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CASAS DE MADEIRA SÃO
IDEAIS PARA MORAR NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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03/06/2005 Um estudo
está provando que esse tipo de construção
é adequado ao clima local, além de
aproveitar melhor, e com sustentabilidade, os recursos
renováveis da região
Mais de duas dezenas de espécies de madeiras
amazônicas, já identificadas pela Ciência,
são potencialmente utilizáveis para
a construção civil. Apesar disso,
em Belém o cenário é outro.
Predominam edificações de concreto
que pouco têm a ver com a identidade da região.
Para resgatar esse valor e proporcionar um melhor
aproveitamento dos recursos naturais da Amazônia,
um estudo da Universidade da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP), em parceira com a Embrapa
Amazônia Oriental (Belém – PA) está
provando que habitações de madeira
são mais adequadas ao clima quente e úmido
da região.
"Habitação em madeira no trópico
úmido: avaliação do conforto
térmico em protótipo de madeira na
cidade de Belém do Pará" é
a tese de mestrado da acreana Marcela Marçal
Maciel. Arquiteta e morando em Belém há
mais de vinte anos, Marcela alimentou a idéia
de trabalhar com o conforto térmico nas moradias
de madeira devido à pouca importância
dada na região para este uso do material,
apesar de sua abundância local.
Estatísticas da Associação
das Indústrias Exportadoras de Madeira do
Estado do Pará (Aimex), mostram que, em 2004,
o Pará exportou cerca de 700 milhões
de toneladas de madeira serrada. Produto extremamente
valorizado no mercado internacional.
Segundo a arquiteta, em São Paulo, a USP
de São Carlos possui o Laboratório
de Madeiras e de Estruturas de Madeiras(LAMEM),
desenvolvendo pesquisas sobre o conforto térmico
das habitações, avaliando inclusive,
as condições das casas que com dois
ou três pavimentos.
Enquanto isso, em Belém, os profissionais
de arquitetura e construção civil
continuavam sem conhecer a viabilidade dos recursos
naturais para suas atividades. iignoram o alto potencial
da madeira para a construção de edificações,
principalmente por suas características mecânicas
e por ser um bem renovável.
A tese sobre as habitações, que conta
em Belém com a co-orientação
do pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental,
Osmar Aguiar, especialista em preservação
e secagem de madeira, entra agora em seu momento
de estudo de campo, com a construção,
na área da Embrapa, de dois protótipos
de pequenas casas de madeira.
Um deles foi construído com paredes simples,
uma só tiragem de madeira, como é
costume nas construções. A outra possui
paredes duplas, que primeiramente terão entre
as tiras somente uma camada de ar. Em um segundo
momento, as mesmas serão preenchidas com
uma manta de fibra de côco. A intenção
é constatar em que tipo de situação
as paredes proporcionarão o conforto térmico
no interior da casa.
As espécies que estão sendo experimentadas
são o cumaru (na parte estrutural, pilares,
vigas e estrutura de cobertura), o jatobá
(nos painéis de fechamento e piso) e o andiroba
(nas portas e janelas). A próxima etapa será
a instalação de termômetros
para medir a temperatura da superfície do
ambiente, a umidade e a velocidade do ar.
O pesquisador Osmar Aguiar explica que o trabalho,
que encerra em dezembro deste ano, procura desmitificar
o uso das madeiras nas habitação,
visto até hoje com uma grande carga de preconceito
e desconhecimento. É associado diretamente
as moradias das populações de baixa
renda devido a ausência de técnicas
e da utilização de instrumentos e
métodos de trabalho adequados.
A aplicabilidade do estudo está sendo pensada
com a busca de projetos institucionais que trabalhem
na área da moradia popular, como COHAB e
outras habitações, onde possam ser
empregados os conhecimentos levantados com a pesquisa.
"Desta maneira, podemos ajudar a construir
uma nova perspectiva sobre as habitações
de madeira, mostrando que é viável
o seu emprego em habitações nas regiões
de clima quente-úmido", conclui a arquiteta.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Ana Laura Lima)