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ÍNDIOS DE MATO GROSSO
PEDEM AJUDA DE DEPUTADOS PARA CONSEGUIR
TERRAS E CONTER DEVASTAÇÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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01/06/2005 - Nove
lideranças dos povos Enawenê-Nawê,
Irantxe e Kayabi pediram nesta quarta-feira (1º)
o apoio da presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara, deputada Iriny Lopes (PT-ES)
e do coordenador da Frente Parlamentar em Defesa
dos Direitos Indígenas, deputado Eduardo
Valverde (PT-RO). Os índios estão
preocupados com a demora nos processos de reconhecimento
de seus territórios considerados tradicionais
e com o crescente desmatamento nessas áreas.
Durante a reunião, os parlamentares decidiram
apresentar requerimento para a realização
de audiência pública sobre a situação
dos povos indígenas que vivem no noroeste
do Mato Grosso.
Durante a reunião, os índios entregaram
aos parlamentares um documento em que denunciam
"o acelerado processo de destruição"
dos recursos naturais que está ocorrendo
nas terras de ocupação histórica
ainda não demarcadas. Segundo a ONG Operação
Amazônia Nativa, o Mato Grosso é o
campeão nacional do desmatamento. "Foram
1,4 milhão de hectares só em 2004",
salientou Ivar Luiz Busato, um dos representantes
da ONG, que também participou da reunião.
Para Busato, a demora na demarcação
de terras de ocupação histórica
desses três povos se deve a pressões
políticas, e não a questões
técnicas. "Tecnicamente, houve a demonstração
de que essas terras são de fato da tradição
desses povos. No entanto, as forças políticas
contrárias aos interesses indígenas
se manifestam com tal força que não
é possível a Funai fazer o processo
andar e o Ministério da Justiça reconhecer
essas áreas", disse.
Representantes dos Irantxe e dos Kayabi informaram
que conseguiriam que fosse iniciada a revisão
de limites de suas terras, mas o processo está
parado na Fundação Nacional do Índio
(Funai). Já os Enawenê-Nawê reivindicam
o reconhecimento de uma área excluída
da terra demarcada em 1996.
Segundo Ivar Busato, a reivindicação
do povo Irantxe, autodenominado Manoki, é
que seja demarcada mais uma área de cerca
de 200 mil hectares. Segundo ele, a população
Irantxe é de cerca de 400 índios,
que ocupam uma área de cerrado de 45 mil
hectares, já homologada. "É um
local arenoso e ruim para a plantação.
Já a terra pleiteada pelos índios
está localizada numa área de transição
para a floresta amazônica, é mais fértil,
boa para caça e para pesca, onde estão,
inclusive, os cemitérios e os locais que
eles consideram sagrados".
José Aleixo Janaxi, líder do povo
Irantxe, disse que o desmatamento na região
cresce a cada ano, acompanhado do plantio de soja,
inclusive nas cabeceiras dos rios. "A devastação
na nossa área tradicional está ocorrendo
de uma maneira muito rápida. A gente não
pode ficar parado, senão daqui a uns anos
não haverá mais nada de mato que o
povo da etnia precisa".
Já os Kayabi pedem a demarcação
da terra Batelão, uma área de 110
mil hectares localizada próxima ao rio que
leva o mesmo nome. "Os fazendeiros usam agrotóxicos,
que acabam poluindo os rios, por isso a gente está
muito preocupado", afirmou Raimundo Jywy, da
etnia Kayabi.
Segundo Ivar Busato, após o reconhecimento
antropológico, o processo relativo à
terra Batelão foi enviado ao Ministério
da Justiça para a publicação
da portaria declaratória. No entanto, o processo
voltou para a Funai, que pediu novos estudos para
comprovar que a terra é tradicionalmente
ocupada pelos índios.
Já os cerca de 430 Enawenê-Nawê
que vivem no Mato Grosso reivindicam a inclusão
da região do Rio Preto, que ficou fora do
território homologado em 1996. Segundo Busato,
a Funai chegou a anunciar a criação
de um grupo técnico para fazer o estudo sobre
a área, mas o processo foi suspenso no início
deste ano.
Fonte: Agência Brasil – Radiobras
(www.radiobras.gov.br)
Juliana Andrade