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GERENTE DO IBAMA ACOMPANHA
NO PARÁ SITUAÇÃO DE
COLONOS AMEAÇADOS POR MADEIREIROS
Panorama
Ambiental
Rio de Janeiro (RJ) – Brasil
Maio de 2005
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16/05/2005 - O gerente-executivo
do Ibama em Marabá, Ademir Martins, viajará
nesta terça-feira para Conceição
do Araguaia (PA) a fim de acompanhar a situação
dos colonos do assentamento Padre Josimo Tavares,
que invadiram as sedes do Ibama e do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma
Agrária). Eles alegam que a invasão
foi para se protegerem de ameaças feitas
por exploradores ilegais de madeira do município
de Redenção (PA).
O gerente-executivo do Ibama no Pará, Marcílio
Monteiro, disse que 25 agentes de Belém,
Tucuruí e Marabá chegarão na
quarta-feira (18) a Conceição do Araguaia
"para dar apoio aos assentados".
O assentamento Padre Josimo Tavares foi criado em
1997 junto com uma reserva legal federal de 30 mil
hectares. No local estão assentadas 863 famílias.
Em setembro do ano passado, a reserva foi invadida
para exploração ilegal de madeira.
Segundo Monteiro, na época, agentes do Ibama
permaneceram na região por um mês,
quando fizeram um levantamento da situação.
"Foram realizados autos de infração
e conseguimos retirar as pessoas da reserva",
acrescentou.
Mas no dia 14 de fevereiro a invasão foi
retomada e o gerente do Ibama disse ter encaminhado
relatório ao Incra informando que a situação
"estava muito mais grave que no ano passado".
Monteiro contou que os barracos montados pelos invasores
são próprios para exploração
de madeira. Um relatório pormenorizado da
situação já foi feito pelo
Ibama apontando não só o crime de
retirada ilegal de madeira, como lavagem de dinheiro
e formação de quadrilha.
De acordo com Marcílio Monteiro, "gente
humilde" está sendo explorada por pessoas
do município de Redenção já
devidamente identificadas: são cerca de 100
e aemaçam a vida dos colonos. O Ibama aguarda,
agora, que a Polícia Federal cumpra o mandado
de reintegração de posse expedido
pela Justiça Federal em 23 de fevereiro.
José Eurípedes Pinto Aguiar, um dos
trabalhadores rurais do assentamento Padre Josimo
que deixou sua casa para refugiar-se com a família
na sede do Incra, não esconde o medo de ser
assassinado ou de ver alguém da família
morto pelos exploradores ilegais de madeira. Em
entrevista por telefone, ele pediu a presença
de tropas federais na região por pelo menos
seis meses, até que seja criado um batalhão
para defender a reserva.
"Eu queria conclamar toda sociedade, o Ministério
da Defesa, o Ministério do Meio Ambiente,
para que se sensibilizem e mandem o Exército
para cá como fizeram em Anapu. Eu queria
pedir para esse pessoal não deixar acontecer
o que aconteceu em Anapu. Quer dizer, mataram a
freira primeiro e depois mandaram a segurança.
Depois que morrer já morreu mesmo e aí
deixa ver o que vai acontecer por aqui", desabafou
o trabalhador rural.
No dia 12, os assentados de Padre Josimo reuniram-se
com o Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José
da Silva Filho, para relatar os problemas da região.
Eurípedes contou que durante a reunião
recebeu bilhete de um dos invasores da reserva.
No bilhete, acrescentou, estava escrito que "pessoas
estavam na minha casa dizendo que queriam me encontrar
para me matar". Dessa reunião participaram
ainda quatro coronéis, policiais civis do
Pará e representantes da Polícia Federal,
informou Eurípedes.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Marcos Chagas