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AMAZÔNIA: 17,3% JÁ
DESAPARECEU
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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Com 26.130 quilômetros
quadrados desmatados entre agosto de 2003 e 2004,
já chega a quase um quinto a destruição
total da Amazônia brasileira.
18/05/2005 - O desmatamento na Amazônia chegou
a 26.130 quilômetros quadrados entre agosto
de 2003 e agosto de 2004, segunda maior taxa desde
1995, quando foi registrado o recorde de 29.059
quilômetros quadrados. Os dados foram anunciados
hoje pelo Ministério do Meio Ambiente. Eles
foram obtidos a partir de análises feitas
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
A área é pouco menor que à
do estado de Alagoas. Com isso, 17,3% da cobertura
florestal da Amazônia brasileira já
foi destruída. Parte do potencial florestal
brasileiro corre portanto o risco de desaparecer
antes mesmo de se tornar conhecido.
A elevação da taxa anual de desmatamento
demonstra que o Grupo de Trabalho Interministerial
coordenado pela Casa Civil e criado em julho de
2003 para reduzir os índices de desmatamento
na Amazônia Legal não conseguiu, no
primeiro ano de existência, cumprir seu principal
objetivo. Apesar de medidas positivas como a criação
de novas unidades de conservação como
as viabilizadas pelo Programa Áreas Protegidas
da Amazônia[1] (Arpa, apoiado entre outros
parceiros pelo WWF-Brasil) e o aumento da fiscalização
em algumas áreas, outras iniciativas levam
ao descontrole e à degradação
social e ambiental. O Arpa já apoiou a criação
de quase 16 milhões de hectares, mas ainda
há muito por fazer.
Para o WWF-Brasil, o desenvolvimento sustentável
ainda não foi adotado como política
para a Amazônia pelo governo federal e por
grande parte dos governos estaduais, apesar de constar
de documentos, projetos e discursos oficiais. Enquanto
poucos setores no governo federal seguem as diretrizes
da sustentabilidade, a maioria promove ações
que induzem a projetos de impacto negativo, por
meio de incentivos ao avanço da especulação
imobiliária rumo a áreas florestais,
com o argumento de que é necessário
expandir a agricultura. No entanto, grilagem, crimes,
trabalho escravo e devastação ambiental
estão entre as conseqüências dessas
ações.
"O Ministério do Meio Ambiente tenta
fazer sua parte ao criar áreas protegidas,
um mecanismo comprovadamente eficaz, mas não
suficiente, para frear o avanço do desmatamento,
e ao propor e defender o projeto de lei de gestão
de florestas públicas que está em
discussão no Congresso Nacional. É
preciso ainda convencer empresas e governos a dar
uso social e econômico às florestas
de modo efetivo", diz Denise Hamú, Secretária
Geral do WWF-Brasil. "Falta aos governos federal
e estaduais empenho na aprovação do
projeto de concessão de florestas públicas
e na implementação do plano de combate
ao desmatamento", enfatizou.
A destruição de florestas também
tem impacto direto sobre a emissão de gás
carbônico e as mudanças climáticas.
O Brasil é responsável por 2,51% das
emissões de gás carbônico, sem
incluir o percentual de queimadas. Quando incluído,
o número sobe para 5,38% (segundo dados de
2000 do World Resources Institute), o que eleva
a posição do Brasil de oitavo para
quinto país emissor. Só as queimadas
geram 370 milhões de toneladas de carbono
a cada ano.
O risco é claro: se o ritmo atual de desmatamento
for mantido, o Brasil poderá jamais se beneficiar
do potencial da Amazônia, que desaparece num
ritmo contínuo. Esse potencial é comprovado
por números: hoje, os produtos de base florestal
constituem o segundo maior setor do agronegócio.
São opções de desenvolvimento
mais adequadas aos recursos naturais brasileiros,
e que podem beneficiar diferentes setores sociais.
Quando adequadamente conduzida, mesmo a exploração
industrial da floresta e o uso de áreas protegidas
podem resultar em desenvolvimento, com fortes vínculos
locais. Uma situação muito diferente
da atual atividade predatória ilegal.
Nota:
[1] O Arpa é
um programa do Governo Federal, com duração
prevista de dez anos, destinado a proteger uma amostra
representativa da diversidade biológica no
bioma Amazônia, criando e consolidando ao
menos 50 milhões de hectares por meio de
unidades de conservação e promovendo
o desenvolvimento sustentável na região.
Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente
(MMA) e pelo Ibama, é implementado em parceria
com governos estaduais e municipais, com o Fundo
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), o Fundo
Global para o Meio Ambiente (GEF), o Banco Mundial,
o KfW (banco de cooperação do governo
da Alemanha), a GTZ (agência de cooperação
técnica do governo da Alemanha) e o WWF-Brasil.
Fonte: WWF-Brasil (www.wwf.org.br)
Assessoria de imprensa