagem de terra
no Pará. Norte-americana naturalizada brasileira,
a freira defendia os trabalhadores rurais da região
e lutava pela preservação do meio
ambiente.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Juliana Andrade