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ESPECIALISTAS ANALISAM
A ECOPEDAGOGIA COMO INSTRUMENTO DE CONSCIENTIZAÇÃO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Maio de 2005
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13/05/2005
A Secretaria do Meio Ambiente do Estado -
SMA realizou nesta quinta-feira (12/5), das
9 às 16,30 horas, no Auditório
Paulinho Nogueira, do Parque da Água
Branca, o curso "Educação
Ambiental e suas Abordagens Ecopedagogia",
dirigido a educadores, estudantes e representantes
de organizações não-governamentais.
O evento faz parte do Ciclo de Cursos de Educação
Ambiental, organizado pelo Departamento de
Educação Ambiental da Coordenadoria
de Planejamento Estratégico e Educação
Ambiental - CPLEA, órgão da
SMA, com o apoio da Secretaria da Agricultura
e Abastecimento e Tetra Pak.
A palestra de abertura abordou o tema "A
Ecopedagogia e os Atores Sociais", proferida
pelo sociólogo Aloísio Ruscheinsky,
doutor pela Universidade de São Paulo
USP e professor do curso de pós-graduação
em Ciências Aplicadas da Universidade
do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS, do Rio
Grande do Sul, que fez uma reflexão
sobre os princípios da ecopedagogia
a partir de uma visão sociológica,
analisando a questão da cultura de
consumo e suas implicações com
a cidadania, a relação da utopia
da ecopedagogia e os conceitos de sensibilização
da prática pedagógica.
De acordo com o sociólogo, a ecopedagogia
está vinculada ao conjunto de ideais
para a educação, abrangendo
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José Jorge
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todas as dimensões da vida social.
Nesse sentido, a proposta pedagógica
ultrapassa a adesão a projetos de despoluição
ou preservação, para incluir
o desenvolvimento social sustentável
sem se ater à busca de um suposto equilíbrio,
seja dos elementos da natureza, seja dos aspectos
que se referem ao indivíduo, sociedade
e natureza.
Segundo o sociólogo, a educação
tem a finalidade de construir uma cultura
da sustentabilidade, desenvolvendo uma crítica
à cultura do consumo para reverter
a cultura do descartável, que suprime
o compartilhar dos sujeitos. "A lógica
da cultura de consumo leva o indivíduo
a adornar-se de mercadorias que sufocam a
dimensão da cidadania, estabelecendo
uma sociedade desigual e um natural aumento
de degradação ambiental, explicou.
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Diante desse quadro, torna-se necessária
uma nova visão sobre a relação
do indivíduo com o ambiente, incorporando
comportamentos que conduzam à redução
do consumo, como reutilizar e reciclar bens."
Ruscheinsky classifica a utopia da ecopedagogia
como um projeto de futuro, sintonizado a um
processo educativo, cujo foco deve se propor
“a manter acesa a chama de sonhar, projetar
e almejar o futuro, priorizando valores intrínsicos
à sobrevivência humana, no que
diz respeito aos direitos comuns do cidadão
como habitação, alimentação,
água e ar devidamente despoluídos”.
Falando sobre os conceitos de sensibilização,
o professor sugeriu a reformulação
da relação com a natureza passando
a entendê-la como um "personagem"
com o qual os indivíduos se comunicam,
se integram e se relacionam. "A cultura
que nos rodeia nos preenche com tantos sons,
que ficamos atordoados. Diante desse contexto,
torna-se premente um processo de sensibilização
que venha a possibilitar a real percepção
dos sons e dos sentidos de audição
fundamentais a uma sobrevivência saudável",
disse.
Ao final de sua apresentação,
o professor frisou que a ecopedagogia não
se atém a um processo de transformação
social, garimpado das ilusões perdidas,
sugerindo que o caminho a seguir resulta da
reflexão acerca das condições
ambientais, culturais e sociais, além
de configurações institucionais
e engajamentos radicais que possibilitem alteração
dos aspectos que deterioram a vida.
Conceitos
A outra palestra do curso
abordou o tema "Da Educação
Ambiental à Ecopedagogia : Revisitando
Conceitos e Práticas", com o
educador Fábio Alberti Cascino, doutor
pela Pontifícia Universidade Católica
- PUC-SP, professor de graduação
e pós-graduação do
SENAC. Cascino falou sobre o nascimento
da ecopedagogia e a sua experiência
com a matéria, ressaltando a importância
do pensamento radical e criticando os limites
das ações ambientalistas nos
dias de hoje.
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"O
pensamento radical afirma a pulsão
da vida indo à raiz das questões
conceituais, particularmente àquelas
relacionadas com a educação
ambiental. O papel do intelectual reside
na denúncia radical, na crítica
radical, nos limites e abusos do poder",
explicou.
Segundo Cascino, as noções
de educação ambiental existentes
estão se afastando dos conceitos
originais permitindo retrocessos e desvios
sérios em inúmeros pontos.
"Percebo que estamos abrindo espaço
para a invasão de mercado e da ética
baseada no produtivismo.
Com esse procedimento, não estamos
logrando êxito no confronto com as
posições capitalistas no que
tange à destruição
da natureza e do próprio ser humano",
enfatizou.
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José
Jorge
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Sobre o pensamento pessoal
acerca da ecopedagogia, o professor afirmou que
sua prática é dirigida ao resgate
do lugar, da pessoa, das relações
interpessoais e, como tal, busca a revisão
da ação e do pensamento educacional,
sugerindo rebeldia ante a passividade, ousadia,
subversão e criatividade. "Ecopedagogia
não deve ser seguida como um método,
um conteúdo específico e tampouco
um conjunto de didáticas. Ecopedagogia é
atitude e postura", finalizou.
Fonte: CETESB – agência ambiental
de São Paulo (www.cetesb.sp.gov.br)
Assessoria de imprensa (Wanda Carrilho)
Fotos: José Jorge
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