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PRESIDENTE LULA ASSINA
OS DECRETOS HOMOLOGATÓRIOS DE MAIS
CINCO TERRAS INDÍGENAS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Abril de 2005
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Presidente Lula,
com o ministro Márcio Thomaz Bastos à
esquerda e o cacique Raoni à direita, em
cerimônia no Palácio do Planalto
19/04/2005 O presidente Luís Inácio
Lula da Silva assinou as homologações
de mais cinco Terras Indígenas, totalizando
uma área de mais de 224 mil hectares (confira
abaixo). Também foi assinado um decreto de
retificação da homologação
da Terra Indígena Evaré I, localizada
nos municípios de São Paulo de Olivença
e Tabatinga, no Amazonas. Os decretos homologatórios
foram assinados hoje, dia 19 de abril, no Palácio
do Planalto, em uma cerimônia realizada para
celebrar o Dia do Índio e na qual 27 velhos
líderes indígenas, caciques, pajés
e sábios de etnias de todo o País
também foram homenageados. A área
de Inãwébohona, com cerca de 377 mil
hectares, nos municípios de Lagoa da Confusão
e Pium, no Tocantins, não teve o decreto
assinado, conforme a Funai havia anunciado anteriormente.
A assessoria do órgão ainda não
divulgou o motivo do adiamento, mas confirmou que
o presidente irá assinar a homologação.
Durante a cerimônia, o cacique Raoni Kaiapó
pediu ao presidente Lula que os programas de saúde
e de educação indígenas voltem
a ser administrados pela Fundação
Nacional do Índio (Funai). Atualmente, a
saúde indígena está sob responsabilidade
da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa) e a educação indígena
está sendo cuidada pelos governos municipais
e estaduais. A audiência e a vinda dos índios
à Brasília foram articuladas pela
Funai. Além de Raoni, também estavam
presentes à cerimônia Jacir José
de Souza Macuxi, ex-coordenador-geral do Conselho
Indígena de Roraima (CIR), Maria Quitéria
de Jesus Pankararu e Aritana Yawalapiti, do Parque
Indígena do Xingu. Jacir Macuxi agradeceu
ao presidente e ao ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, pela homologação da
Terra Indígena Raposa-Serra do Sol (RR),
efetivada na sexta-feira passada, dia 15 de abril.
“Eu queria que o presidente e o ministro [da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos] ouvissem nossas conversas,
nossa opinião de que a educação
e a saúde devem voltar para a Funai, que
conhece bem cada aldeia indígena”, pediu
Raoni. Ele disse que, após a audiência,
entregaria a Lula um documento oficial com a reivindicação.
O líder Kaiapó também acusou
“muitos deputados” de quererem destruir a cultura
e as tradições indígenas. “Os
brancos têm de tratar os índios com
mais respeito porque eles estão acabando.
Queremos trabalhar junto com o governo para garantir
nossos direitos”. Raoni apresentou alguns passos
de uma dança de guerra dos Kaiapó
antes de falar.
Durante a cerimônia, ao citar o aumento do
número de mortes de crianças indígenas
por causa da desnutrição, o presidente
Lula afirmou que os ministros da área social
do governo estão elaborando um "pacote
de cidadania" para garantir luz elétrica,
saúde, educação e geração
de renda à população indígena.
"Depois da terra, precisamos garantir todo
o resto. Nós temos que cuidar para não
permitir que, depois de demarcada uma terra, os
índios sejam afrontados, às vezes,
por fazendeiros que poluem os rios, que derrubam
a mata", disse o presidente. Ele admitiu que
a velocidade das demarcações e das
homologações não é a
que os índios e o governo desejam em virtude
dos vários interesses que estão em
jogo e das ações judiciais em curso.
”A celebração do Dia do Índio,
hoje, é a celebração de um
programa e de um trabalho bem sucedidos”, comemorou
o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos. Para justificar seu comentário, ele
apresentou alguns números da política
indigenista do governo Lula. Segundo Bastos, no
atual mandato presidencial, teriam sido identificadas
25 Terras Indígenas, num total de 6 milhões
de hectares; estariam sendo demarcadas 14 áreas,
num total de mais de 4 milhões de hectares;
e já teriam sido homologadas 55 TIs, com
uma área total de 9,5 milhões de hectares.
“Estamos cumprindo uma promessa de campanha e um
compromisso da sociedade brasileira de resgatar
a dignidade dessas populações indígenas”.
Antes da audiência no Palácio do Planalto,
em uma Comissão Geral realizada no plenário
da Câmara dos Deputados também em homenagem
ao Dia do Índio, algumas lideranças
indígenas criticaram o governo. “Nossas crianças
estão morrendo por falta de uma política
efetiva na área da saúde”, acusou
Fernando da Silva Souza Terena, vice-presidente
do Conselho Distrital de Saúde Indígena
de Dourados (MS). “Como índios, não
temos nada a comemorar no dia de hoje”, finalizou.
No Mato Grosso do Sul, desde o início do
ano, segundo dados da Funasa, 21 crianças
indígenas morreram por desnutrição,
sendo que 15 em Dourados.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Oswaldo Braga de Souza)