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CHINA PRODUZ ARROZ TRANSGÊNICOS
ILEGAL E CONTAMINA SUA PRODUÇÃO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2005
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14-04-2005 - Pequim
(China) O Greenpeace denunciou ontem, na China,
o plantio ilegal de uma variedade de arroz chinês
transgênico e exigiu sua imediata retirada
do mercado internacional. As conseqüências
do arroz transgênico para o meio ambiente
e para a saúde humana não foram avaliadas
e as exportações chinesas de arroz
podem ter sido contaminadas pela variedade ilegal.
A equipe de investigação do Greenpeace
descobriu um arroz transgênico sendo cultivado
e comercializado ilegalmente, sem registro junto
às autoridades daquele país, na província
chinesa de Hubei. Produtores de semente e agricultores
afirmam que as sementes foram cultivadas nos últimos
dois anos. Amostras coletadas em empresas de sementes,
cerealistas e fazendas foram testadas pelo laboratório
internacional Genescan que confirmou a presença
de transgênicos em várias amostras.
O Ministério da Agricultura da China afirmou
em nota que abriu uma investigação
por meio da Secretaria de Agricultura da Província
de Hubei, e que medidas serão tomadas de
acordo com a lei chinesa de biossegurança.
“As corporações de transgenia estão
fora de controle, somos suas cobaias”, disse Sze
Pang Cheung do Greenpeace China. “Um pequeno grupo
de cientistas está brincando com o mais importante
alimento do mundo e sujeitando os consumidores chineses
a um inaceitável experimento” completou.
As amostras analisadas e os relatórios de
campo apontam para um arroz inseticida, modificado
geneticamente para produzir uma toxina da bactéria
Bacillus thuringiensis, Bt, que confere à
planta resistência a insetos. Os técnicos
do Greenpeace estimam que entre 950 a 1200 toneladas
de arroz transgênico foram colhidos no ano
de 2004, e que mais de 13.500 toneladas podem entrar
no mercado esse ano se nenhuma ação
for tomada.
De acordo com a cientista da Unidade Científica
do Greenpeace Internacional, Dra. Janet Cotter,
esse problema exige do governo uma medida imediata,
“existem evidências muito fortes de que o
arroz transgênico Bt pode causar reações
alérgicas no consumidor. Já foi demonstrado
que a proteína inseticida (chamada Cry1Ac)
pode ter induzido à reação
alérgica em ratos (1). Até o momento,
não existe nenhum teste de segurança
com o arroz transgênico Bt realizado em seres
humanos”.
“O total descontrole sobre a introdução
de plantas transgênicas, como fica mais uma
vez evidente, mostra os graves riscos que o meio
ambiente e os consumidores estão correndo”,
disse o engenheiro agrônomo do Greenpeace
Brasil, Ventura Barbeiro. Para ele, esse caso de
contaminação lembra a incapacidade
de os governos brasileiro e norte-americano em lidar
com a introdução ilegal de sementes
transgênicas. “Nos Estados Unidos, em 2001,
houve a necessidade de recolher o milho StarLink
que causou graves problemas e, em 2005, surge o
escândalo da comercialização
acidental de uma variedade de milho não aprovada
nos EUA e de arroz na China. Ao longo de sete anos,
o governo brasileiro mostrou uma total incapacidade
de lidar com a contaminação genética,
pois até hoje não houve a realização
de um estudo de impacto ambiental da soja transgênica”,
completou Barbeiro.
O milho transgênico StarLink, apesar de autorizado
apenas para consumo animal, contaminou toda a cadeia
de produção de alimentos norte-americana,
obrigando a retirada de mais de 200 marcas de alimentos
dos supermercados. Isso causou um prejuízo
de mais de um bilhão de dólares. A
denúncia de comercialização
“acidental”, durante quatro anos, de uma variedade
de milho transgênico não autorizado,
produzido pela Syngenta foi feita este ano. A possibilidade
de contaminação do milho exportado
à Europa gerou fortes reações
por parte da União Européia.
Esse caso de contaminação na China
poderá causar graves problemas para os exportadores
chineses segundo Sze, “A china é o maior
exportador de arroz do mundo e nossos clientes como
Japão, Coréia, Rússia e Europa
têm forte rejeição aos alimentos
transgênicos”.
NOTA:
(1) Moreno-Fierros, L., García, N.,
Gutiérrez, R., López-Revilla, R. &
Vázquez-Padrón, R.I.2000. Intranasal,
rectal and intraperitoneal immunization with protoxin
Cry1Ac from Bacillus thuringiensis induces compartmentalized
serum, intestinal, vaginal and pulmonary immune
responses in Balb/c mice. Microbes and Infectection
2: 885-890 and references therein.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa