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PARA HISTORIADOR, INDÍGENAS
QUE RAPTARAM POLICIAIS FEDERAIS DEFENDEM
INTERESSES DOS ARROZEIROS
Panorama
Ambiental
Boa Vista (RR) – Brasil
Abril de 2005
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24/04/2005 – Desde
a homologação da reserva Raposa Serra
do Sol de forma contínua, excluindo algumas
áreas, como o núcleo urbano da sede
do município de Uiramutã, surgiram
depoimentos de indígenas em defesa e contra
a ação do governo. Assinada pelo ministro
Márcio Thomaz Bastos, a portaria garante
área de cerca de 1,74 milhão de hectares
para os índios e determina que, além
do município de Uiramutã, também
ficam excluídas a área onde está
localizado o 6º Pelotão Especial de
Fronteira, os equipamentos e instalações
públicas federais e estaduais atualmente
existentes, as linhas de transmissão de energia
elétrica e os leitos das rodovias públicas
federais e estaduais.
Uma das organizações indígenas
que ganhou destaque na mídia protestando
contra a homologação foi a Sociedade
de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de
Roraima (Sodiur), que fez quatro policiais federais
como reféns na comunidade do Flechal, além
de bloquear a rodovia estadual RR-202. Para o professor
da Universidade Federal de Pernambuco, Jaci Guilherme
Vieira, a Sodiur representa o interesse dos não-indígenas.
"Posso afirmar isso com segurança: é
aos arrozeiros que interessa a demarcação
em ilhas (de maneira não-contínua)."
Vieira é doutor em História pela Universidade
Federal de Pernambuco. Ele defendeu a tese "Missionários,
Fazendeiros e Índios em Roraima: a disputa
pela terra – 1777 a 11000", na qual também
analisa a formação do Conselho Indígena
de Roraima (CIR), maior e mais antiga organização
indígena no estado, que defende a homologação
em área contínua da reserva.
O professor explicou que a Sodiur surgiu de um racha
interno do CIR. "Nada é monolítico,
as diferenças ideológicas foram surgindo.
E essa divisão, que interessava aos arrozeiros,
foi patrocinada por eles", afirmou Jaci. Para
sustentar a afirmação, o historiador
citou como exemplo o fato de as comunidades ligadas
à Sodiur disporem de serviços de infra-estrutura
(como água encanada e energia elétrica)
bancados pelo governo estadual. "Isso não
acontece nas comunidades ligadas ao CIR. E gera
uma dependência muito grande em relação
ao governo. A Sodiur tem poucos associados, não
tem projetos nem convênios. De onde vem a
verba para bancar a ida de seus dirigentes a Brasília
ou a organização dessas manifestações?",
insinuou o professor, ao lembrar que toda a bancada
de parlamentares roraimenses é contrária
à homologação em área
contínua da Raposa Serra do Sol.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi