 |
ÍNDIOS DIZEM A MINISTRO
QUE QUEREM REVITALIZAÇÃO DA
BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO
Panorama
Ambiental
Macapá (AP) – Brasil
Abril de 2005
|
 |
12/04/2005 - Índios
das etnias Truká e Tumbalalá disseram
hoje ao ministro da Integração Nacional,
Ciro Gomes, que o que mais desejam do governo é
a revitalização da bacia do Rio São
Francisco. Segundo o representante Truká,
Mozeni Araújo, os índios querem "revitalizar
a bacia com um projeto de drenagem da mata ciliar,
reflorestamento dos mananciais, revitalização
dos ‘rios mortos’ e saneamento ao longo de cerca
de 266 cidades que jogam seus dejetos no rio".
A representante da etnia Tumbalalá, Maria
José Marinheiro, os índios de sua
aldeia, no município baiano de Curaçá,
e os Truká da região de Cabrobó,
em Pernambuco, são contra a integração
do rio, mas favoráveis a uma revitalização
imediata. "Estamos vendo que o projeto de revitalização
vai acontecer, mas poucas pessoas foram consultadas
e um impacto ambiental como esse tem que ter uma
discussão bem ampla", ressaltou Maria
José Marinheiro. Para Mozeni Araújo,
a revitalização é o outro lado
da moeda do projeto de integração:
"Sem uma revitalização, o projeto
compromete a vida do rio."
Para os indígenas, que decidiram formar uma
comissão com quatro representantes para acompanhar
a discussão do projeto, podem ocorrer na
região impactos como a diminuição
do volume de águas; assoreamento do rio;
extinção de espécies de peixes,
árvores e aves, além de impactos sociais.
Mozeni explica que hoje os índios da região
Nordeste já sofrem com os impactos resultantes
da criação das hidrelétricas
de Paulo Afonso e Sobradinho. "Os lagos formados
por essa obra fizeram com que muitas espécies
de peixes desaparecessem. Quem vivia da pesca hoje
não vive mais, porque algumas espécies
não existem mais", lembrou o representante
Truká.
A maior polêmica entre índios e representantes
do governo, segundo Mozeni Araújo, é
sobre a compreensão de que "o rio é
como uma vida que deve ser zelada e preservada".
O relatório apresentado pelo Ministério
da Integração Nacional já aponta
alguns impactos ambientais nas comunidades indígenas
por onde passarão os canais previstos no
projeto para o São Francisco. E prepara medidas
como um programa de apoio às comunidades
indígenas; ações de compensação
para suprir carências reais desses grupos
diante da nova situação que se configurará;
divulgação intensiva de programas
de saúde, com ênfase para doenças
infecto-contagiosas e sexualmente transmissíveis
(DST); orientação a técnicos
e demais trabalhadores das obras sobre os cuidados
a serem tomados quando tiverem contato com as comunidades
indígenas; melhoria na sinalização
das terras indígenas, para evitar a entrada
de pessoas estranhas; e criação de
formas de comunicação direta entre
os líderes das comunidades e o empreendedor.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Assessoria de imprensa (Bianca Estrella)