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ISA RECEBE REPRESENTANTES
DA CBA E CNEC ENGENHARIA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2005
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07/04/2005 A pedido
da CNEC Engenharia, empresa que está elaborando
o EIA/Rima da Usina Hidrelétrica de Tijuco
Alto, representantes do ISA expuseram suas opiniões
sobre o projeto de construção de barragens
no rio Ribeira de Iguape e sobre o documento que
está sendo elaborado.
A reunião foi realizada na sede do ISA em
São Paulo, em 5/4/ e teve como objetivo ouvir
a opinião do instituto sobre o projeto de
construção da Usina Hidrelétrica
de Tijuco Alto, obra que a Companhia Brasileira
de Alumínio – CBA - pretende instalar na
calha do rio Ribeira de Iguape, entre os municípios
de Ribeira/SP e Adrianópolis/PR, para aumentar
a oferta de energia para sua planta industrial instalada
em Alumínio/SP.
A obra é motivo de grande contestação
por parte do movimento ambientalista e dos movimentos
sociais do Vale do Ribeira, principalmente das comunidades
quilombolas. Projetada na década de 1980,
trata-se de um conjunto de quatro barragens previstas
para o rio, aprovadas no estudo de inventário
realizado pela Companhia Energética de São
Paulo (CESP) - Tijuco Alto, Funil, Itaoca e Batatal.
Se construídas, irão inundar uma área
de cerca de 11 mil hectares, incluindo Unidades
de Conservação tais como o Parque
Estadual Turístico do Alto Ribeira/SP (Petar),
o Parque Estadual da Serra do Mar/ SP, o Parque
Estadual de Jacupiranga/SP, o Parque Estadual das
Lauráceas/ PR), partes de cidades, como o
centro histórico da cidade de Iporanga, e
áreas de comunidades de remanescentes de
quilombos – algumas delas recentemente tituladas.
O ISA acompanha o desenvolvimento do projeto há
vários anos, produzindo e divulgando informações
e análises críticas. Desde a década
de 11000 vem, junto com outras ONGS, movimentos
sociais e especialmente o Movimento dos Ameaçados
por Barragens (MOAB) lutando contra o projeto de
construção de barragens na região,
por acreditar que trará imensos prejuízos
para as comunidades quilombolas e para as Unidades
de Conservação da região. A
própria integridade do rio está em
risco, o que poderá vir a afetar o sistema
estuarino-lagunar de Iguape-Cananéia, declarado
Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO,
com prejuízos ambientais e sociais para as
milhares de famílias caiçaras que
dependem da fartura de pescado na região
para sua sobrevivência.
A primeira das quatro usinas previstas a passar
pelo licenciamento ambiental é Tijuco Alto,
cujo processo se arrastou por mais de dez anos até
ser devolvido pelo Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
por insuficiência de informações.
No ano passado o processo foi reiniciado, e um novo
EIA/Rima está em elaboração.
Durante a reunião, a CBA informou que o projeto
sofreu algumas pequenas alterações,
como a localização da casa de máquinas
no próprio eixo da barragem, o que evitaria
a existência de um trecho “seco” do rio logo
abaixo do município de Ribeira. Na opinião
do ISA, entretanto, isso em nada altera as bases
do projeto, que a rigor pretende se utilizar de
um bem público (o rio Ribeira de Iguape)
e causar impactos socioambientais para o exclusivo
aproveitamento de um empresa privada. Ou seja, a
utilização da energia produzida apenas
aumentaria a produção de alumínio
da empresa, com benefícios discutíveis
e pouco duradouros para a região.
Mas a principal crítica do ISA ao projeto
se concentrou na estratégia de licenciamento
isolado de Tijuco Alto, sem levar em consideração
as demais barragens projetadas. Embora o Ibama tenha
exigido que o EIA contemple a possibilidade de existência
das outras três barragens, o licenciamento
continua sendo exclusivamente de Tijuco Alto. Tal
como foi colocado por dezenas de organizações
durante a visita da ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, ao Quilombo de Ivaporunduva, em março,
o ISA defende que as barragens do Ribeira de Iguape
se enquadrem já no novo modelo do setor elétrico,
e que a avaliação ambiental seja única
e integrada. Essa demanda, no entanto, ainda não
foi respondida pelo governo federal.
Independentemente do que decidir o Ibama quanto
à necessidade de licenciamento conjunto das
quatro barragens, o ISA acompanhará o desenrolar
do estudo de impacto ambiental de Tijuco Alto, até
para que não se repitam casos deploráveis
como o de Barra Grande.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Raul Silva Telles do Vale)