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SENADORES ACREDITAM QUE
BIODIESEL PODE GERAR UMA REVOLUÇÃO
NO CAMPO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2005
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12/04/2005 - Vários
senadores ocuparam a tribuna no Plenário
nesta terça-feira (12) para debater o projeto
de lei de conversão que disciplina o programa
nacional de biodiesel. Todos eles ressaltaram a
importância de se adotar no país um
novo projeto de geração de energia
alternativa, aproveitando os recursos naturais disponíveis
e abrindo novas fronteiras para a agricultura e
para o mercado de trabalho, sobretudo nas regiões
economicamente deprimidas, com destaque para o Nordeste.
Logo que começou a Ordem do Dia, o senador
Flávio Arns (PT/PR) ressaltou aspectos de
"inconstitucionalidade" da medida provisória
e advertiu que o programa do biodiesel não
podia ter o mesmo destino do projeto Primeiro Emprego,
que, na sua opinião, acabou fracassando.
Crítico do sistema atual de edição
de medidas provisórias, o senador Antônio
Carlos Magalhães (PFL/BA) denunciou que as
MPs em pauta na Casa incorporam em seus textos disposições
que não guardam qualquer relação
direta com o tema principal de cada matéria.
O líder do PFL, José Agripino (RN),
além de advertir sobre a constitucionalidade
da matéria, disse que a MP tentava incorporar
alguns acordos anteriores firmados entre lideranças
do governo e parlamentares, como no caso da compensação
dos créditos tributários das cooperativas,
e deixava de lado a questão da cumulatividade
de impostos que atingiria, entre outros segmentos
geradores de empregos, os shopping centers.
Por sua vez, o líder do PSDB, Arthur Virgílio
Neto (AM), lembrou que coube ao PMDB, no Senado,
à época do governo Fernando Henrique
Cardoso, formular a emenda constitucional nº
09, proibindo que se legislasse sobre monopólio
do petróleo por meio de Medida Provisória.
Segundo o senador, "de todas as MPs enviadas
pelo governo ao Congresso, 30% poderiam ir para
o lixo, 30% seriam mais pertinentes a projetos de
lei e apenas 40% seriam aceitáveis em função
de sua utilidade e urgência".
Ao contestar os líderes da oposição,
o senador Aloizio Mercadante (PT/SP) informou que
o então presidente Fernando Henrique Cardoso
também editou medida provisória dispondo
sobre a natureza da Agência Nacional de Petróleo
e que, na época, ninguém questionou
a figura jurídica da inconstitucionalidade.
O senador aproveitou para defender o programa do
biodiesel, que, entre outros benefícios à
sociedade, ajudaria a preservar as reservas de petróleo
e de outros minerais importantes à geração
de energia no país. Defensor da tese da compensação
tributária às cooperativas brasileiras,
o senador Osmar Dias (PDT/PR) criticou a reação
da Secretaria da Receita Federal às emendas
inicialmente aceitas pelo relator da matéria,
Edison Lobão (PFL/MA). Lembrou ainda que,
no futuro, o biodiesel pode se converter em espaço
pra garantir a estabilidade da produção
de soja, hoje muito prejudicada pela oscilação
de preços no mercado internacional.
Após ressaltar as potencialidades do estado
de Tocantins no processo de produção
do bioediesel, o senador Siqueira Campos (PFL/TO)
lembrou que outros projetos sobre o tema já
tramitavam no Congresso. O senador Hélio
Costa (PMDB/MG) classificou a dinamização
do programa como "uma verdadeira revolução
no campo".
Com vínculos políticos aos produtores
rurais do seu estado, o senador Jonas Pinheiro (PFL/MT)
afirmou que votaria favoravelmente à matéria
em virtude dos compromissos assumidos pelo líder
do governo, Aloizio Mercadante, de resolver, no
futuro, o impasse em torno do atual modelo de cobrança
de impostos que recaem sobre a cana de açúcar
e as indústrias de açúcar e
álcool.
O senador Alberto Silva (PMDB-PI) fez uma breve
retrospectiva sobre a sua participação
nas pesquisas sobre biodiesel no país, iniciadas
há 30 anos, e cumprimentou o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva por considerar a matéria
importante, a ponto de editar medida provisória
para regular sua produção. Conforme
assinalou, a produção de biodiesel
é capaz de gerar renda familiar de R$ 500,00
ao mês por hectare plantado.
O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) destacou a importância
econômica e ambiental associada à produção
do biodiesel. Em sua opinião, além
de gerar empregos no setor primário, a iniciativa
deve ajudar a fixar o homem no campo. O senador
Flexa Ribeiro (PSDB-PA) afirmou que, apesar de saber
que a medida provisória infringe a Constituição,
não é contra a matéria em si.
"O programa deve ser abraçado",
observou.
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) afirmou
que não votaria contra a MP 228/04, mas frisou
que a matéria teria "defeitos".
- A medida é inconstitucional e agride o
bom senso. Esse assunto, que não é
urgente, deveria ter sido debatido em várias
comissões - afirmou.
Apesar de se declarar favorável à
aprovação do projeto de lei de conversão,
depois dos acordos em Plenário, a senadora
Heloisa Helena (PSOL/AL) ressaltou que é
preciso definir um preço mínimo para
o litro do combustível, para que a produção
seja sustentável. Por sua vez, o senador
Heráclito Fortes (PFL-PI), que votou favorável
ao projeto, cobrou do governo mais incentivos aos
pequenos produtores.
