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COLONOS VÃO À
AMAZÔNIA EM BUSCA DE TERRAS BARATAS
PARA PECUÁRIA EXTENSIVA
Panorama
Ambiental
Apuí (AM) – Brasil
Abril de 2005
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08/04/2005 Apuí
(AM) – O pecuarista André Schmidt chegou
em Apuí, na Amazônia, há um
ano, vindo de Maravilha, em Santa Catarina. Junto
com três famílias do oeste catarinense,
decidiu investir na criação de gado
e comprou 280 hectares de terra – ou de pasto, como
prefere dizer, porque "terra pública
não se vende". Lá, segundo Schmidt,
cada alqueire custou R$ 8 mil reais, enquanto em
sua cidade natal, o alqueire não sairia por
menos de R$ 30 mil.
A Constituição Federal estabelece
que o governo pode distribuir a particulares lotes
de até 2.500 hectares, mas uma norma técnica
do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) fixa o limite de 100 hectares para a Amazônia
Legal. Mesmo assim, casos como o de Schmidt são
comuns. O pecuarista José Pinto Sobrinho,
por exemplo, ocupa irregularmente 300 hectares de
terra dentro do projeto de Assentamento Juma, o
maior da América Latina, onde cria 800 cabeças
de gado. "Eu não me considero um grileiro,
porque produzo na terra. Grileiro é quem
vende o terreno", disse ele, durante participação
da consulta pública do Plano de Desenvolvimento
Regional para a Área de Influência
da Rodovia BR-163 Sustentável (Cuiabá-Santarém),
em Apuí.
"O problema é que o colono vem do Centro-Sul
para cá, convicto de que irá prosperar
por meio da pecuária extensiva", analisa
o chefe de gabinete do Incra no Amazonas, Lúcio
Carril. Schmidt diz que o governo não oferece
condições para que os produtores de
Apuí trabalhem dentro da legalidade. "Se
eu quiser fazer uma derrubada autorizada ou aprovar
um plano de manejo, terei que pegar um avião
para ir até o Ibama de Humaitá ou
Manaus. Não há vôos todos os
dias e a passagem é cara", criticou.
Virgílio Ferraz, chefe da Divisão
Técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
no Amazonas, informou que ainda neste semestre o
Ibama montará uma base em Apuí. "Provavelmente
usaremos uma sala cedida pelo Incra e contrataremos
dois técnicos para permanecerem na cidade",
revelou Virgílio.
O município de Apuí foi criado em
1988, como conseqüência da implantação
do Projeto de Assentamento Juma, o maior da América
Latina. Segundo dados do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra), o PA Juma tem
689 mil hectares e capacidade de assentar 7.500
famílias. Hoje as estimativas de população
no projeto variam de 3.000 a 5.500 famílias.
Fonte: Radiobras – Agência
Brasil (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi