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ENTIDADES ACREDITAM QUE
CONSELHO DE POLÍTICA INDIGENISTA
PODERÁ SER CRIADO ATÉ O FINAL
DE 2005
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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02/05/2005 - O secretário-executivo
do Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas
(FDDI), Gersem Baniwa, acredita que o Conselho Nacional
de Política Indigenista poderá ser
instituído até o final deste ano.
A criação do conselho é uma
das reivindicações das cerca de 700
lideranças indígenas, representantes
de 89 etnias, que estiveram reunidas na semana passada
em Brasília, no Acampamento Terra Livre.
A mobilização foi organizada pelo
FDDI que reúne oito entidades.
"Eu acho que, ainda que com algumas dificuldades,
o conselho deverá ser criado ainda este ano.
Os índios saíram muito dispostos a
continuar trabalhando para que esse conselho possa
ser efetivado o mais rápido possível,
como um mecanismo principal de elaboração
e implementação de políticas
voltadas às comunidades indígenas",
destaca Baniwa, ao lembrar que 2006 será
ano eleitoral. "O conselho precisa ser implementado
este ano. Se ficar para o ano que vem, tudo fica
mais difícil".
A carta com os resultados da mobilização,
divulgada na sexta-feira (29), destaca que o conselho
teria a função de coordenar as políticas
indigenistas, com o objetivo de tornar as ações
mais eficientes. A proposta do FDDI é que
o conselho tenha competência deliberativa,
seja vinculado à Presidência da República
e composto por representantes dos povos indígenas,
das entidades indigenistas e do governo, em proporções
iguais.
Na semana passada, cerca de 30 lideranças
indígenas levaram a proposta ao presidente
da Fundação Nacional do Índio
(Funai), Mércio Pereira Gomes, e ao ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
"O ministro concordou com a idéia e
disse que o mais breve possível se dará
o processo de discussão para a criação
do conselho. Embora não tenha ficado nenhuma
proposta de data, entendemos que, uma vez o governo
assumindo esse compromisso da vontade política
de instituir o conselho, da parte dos índios
iremos apressar e oferecer condições
para que isso se efetive o mais rápido possível".
Na semana anterior, a criação do conselho
já havia sido discutida durante encontro
entre lideranças indígenas e os ministros
da Casa Civil, José Dirceu, e da Secretaria
Geral da Presidência, Luiz Dulci.
Para o secretário-executivo do FDDI, outro
avanço foi o compromisso de Márcio
Thomaz Bastos de analisar cada uma das situações
em que se encontram as 14 terras indígenas
cujos processos de regularização estão
"parados" no ministério. "Ele
apresentou, de uma forma geral, as principais dificuldades,
sobretudo no campo jurídico - muitas dessas
terras estão sub júdice - mas falou
do compromisso e da determinação do
governo de continuar trabalhando para resolver essas
pendências judiciais".
Durante a semana de mobilizações em
Brasília, os indígenas também
manifestaram preocupação com os projetos
de lei em tramitação no Congresso
que tratam de assuntos ligados aos indígenas.
Entre eles, o PL 188/2004, de autoria do senador
Delcídio Amaral (PT-MS), que altera o processo
de demarcação das terras indígenas
e prevê a convocação do Conselho
de Defesa Nacional para reconhecê-las, caso
a área esteja localizada em faixa de fronteira.
"No âmbito do Executivo, todos os representantes
dos ministérios com quem pudemos conversar
deixaram muito claro que, por parte do governo,
têm o compromisso de não apoiar qualquer
mudança com relação aos direitos
dos povos indígenas já consagrados
pela Constituição", destaca Gersem
Baniwa.
As lideranças também debateram a projeto
durante reunião com o senador Delcídio
Amaral e consideraram positivos os resultados do
encontro. "Ele falou que não deveríamos
nos preocupar com o projeto dele, porque está
superado, e disse inclusive que vai buscar retirá-lo
da pauta", disse o secretário-executivo
do FDDI, entidade composta pela Coordenação
das Organizações Indígenas
da Amazônia Brasileira (Coiab), pelo Conselho
Indígena de Roraima (CIR), pela Associação
Brasileira de Antropologia (ABA), pelo Instituto
Socioambiental (ISA), pelo Conselho Indigenista
Missionário (Cimi), pelo Centro de Trabalho
Indigenista (CTI), pela Comissão Pró-Yanomami
(CCPY) e pela Articulação dos Povos
e Organizações Indígenas do
Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME).
Fonte: Agência Brasil –
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Juliana Andrade