Para o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), "este
é um dos maiores e mais importantes programas
sociais do Brasil", e não apenas mais
um programa de produção de energia
a partir da biomassa. Segundo Lúcia Vânia
(PSDB/GO), se o projeto aprovado não é
ideal, pelo menos, no Senado, conseguiu corrigir
falhas "gritantes" geradas pela MP editada
pelo governo.
O senador Marcelo Crivella (PL-RJ) afirmou que o
projeto do biodiesel foi "muito feliz ao beneficiar
o semi-árido", destacando que a mamona,
uma das matérias-primas para a produção
do combustível, é nativa do Nordeste.
A senadora Patrícia Saboya (PPS-CE) afirmou
que se poder considerar o senador Alberto Silva
(PMDB-PI) "o pai do biodiesel brasileiro".
Ela sustentou que o programa promoverá "uma
verdadeira revolução no semi-árido"
do Nordeste e na região Norte. Ao discursar,
o senador Sibá Machado (PT/AC) ressaltou
que a questão do biodiesel "tramita"
na Academia há cerca 30 anos, e elogiou os
esforços dos pesquisadores em relação
ao tema.
O líder do PMDB, senador Ney Suassuna (PB)
disse acreditar que os incentivos fiscais constantes
do projeto significam uma "esperança"
para os agricultores do Nordeste, especialmente
da região do Cariri, a mais seca. De acordo
com o parlamentar paraibano, o plantio de mamona
e palma, matérias primas do novo combustível,
poderão gerar um milhão de empregos
na primeira fase e de dois a três milhões
nas fases seguintes.
O senador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL)
alertou que, se não sofrer alterações,
o programa do biodiesel poderá se transformar
em "um fome zero da energia com muito foguetório
e marketing e poucos resultados concretos".
Por sua vez, o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA)
sugeriu ao governo federal que eleja o Ministério
das Minas e Energias para coordenar o programa.
Papaléo saúda
Protocolo de Kyoto
O senador Papaléo Paes (PMDB-AP) ressaltou,
nesta segunda-feira (11), a importância da
entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, que se trata
de um compromisso firmado no sentido de reduzir
a emissão de gases poluentes. O tratado,
que entrou em vigor no último dia 16 de fevereiro,
foi assinado em 1997, na cidade japonesa, e ratificado
em 2001 por 46 países.
Papaléo explicou que o protocolo visa implementar
as metas definidas pela Organização
das Nações Unidas (ONU), na Convenção
sobre Mudanças Climáticas. O objetivo
do protocolo é reduzir em 5%, até
2012, as emissões de gases causadores do
efeito estufa, tomando como base o ano de 11000.
O efeito estufa é um fenômeno que ocorre
na atmosfera e provoca o aquecimento da temperatura
média global.
O parlamentar pelo PMDB ponderou que as metas que
pesam sobre os países signatários
do Protocolo de Kyoto são diferenciadas.
Os países em desenvolvimento podem reduzir
menos a emissão de gases, comparativamente
às nações industrializadas,
devido ao fato de os principais poluidores serem
os países do primeiro mundo. Além
disso, a indústria de países como
o Brasil poderia ser prejudicada, se tivesse que
cumprir as mesmas metas impostas à Alemanha,
por exemplo.
O senador lamentou a posição dos Estados
Unidos de ter se recusado a firmar o protocolo,
alegando que as medidas exigidas poderiam prejudicar
sua economia, uma vez que o país é
responsável pela emissão de um quarto
dos gases poluentes. Mas o parlamentar comentou
que a adesão da Rússia fortaleceu
o tratado.
Papaléo enfatizou que o Brasil teve importante
papel nas negociações que resultaram
no Protocolo. Segundo ele, o país propôs,
juntamente com os Estados Unidos, a criação
de uma cláusula que permitiria aos países
ricos a possibilidade de compra de cotas de emissão
dos países em desenvolvimento, ou seja, um
país rico poderia comprar a cota de poluentes
que um país em desenvolvimento deixou de
produzir, correspondente à quantidade que
o país comprador deveria deixar de emitir,
desde que, em contrapartida, investisse em projetos
ambientais nos países mais pobres.
Amazônia
- Esperamos que o
Brasil cumpra a sua parte, tanto reduzindo as emissões
irracionais e desnecessárias dos gases poluentes
como preservando suas florestas. E tomara que cheguemos
a um ponto em que os países industrializados
não apenas estimulem a preservação
da Amazônia, mas também remunerem os
imensos serviços ecológicos que ela
presta à humanidade - sugeriu o Papaléo.
O senador advertiu que a Amazônia não
é devidamente defendida e pediu ao governo
mais atenção à floresta, sobretudo
acompanhando os trabalhos das várias organizações
não-governamentais (ONGs) que atuam na área.
Em aparte, a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL)
alertou para a possibilidade concreta da internacionalização
da Amazônia, discutida abertamente nos Estados
Unidos e na Europa, onde é defendida, em
diversos parlamentos, a "autonomia limitada
e a administração compartilhada da
região".
Fonte: Senado (www.senado.gov.br)
Assessoria de imprensa