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AUDITORIA DO BANCO MUNDIAL
REPROVA EMPRÉSTIMO PARA SOJA NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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03/06/2005 A auditoria
sobre o empréstimo de US$ 30 milhões
da International Finance Corporation (do grupo Banco
Mundial) para o grupo Amaggi - pertencente ao governador
de Mato Grosso Blairo Maggi - concluiu que a categorização
do projeto "não é plenamente
justificada" e recomendou que o IFC anuncie
publicamente as ações que pretende
implementar para cumprir com pelo menos três
condições consideradas necessárias
para corrigir seu financiamento.
Além de questionar o empréstimo para
a Amaggi, a auditoria critica duramente os procedimentos
de categorização do banco, "genericamente
definidos" e "altamente dependentes de
discricionariedade profissional". O relatório
avalia que, no setor do agronegócio como
um todo, as práticas estabelecidas pelo IFC
"podem não embasar plenamente um processo
de avaliação sólido".
No caso da Amaggi, o relatório afirma que
a informação levantada pelo IFC "não
foi suficiente para permitir uma decisão
informada sobre a natureza e a magnitude dos impactos
potenciais do uso da terra (e especialmente da conversão
do uso do solo) sobre os habitats naturais".
Também o IFC "não olhou para
os tipos, tamanhos ou significância da perda
de habitats [...] nem realizou uma avaliação
consistente do cumprimento, por parte dos fornecedores
pre-financiados, das leis do país ou das
políticas e salvaguardas do IFC". Com
base nisso a auditoria hipotiza que em determinadas
áreas "o financiamento do IFC possa
apoiar atividades que são contrárias
a suas políticas, salvaguardas e diretrizes".
Também foi considerada "arbitrária"
a postura do IFC, em decorrência da ausência
de uma linha de base e de um sistema de monitoramento
que permitissem avaliar as medidas de mitigação
do risco e sua implementação.
O relatório explica que o IFC "deveria
ter realizado uma avaliação mais rigorosa
do estado de implementação do sistema
de gestão ambiental" da empresa e que
aparecem "fraquezas sistémicas"
na implementação do mesmo.
As três condições que constituem
objeto de recomendação por parte da
auditoria são muito amplas, incluindo: (i)
assegurar que o sistema da empresa garanta cumprimento
dos requerimentos sociais e ambientais do IFC; (ii)
realizar uma avaliação rigorosa da
implementação de referido sistema
e (iii) exigir detalhamentos sobre assuntos como
localização de silos e outras intenções
da empresa.
A auditoria fora solicitada em outubro de 2004 pelo
Presidente do Banco Mundial James Wolfensohn e o
relatório foi divulgado apenas hoje, após
a posse do novo Presidente, Paul Wolfowitz. Entre
maio e setembro de 2004, o Grupo de Trabalho de
Florestas do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais questionou a categorização
socioambiental do projeto Amaggi com três
cartas ao Presidente Wolfensohn. As ONGs brasileiras
chegaram a se retirar, em protesto pela aprovação
do empréstimo pelo Conselho do IFC, de uma
consulta continental realizada pelo IFC no Rio de
Janeiro.
O diretor de Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
Roberto Smeraldi, em nome do Fórum das ONGs,
comentou: "É um precedente muito importante
para o Brasil e para o mundo. Para o Brasil, porque
sinaliza ao setor financeiro como um todo que não
pode financiar atividades agropecuárias na
Amazônia sem uma avaliação de
risco adequada. Para o mundo, porque afirma a necessidade
de tornar mais objetivos e rigorosos os procedimentos
do IFC sobre categorização em geral,
que alguns desejariam enfraquecer. Fora isso, é
uma demonstração que a sociedade civil
brasileira tem a competência para se fazer
ouvir mesmo no contexto financeiro internacional".
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa