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ENCHENTE ATÍPICA
DO RIO PARAGUAI CHAMA ATENÇÃO
DOS PESQUISADORES NO PANTANAL
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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16/05/2005 Após
registrar elevação normal nos meses
de janeiro e fevereiro, o nível do Rio Paraguai,
na centenária régua de Ladário,
está praticamente estacionado desde o mês
de março. O comportamento atípico
do rio vem chamando a atenção dos
pesquisadores da Embrapa Pantanal (Corumbá,
MS) – unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A média histórica do período
de 1900 a 2004, segundo levantamento feito pela
Embrapa Pantanal, a partir de dados fornecidos pelo
Serviço de Sinalização Náutica
d’Oeste do 6º Distrito Naval do Brasil, indicou
que nesse período o rio deveria subir cerca
de dois centímetros ao dia.
A última vez que uma estagnação
desse tipo ocorreu foi no ano de 1973, quando a
variação média diária
nos meses de março e abril foi de apenas
4 milímetros, e o nível médio
foi de 1,81 metros. Nos meses de março e
abril desse ano, o nível médio do
rio foi de 2,96 metros e a variação
média diária, para mais ou para menos,
foi de apenas 7 milímetros, ou seja inferior
a um centímetro ao dia – quando a expectativa
baseada no comportamento histórico do rio
era de elevação.
O pesquisador da Embrapa Pantanal, o hidrólogo
Sérgio Galdino, acredita que a causa desse
comportamento atípico da enchente de 2005,
deve estar associado a um menor volume de chuvas
que ocorreu de forma irregular, principalmente nas
cabeceiras dos rios Paraguai, Cuiabá e São
Lourenço, no Estado de Mato Grosso. Nesses
locais, nos meses de outubro a março, provavelmente
ocorreu alternância de períodos chuvosos
e de estiagens.
Essa possibilidade, levantada por Galdino é
reforçada pelos dados coletados na estação
climatológica da Fazenda Nhumirim, campo
experimental da Embrapa Pantanal, na sub-região
da Nhecolândia. Análise da pesquisadora
da Embrapa Pantanal Balbina Soriano, da área
de climatologia, mostrou que a quantidade e a distribuição
das chuvas nessa região também ocorreram
de forma irregular.
Desde outubro do
ano passado, quando teve início o período
chuvoso no Pantanal, até o último
dia 11 de maio, o volume de chuvas registrado foi
de 907,4 milímetros. A pesquisadora explica
que, considerando a média climatológica
dos últimos 28 anos, para o período
de outubro a abril, a expectativa era de que a precipitação
alcançasse 987,8 milímetros na região,
o que representa um índice de chuva 8% inferior
ao esperado pela média histórica.
“As chuvas tiveram
uma distribuição bem irregular neste
período. Em outubro e novembro a quantidade
de chuva que ocorreu foi bastante animadora, ficando
acima do esperado num total de 376,0 mm contra 208,0
mm. Em dezembro, onde a média esperada é
de 188,3 mm, choveu apenas 80,4 mm. O volume de
chuvas em janeiro de 2005 (275,8 mm) ficou acima
da normal (195,1 mm), voltando os meses seguintes
a registrarem valores bem abaixo do esperado”, ressalta
a pesquisadora Balbina Soriano.
Segundo previsão
climática do Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) e do Centro de Previsão de Tempo
e Estudos Climáticos (CPTEC), no trimestre
que vai de maio a julho as chuvas deverão
ficar dentro da média histórica, com
grande variabilidade espacial.
Previsão
Sérgio Galdino
explica que essa mudança no comportamento
da enchente de 2005 teve reflexos diretos nas previsões
do método probabilístico desenvolvido
pela Embrapa Pantanal. Inicialmente o método
projetou uma cheia normal, ou seja com pico entre
5 e 5,99 metros, no Rio Paraguai, em Ladário.
No dia 1 de maio,
a centenária régua de Ladário
registrava a marca de 3,11 metros – enquanto a média
histórica para essa época do ano é
de 3,84 metros, ou seja o nível atual do
rio encontrava-se 73 centímetros abaixo do
normal.
De acordo com o método
probabilístico existe, hoje, 66% de chance
de que o pico dessa cheia fique abaixo dos 4 metros.
Essa última previsão deverá
ser confirmada ainda no mês de maio, tendo
em vista que os níveis dos rios Paraguai,
Cuiabá e São Lourenço, no Pantanal
do Estado de Mato Grosso, já estão
baixando.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Denise Justino da Silva)