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COMPROVADA A EFICIÊNCIA DO BIOSSÓDIO NO EUCALIPTO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005

13/04/2005 O destino do lodo que surge a partir do tratamento de resíduos líquidos domésticos, comerciais e industriais, nas estações de tratamento de esgoto, volta à ordem do dia. A grande dúvida que atormenta muita gente e, principalmente, os ecologistas, é o que fazer com ele. Jogá-lo nos rios, contribuindo, assim, para a poluição?
A tecnologia tem a resposta! O lodo tratado e que passa a se chamar biossólido, pode contribuir para a sustentabilidade de florestas plantadas. A tese de doutorado do pesquisador Marcelino Guedes, de 32 anos, da Embrapa Amapá, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, defendida em fevereiro deste ano, comprova isso.
Durante os três primeiros anos de pesquisa na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo, em Piracicaba, ficou comprovado que a partir do plantio de eucaliptos com o biossólido, o desenvolvimento da planta foi muito maior, principalmente na fase inicial. Já do terceiro para o quinto ano houve maior desenvolvimento das árvores que receberam adubação mineral completa. Ou seja: nitrogênio, fósforo, potássio, calcário e micronutrientes.
Outra constatação importante no estudo do pesquisador Marcelino Carneiro Guedes é que a aplicação do biossólido contribuiu para o aumento de nutrientes como o cálcio, fósforo e o zinco, no solo, na forma disponível às plantas.
Mas as vantagens não ficaram por aí. O uso do biossólido na primeira fase do estudo representou uma economia significativa na adubação: não foi preciso o uso de calcário, nitrogênio e micronutrientes. "O biossólido foi determinante para o desenvolvimento do cultivo, em todos os aspectos", garante o pesquisador.
O biossólido é mais recomendado para o cultivo de cana-de-açúcar, à produção de álcool anidro; e de eucaliptos, que é usado na fabricação de papel e de móveis. Rico em nutrientes, ele também pode ser usado de forma controlada em culturas alimentares. O controle e o cuidado na aplicação são sempre necessários, pois o biossólido pode conter metais pesados e ser um veículo transmissor de patógenos causadores de verminoses e viroses.

Avanço nas Pesquisas

Vem da China antiga o uso de dejetos humanos na agricultura. Lá, os orientais utilizavam os dejetos sem qualquer tratamento. No ocidente, os resíduos sanitários começaram a ser utilizados na agricultura com mais intensidade a partir de 1900, quando a Inglaterra enfrentou uma epidemia de cólera de proporções alarmantes.
Nos Estados Unidos, o avanço do biossólido é grande. Em 1998, por exemplo, quase 50 por cento do lodo produzido foi tratado e utilizado em sistemas agroflorestais. Aqui no Brasil, as pesquisas para o aproveitamento do biossólido na agricultura iniciaram na década de 1980, com os pesquisadores Wagner Bettiol e Paulo de Campos Torres de Carvalho. Mas os estudos na área florestal são recentes. Eles começaram em 1998, através de um grupo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz".

Alerta

No estado do Amapá, apenas os municípios de Macapá, Amapá, Calçoene, Oiapoque, Mazagão e Santana, têm 111 quilômetros de rede coletora de esgoto. Em Macapá, que sozinha tem 89 quilômetros de rede, somente 23 mil residências são conectadas ao serviço de esgoto. No entanto, somente a capital dispõe de estação de tratamento, que recebe também, todo dia, 96 metros cúbicos de dejetos recolhidos por seis empresas limpa-fossa. Elas pagam R$ 1,00 por metro cúbico.
Essa estação, de acordo com o diretor técnico da Companhia de Água e Esgoto do Amapá-Caesa, João Batista Bosque Gomes, que é engenheiro sanitarista, tem capacidade máxima para receber 237 de litros d'água por segundo. Já tratados, são devolvidos, ao rio Amazonas, o maior do mundo em volume d'água, 60 de litros por segundo. O lodo que surge dos dejetos, sem tratamento, de acordo com o diretor da Caesa, é jogado, de 8 em 8 anos, em média, no próprio rio.
Em Macapá, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, toda a área do rio Amazonas no balneário do bairro Perpétuo Socorro está imprópria para banho. Em julho de 2004, quando foi feito o último monitoramento, o índice de coliformes fecais foi maior do que 1.100 colônias para cada 100 mililitros. O número máximo de colônias de coliformes fecais permitido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conama, é 800.
A única empresa de reflorestamento que opera no estado e que poderia utilizar o biossólido no plantio de eucalipto, é a Amapá Florestal e Celulose Ltda - Amcel. A empresa, que está instalada no município de Santana, a 25 quilômetros do centro de Macapá, não tem projeto para trabalhar com o biossólido, segundo o gerente de ambiência florestal, Renato Ribeiro.
A Amcel, braço da multinacional International Paper, com sede no Brasil em Mogi Guaçu, São Paulo, planta eucalipto no Amapá nos municípios de Porto Grande, Itaubal do Piriri, Ferreira Gomes e Macapá. A empresa exporta para os Estados Unidos e Europa o cavaco do eucalipto, que é a madeira cortada em pequenos pedaços. Internamente, é comercializado a casca da árvore, chamada de biomassa, para uso em caldeira como fonte de energia.

Serviço
Tese: Ciclagem de Nutrientes após Aplicação de Lodo de Esgoto sobre Latossolo Cultivado com Eucalyptus Grandis
Titulação: Doutorado
Autor: Pesquisador Marcelino Guedes
Instituição: Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo
Local: Piracicaba
Período: Fevereiro de 2005
Financiamento: Sabesp e Fapesp
Parceria: Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais
Mais informações: (96) 241-1551/r 217 - marcelino@cpafap.embrapa.br

Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Fernando Sinimbu)

 
 
 
 

 

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