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DISCURSO DO PRESIDENTE
DA FUNAI EM NOVA IORQUE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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Discurso do Presidente
da Funai Mércio Pereira Gomes
O Brasil é
o quinto maior país do mundo com mais de
8,5 milhões de quilômetros quadrados.
Sua população é de 180 milhões
de habitantes, o que representa um quarto da população
mundial. Nossa população indígena
soma 440.00 índios com 220 etnias falando
180 línguas diferentes.
Nos últimos 95 anos, o Brasil reconheceu
600 terras indígenas, sendo que a maioria
já está demarcada ou em processo de
demarcação e homologação
pelo presidente da República. Essas terras
indígenas totalizam uma área de mais
de um milhão de quilômetros quadrados,
aproximadamente 12,5% do território nacional.
Esse processo é considerado pelos brasileiros
de grande importância na construção
da identidade nacional. Nos últimos dois
anos, 54 terras indígenas, com um total de
9.1 milhões de hectares, foram homologadas.
Uma dessas terras foi Raposa Serra do Sol, localizada
no estado de Roraima, no norte do país. Com
1.743.000 hectares, é a terra natal das etnias
Makuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Patamona.
Reconhecendo o direito dos indígenas à
sua terra, o governo preserva o princípio
do direito à terra como política principal
para o povo indígena. De fato, a homologação
de terras indígenas trouxe uma melhoria para
a demografia indígena, que sofreu uma dramática
queda nos anos 50.
No entanto, muitos povos indígenas ainda
vivem sob condições desfavoráveis.
A taxa média de mortalidade infantil indígena
é duas vezes maior que a da população
geral brasileira, ou 56 por 1000. Os problemas relacionados
ao território ainda acarretam situações
específicas de insegurança alimentícia.
Recentemente, o governo criou agências especializadas
com programas concebidos especialmente para tratar
desta situação.
O problema mais urgente está relacionado
a desnutrição infantil preponderante
em algumas aldeias indígenas nos estados
do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Somente este
ano, 26 crianças da etnia Kaiowá morreram
por problemas parcialmente relacionados à
desnutrição. Para lidar com esta situação
extremamente trágica e difícil, o
governo disponibilizou, em abril, R$4,1 milhões
para as aldeias Bororó, Jaguapiru e outras
localizadas no Mato Grosso do Sul. Esse recurso
será utilizado para fornecer uma rede de
abastecimento de água, moradia e educação,
beneficiando 53.000 índios.
As medidas adotadas também incluem assistência
e exames médicos, o estabelecimento de uma
nova unidade pediátrica, a melhora na distribuição
de comida e cestas básicas, conselhos sobre
nutrição e suplementos de Vitamina
A.
Também no que diz respeito aos índios
Guarani-Kaiowá, no dia 28 de março,
o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou
o decreto que reconhece oficialmente a terra indígena
Nhande Ru Marangatu (Cerro Marangatu), no estado
de Mato Grosso do Sul. Esta área de 9.3 mil
hectares há muito foi reivindicada pelos
Guarani Kaiowá Nhandeva. Cerca de 600 Guarani
já estavam vivendo na área, mas corriam
o risco de serem despejados por uma ordem que determinava
que eles deveriam deixar a área até
o dia 31 de março. Agora que a terra foi
oficialmente reconhecida, eles ficaram na área
onde já há plantação
de milho e mandioca.
Uma outra situação dramática
ocorreu nas aldeias Xavante, localizadas nos municípios
de Barra do Garças, Campinápolis,
Água Boa, Paranatinga e Nova Xavantina. Nessas
áreas a taxa de mortalidade infantil alcançou
110 por 1000. As medidas implementadas incluíram
a contratação de médicos e
agentes comunitários para ajudar a identificar
crianças correndo o risco de deficiência
nutricional ou sofrendo de doenças associadas
à desnutrição (diarréia,
desidratação, anemias,etc). As crianças
tratadas em hospitais especializados nos municípios
vizinhos são visitadas diariamente por uma
equipe médica da Fundação Nacional
de Saúde (FUNASA) e o sistema de saúde
regional.
Um exemplo da busca de meios para melhorar a qualidade
de vida da população indígena
no Brasil é o programa desenvolvido por uma
equipe indigenista criada pela Eletronorte, uma
empresa elétrica pública, em associação
com a Fundação Nacional do Índio
(FUNAI). Originalmente, os programas foram criados
para reparar e compensar as populações
indígenas cujos territórios foram
inundados em função da construção
de duas hidroelétricas. O primeiro programa
foi implementado em 1998 no estado do Amazonas,
onde o lago formado pela construção
da Hidroelétrica Balbina inundou 30.000 hectares
da terra indígena dos Waimiri Atroari. Com
uma população de 374 índios,
a tribo estava enfrentando a extinção.
A FUNAI providenciou a demarcação
do território Waimiri Atroari, que totaliza
uma área de 2.700.000 hectares, uma das maiores
do país.
O programa, mais tarde, assegurou que os índios
recebessem assistência médica e educacional
de excelente qualidade. Doze centros médicos
foram estabelecidos nas aldeias e um programa especial
bilíngüe, ensinado e administrado pelos
próprios indígenas, foi implementado.
Os Waimiri Atroari também estão cuidando
de animais silvestres e desenvolvendo a agricultura
e a criação de peixes. Em abril, os
Waimiri Atroari contavam com uma população
de 1.066 índios, expandida em 16 aldeias.
Essas aldeias controlam o território inteiro,
mantém a cultura com vigor e dedicação
e estão crescendo cerca de 5,5% ao ano, cinco
vezes mais que a média nacional.
Um segundo exemplo de igual importância, é
o programa de desenvolvimento dos índios
Awaete Parakanã. Eles tiveram 38,700 hectares
de seu território inundado por um lago formado
pela Hidroelétrica Tucuruí, no estado
do Pará. Como resultado da ajuda dada por
um programa estabelecido pela FUNAI e a Eletronorte,
os Awaete Parakanã mantém uma significante
taxa de crescimento populacional (a tribo hoje tem
uma população de 634 índios
contra menos de 200 em 1987), produzindo seu próprio
alimento e preservando sua cultura. Além
disso, seu território foi compensado pela
mesma porção de terra e agora totaliza
uma área de 350,000 hectares.
No que diz respeito à educação,
150.000 crianças indígenas estão
matriculadas em escolas primárias e secundárias
em suas aldeias ou municípios próximos.
Outros 2.000 jovens indígenas estão
em instituições de terceiro grau,
um número que está crescendo devido
ao sistema de cotas e ao programa Universidade para
Todos (ProUni), criado em 2004 pelo Ministério
da Educação. No primeiro estágio
do programa, 41,5% das 112.000 bolsas foram especialmente
oferecidas para estudantes descendentes de africanos
e indígenas,
O Brasil está comprometido com os MDGs (Millenium
Development Goals), e este compromisso está
refletido em ações reais no âmbito
nacional e internacional. Sobre o objetivo de combater
a pobreza e erradicar a fome, temos prazer em lembrar
que mais de 120 países apóiam a Declaração
do Encontro Contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa
do presidente Lula, em conjunto com o presidente
da França, do Chile e do governo espanhol.
Somente com a cooperação global será
possível atingir os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio.
Fonte: Funai – Fundação
Nacional do Índio (www.funai.gov.br)
Assessoria de imprensa