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DECRETADA PRISÃO
DE 124 POR ENVOLVIMENTO EM EXTRAÇÃO
ILEGAL DE MADEIRA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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Secretário
do Meio Ambiente do Mato Grosso é preso.
Mais de 40 servidores públicos estão
envolvidos em esquema que fraudava autorizações
para extração de madeira no estado.
Até o começo da noite de hoje, 79
pessoas foram presas pela Operação
Curupira, deflagrada pela Polícia Federal
para coibir a ação de uma quadrilha
que fraudava autorizações para exploração
e transporte de madeira há mais de 14 anos
no Mato Grosso. Os acusados extraíram ilegalmente,
de acordo com dados do MMA, quase dois milhões
de metros cúbicos de madeira.
Estão envolvidos no esquema de fraude, além
de empresários e despachantes, 47 servidores
do Ibama, entre os quais alguns comissionados. O
Diário Oficial da União já
trouxe na edição de hoje a exoneração
desses comissionados.
Membros do alto escalão do governo federal
e estadual estão envolvidos neste escândalo.
O secretário de estado do Meio Ambiente e
presidente da Fundação Estadual do
Meio Ambiente (Fema) de Mato Grosso, Moacir Pires,
foi preso no ínicio da noite de hoje. O Diretor
de Florestas do Ibama em Brasília, Antônio
Carlos Hummel, também já teve mandado
de prisão expedido. O gerente-executivo do
Ibama em Cuiabá, Hugo José Werle,
foi exonerado de seu cargo e também teve
mandado de prisão expedido.
Em coletiva hoje pela manhã, a ministra Marina
Silva anunciou os demais resultados da investigação,
que durou quase 20 meses. Foram suspensos 283 planos
de manejo florestal e cancelados outros 36. Foram
contabilizadas 431 empresas fantasmas. Servidores
de carreira do Ibama foram demitidos e outros servidores
foram exonerados.
Entre outras medidas, foi comunicada também
a intervenção federal no Ibama do
Mato Grosso, por 60 dias, como forma de coibir a
corrupção generalizada. O fornecimento
de ATPFs (Autorizações de Transporte
de Produtos Florestais) está suspenso, e
uma equipe substituta já está coordenando
os trabalhos do órgão.
Mas as medidas do governo não pegaram o setor
ambientalista de surpresa. Na verdade, tal situação
já havia sido denunciada em relatório
da consultora Maria Inês Hargreaves, de setembro
de 2004, que analisou a existência de planos
de manejo autorizados pelo Ibama dentro ou ao redor
de áreas protegidas no Mato Grosso. Em matéria
publicada no O GLOBO de ontem, o o tema foi retomado,
e o Ministério Público Federal alegou
estar estudando "adotar providências
jurídicas contra funcionários do Ibama
responsáveis".
De acordo com Roberto Smeraldi, diretor de Amigos
da Terra - Amazônia brasileira , "Os
recentes dados do desmatamento ajudaram o governo
a encontrar a vontade política de prender
parte daquela verdadeira Máfia Verde que
todos conheciam, com duas ou três exceções.
Mas há outros integrantes, por exemplo em
Rondônia e no Pará. E mesmo em Brasília,
a turma da criação de dificuldades
para venda de facilidades conta com uma equipe maior."
"Precisou da morte de Chico Mendes para termos
o Nossa Natureza e as Reservas Extrativistas. Precisou
do desmatamento recorde em 1994 e do incêndio
de Roraima para o governo FHC segurar e reforçar
o Código Florestal. Precisou da morte da
irmã Dorothy para conseguirmos a lei de concessões
florestais, aprovada ontem em comissão. Agora
precisou de outro desmatamento recorde para decidir
de prender parte da Máfia Verde. Na Amazônia
é assim, precisa sempre de um prejuízo
sério para se conseguir o que deveria ser
rotina."
Fonte: Amazônia ORG (www.amazonia.org.br)
Assessoria de imprensa