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CAMPANHA VAI ESCALRECER
EFEITOS TÓXICOS DO MERCÚRIO
PARA SAÚDE HUMANA E MEIO AMBIENTE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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14/04/2005 Pesquisadores
do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), vinculado
ao Ministério da Ciência e Tecnologia
(MCT), lançaram nesta quarta-feira (13),
em Brasília, uma campanha de esclarecimento
sobre os efeitos tóxicos no meio ambiente
e na saúde humana, decorrentes da utilização
de mercúrio em garimpos de ouro.
O lançamento da campanha aconteceu no auditório
do MCT e reuniu, durante o dia de hoje (13), cerca
de 70 pessoas, entre elas, representantes dos ministérios
de Minas e Energia (MME), Meio Ambiente (MMA) e
da Saúde (MS), e a Agência Nacional
de Águas (ANA), assim como de outras instâncias
do governo federal, autoridades do governo do estado
do Pará, professores de universidades federais
e mineradores.
Em julho, a campanha será levada para a região
da reserva de ouro do Tapajós, no Pará.
“Nosso objetivo é esclarecer a população
garimpeira de ouro sobre os efeitos tóxicos
do mercúrio para a saúde humana e
o meio ambiente, visando à prevenção
de exposições ocupacionais e ambientais”,
explicou a pesquisadora do Cetem, Zuleica Castilhos,
coordenadora da campanha.
A divulgação será veiculada
em programas de rádio e utilizará
literatura de cordel e material impresso, como cartilhas.
Na opinião de Castilhos, a educação
é a forma mais eficaz de evitar as consequências
do uso mercúrio. Embora seu emprego tenha
sido proibido em garimpos de ouro desde 1989 (exceto
em áreas licenciadas), por meio do decreto
n.97.507, ele continua sendo largamente utilizado
devido à falta de uma fiscalização
permanente.
O alto grau de informalidade da atividade garimperia
no Brasil, somado ao tamanho das reservas, dificultam
o controle. A reserva garimpeira de ouro do Tapajós,
por exemplo, tem uma área de aproximadamente
30.000 km2, maior do que o estado de Alagoas, que
mede cerca de 29.000 km2.
Atualmente, a pequena mineração tem
sido vista como uma das estratégias para
se atingir a meta do milênio de redução
da pobreza no mundo, mas é preciso, urgentemente,
a partir de mudanças no processo de beneficiamento
do ouro, reduzir a poluição ambiental
provocada pela emissão de mercúrio
no meio ambiente.
Em Itaituba (PA), a mineração é
a atividade econômica mais importante do município.
O secretário do Meio Ambiente municipal,
Sérgio Aquino, afirmou que a atividade de
extração e beneficiamento do ouro,
segundo dados da Receita Federal, movimentou, no
ano passado, cerca de R$ 100 milhões. Mas
se for levada em conta toda a atividade informal
envolvida, Aquino estima que esse valor pode duplicar.
Além disso, envolve o trabalho de 70 mil
pessoas.
Para que a campanha alcance seus objetivos, Castilhos
enfatizou que é preciso refletir sobre a
capacidade de cada uma das instituições
envolvidas com a atividade mineral no Brasil, identificando
possíveis parcerias.
A pesquisa
A campanha é
a segunda etapa da pesquisa Remoção
de Barreiras para a Introdução de
Tecnologias Limpas de Mineração Artesanal
e Extração de Ouro, que integra o
Projeto Mercúrio Global, coordenado pela
Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
A primeira etapa da pesquisa, coordenada pelo Cetem,
envolveu um diagnóstico ambiental e de saúde
dos moradores de duas comunidades da Reserva Garimpeira
da Bacia do Tapajós (Creporizinho e São
Chico, localizados no município de Itaituba,
no Pará). O trabalho contou com a participação
do Instituto Evandro Chagas, vinculado à
Fundação Nacional de Saúde.
Segundo o pesquisador do Cetem, Saulo Rodrigues,
coordenador técnico desse trabalho de avaliação
ambiental e de saúde, a cada grama de ouro
produzido na região são emitidas cerca
de duas gramas de mercúrio para o meio ambiente.
Somente nas duas comunidades estudadas, estima-se
que nos últimos 15 anos foram emitidas cerca
de 37 toneladas do metal para a atmosfera e rios.
A cianetação (processo que utiliza
compostos de cianeto para facilitar a extração
e a posterior concentração do ouro)
e as queimadas em áreas próximas de
onde é realizado o beneficiamento do ouro,
são fatores que aumentam a mobilidade do
mercúrio na região, contaminando outras
áreas.
Fonte: Ministério da Ciência
e Tecnologia (www.mct.gov.br)
Assessoria de imprensa (Andrea Vilhena)