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LEVANTAMENTO DE IMÓVEIS
RURAIS NA RAPOSA SERRA DO SOL COMEÇA
EM JUNHO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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11/05/2005 - Começa
em junho o levantamento dos ocupantes de imóveis
rurais na região da Reserva Raposa Serra
do Sol, em Roraima. A expectativa é de que
até dezembro sejam cadastradas todas as pessoas
que moram na área rural da região.
A informação foi dada pelo diretor
de Assuntos Fundiários da Fundação
Nacional do Índio (Funai), Artur Mendes,
em audiência pública, na Câmara
dos Deputados, que debateu as conseqüências
da demarcação da reserva. Ele destacou
que, até o final deste mês, 28 ocupantes
de imóveis rurais já serão
indenizados.
"O cadastro começa em junho e termina
em dezembro. Até lá vamos ter um retrato
preciso dessa situação. Nós
estimamos que ainda existam uns 50 imóveis
rurais para serem removidos, além da população
que está loclizada nas vilas. É uma
população urbana ou semi-urbana",
afirmou.
Mendes disse que a retirada dos não-indígenas
da terra demarcada deverá ser feita de forma
pacífica e, mesmo aqueles que decidirem sair
imediatamente, precisam ser cadastrados antes.
"A terra é indígena, reconhecida
como homologada, registrada como tal. Então
eles terão de sair. A gente espera que eles
saiam de uma forma política e negociada.
Não vamos agir de forma açodada. Só
serão removidas as famílias quando
o Incra disponibilizar as terras para elas serem
reassentadas. Mesmo aquelas pessoas que optaram
por sair imediatamente recebendo o valor de indenização
da Funai, permanecerão no cadastro do Incra
e terão direito ao reassentamento",
explicou Mendes.
O governador de Roraima, Ottomar de Souza Pinto,
não escondeu a insatisfação
com a demarcação contínua da
reserva. De acordo com ele, 23 mil indígenas
ocupam 48% da área do estado. Para ele, a
flexibilização da homologação
é a melhor forma de resolver o problema.
"Eu creio nas intenções da medida,
mas não creio nos resultados. O que a gente
quer é a flexibilização. Que
a coisa não seja tão ortodoxa, porque
é uma área de fronteira", afirmou.
O presidente da Sociedade de Defesa dos Índios
Unidos do Norte de Roraima, José Novais,
tem opinião parecida com a do governador.
Para ele, a homologação das terras
irá mudar a rotina das comunidades indígenas
que já vivem integradas com os não-índios.
"Secularmente nós vivemos integrados.
Não é uma luta de 30 anos, é
uma cultura, um costume integrado na sociedade.
Não somos animais para vivermos em zoológico.
Não queremos a indenização.
Queremos o dinheiro da indenização
para que sejam implantados projetos nas comunidades",
destacou.
Para o coordenador do Conselho Indígena de
Roraima, Marinaldo Justino Trajano, a homologação
contínua da Reserva é sinal de desenvolvimento
e manutenção das tradições
para as comunidades indígenas que vivem no
local. "A Reserva homologada significa união
e desenvolvimento e juntos vamos construir um país
sem fazer distinção de nós,
indígenas", ressaltou.
A homologação contínua da Reserva
Raposa Serra do Sol foi feita no dia 15 de abril.
Os 1,74 milhão de hectares vão abrigar
cerca de 15 mil índios das etnias macuxi,
taurepang, wapixana e ingarikó. Os não-indígenas
serão retirados da área num prazo
de um ano.
Fonte: Agência Brasil - Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Priscila Mazenotti