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POLÍCIA E CIMI DIVERGEM
QUANTO A PROTESTO DE ÍNDIOS GUAJAJARA
NO MARANHÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2005
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27/05/2005 - A Polícia
Civil do Maranhão informou que, desde o assassinato
do índio João Araújo Guajajara
no dia 21 deste mês, em Grajaú, a tribo
Guajajara vem promovendo atos de protesto no município.
O delegado de polícia Michel de Sousa Sampaio
afirma, em relatório divulgado hoje (27),
que houve vários assaltos a ônibus
que trafegam próximo às aldeias indígenas.
"As vítimas informaram que os índios
se encontravam encapuzados e em posse de armas de
fogo", disse o delegado. De acordo com o relato
das vítimas, os índios levavam sempre
dinheiro, celulares e outros objetos pessoais de
valor considerável. O delegado disse que,
depois do assassinato de João Guajajara,
os índios atearam fogo à casa de um
dos acusados pelo crime, o fazendeiro Milton Alves
da Rocha, conhecido como Milton Careca. Segundo
ele, os índios destruíram também
uma ponte de madeira, que constitui "importante
ligação entre inúmeras localidades.
Sem a ponte, várias famílias ficaram
literalmente isoladas".
O delegado informou que muitos fazendeiros já
foram à delegacia para contar que tiveram
sacas de arroz queimadas pelos índios. Alguns
gerentes de carvoarias informaram também
que os índios saquearam suas sedes e roubaram
vários pertences e mantimentos. Os índios
logo vão para o interior da reserva e "não
é possível, portanto, realizar perseguição",
disse o delegado.
A coordenadora do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi), Rosimeire de Jesus Diniz Santos, entretanto,
contesta as informações de que os
índios teriam queimado sacas de arroz e diz
que não tem conhecimento dos assaltos a ônibus.
"É uma disputa por terras apenas com
aqueles que os ameaçam, como é o caso
do Milton Careca. Eles tocaram fogo na casa dele
e derrubaram a ponte, mas não fizeram mais
nada além disso", afirmou Rosimeire.
Quanto aos assaltos a ônibus, Rosemeire disse
que ainda não tinha ficado sabendo de nada
sobre o assunto. "Temos duas missionárias
acompanhando os índios em Grajaú e
nada foi passado para o Cimi em relação
a esses assaltos", acrescentou.
A coordenadora do Cimi disse que, desde 2001, os
Guajajara reivindicam o restante de suas terras.
Eram 145 mil hectares, mas, em 1980, foram reduzidas
para 82 mil. Segundo Rosimeire de Jesus, o fazendeiro
Milton Alves da Rocha ocupava uma parte dessa área,
que ainda não foi recuperado pelos índios,
e freqüentemente os ameaçava para que
desocupassem o terreno.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Danielle Coimbra