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GOVERNO DESMANTELA QUADRILHA
QUE ATUAVA HÁ 14 ANOS NO MATO GROSSO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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(02/06/05) - As
ações de combate ao desmatamento na
Amazônia desmontaram uma quadrilha que atuava
há 14 anos no Mato Grosso fraudando autorizações
para exploração de madeira. Desenvolvidas
desde setembro de 2004 pelo Ibama, Polícia
Federal e Ministério Público Federal,
as investigações levaram a Justiça
a decretar a prisão de 89 envolvidos, responsáveis
pela exploração ilegal de 1,9 milhão
de metros cúbicos de madeira, suficientes
para carregar 76 mil caminhões. Se enfileirados,
cobririam a distância entre o Rio de Janeiro
e Brasília. O início do desmantelamento
da quadrilha foi anunciado hoje pelos ministros
do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos.
Do total de envolvidos na investigação
policial, 42 são empresários e 47
são servidores do Ibama - 39 de carreira
e oito de cargos comissionados. Desses 39 servidores,
21 já haviam ocupado cargos de confiança
na instituição antes de janeiro de
2003. Todos já respondem a processo administrativo
disciplinar, e o Diário Oficial da União
de hoje publica a exoneração dos oito
que ocupavam cargos em comissão, dentre eles
o gerente-executivo do Ibama no Mato Grosso. Os
servidores de carreira só poderão
ser demitidos após a conclusão do
processo.
Além da decretação da prisão
dos envolvidos e dos processos administrativos,
novas medidas estão sendo tomadas imediatamente,
começando pela chamada Operação
Arribação. Com isso, fica firmado
um convênio permanente do Ibama com a Polícia
Federal para apuração de denúncias
na Amazônia.
O Ibama do Mato Grosso estará sob intervenção
por 60 dias, e já conta com uma equipe substituta.
O interventor é o procurador que liderou
as investigações, Elielson Ayres de
Souza. O fornecimento de novas Autorizações
de Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) está
suspenso por 30 dias, e todos os servidores que
operavam sistemas de controle estão descredenciados.
A partir desta data, nenhum dos servidores que atuavam
no setor terão acesso aos sistemas de Fluxo
de Produtos e Subprodutos da Floresta (Sismad),
Integrado de Controle e Monitoramento dos Recursos
Florestais (Sisprof) e Integrado de Cadastro e Fiscalização
(Sicaf).
Ao mesmo tempo, foi ajuizada uma ação
civil pública contra a Fundação
Estadual do Meio Ambiente do Mato Grosso (Fema/MT),
para que deixe de autorizar desmatamentos considerando
uma reserva legal de apenas 50% em propriedades
rurais situadas em áreas de transição
entre Cerrado e Amazônia ou de florestas.
Além disso, a Justiça Federal no Estado
entendeu como necessária a busca e apreensão
de processos de autorização de desmatamento
expedidos pela Fundação.
O Ibama também ajuizou ações
civis públicas por danos ambientais contra
empresas e sócios envolvidos nas irregularidades.
Em até 60 dias, será realizada uma
inspeção industrial nas empresas do
setor florestal do Estado para averiguar a autenticidade
das informações do cadastramento,
cujo prazo expirou em 30 de abril de 2005. Também
será realizada, em até 90 dias, uma
auditoria em todos os planos de manejo florestal
em vigor nas autorizações para desmatamento
concedidas pelo Ibama no Mato Grosso.
Durante as investigações, foram suspensos,
por tempo indeterminado, 283 planos de manejo florestal
e cancelados outros 36, ainda em junho de 2004.
Também foram demitidos três servidores
de carreira do Ibama e um Procurador Federal da
Advocacia Geral da União, entre janeiro e
maio de 2005. Além disso, em fevereiro de
2005, houve a exoneração do gerente-executivo
e do chefe de serviço do Ibama em Sinop e
do chefe de serviço do Ibama em Rondonópolis.
Iniciada em setembro de 2003, a pedido do Ibama,
a investigação no Mato Grosso contribuiu
com os esforços de combate à impunidade
no âmbito do Plano de Prevenção
e Controle do Desmatamento da Amazônia. O
trabalho durou 20 meses, constatando que o esquema
de fraude vinha desde 11000. O alvo das investigações
da Operação Curupira foram as gerências
de Cuiabá e de Sinop e os escritórios
regionais de Pontes e Lacerda, Cáceres, Alta
Floresta, Aripuanã e Juara.
Falsificação de Autorizações
de Tansporte de Produtos da Floresta (ATPFs), autorizações
preenchidas que passaram por processo de lavagem
química para serem novamente utilizadas e
fraude em fiscalizações, entre outros
ilícitos, foram descobertas nas investigações.
Também houve vistorias com relatórios
falsos ou vistorias não realizadas e corrupção
de fiscais. Foram descobertas, ainda 431 empresas
fantasmas em todo o Estado.
A Operação Curupira foi a segunda
grande ação do Ibama contra o desmatamento
e a maior operação da Polícia
Federal já realizada na Amazônia. A
operação contou com 450 agentes da
Polícia Federal e 31 do Ibama. Entre as outras
ações realizadas pelo Ibama em parceria
com a Polícia Federal, estão a Setembro
Negro, realizada em Rondônia em julho de 2003,
que levou à prisão de 4 servidores
e 13 madeireiros, e a Faroeste, no Pará,
realizada em dezembro de 2004, que levou à
detenção de 18 pessoas, entre elas
oito servidores do Incra.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Assessoria de imprensa/MMA