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PF EXPÕE FRAGILIDADE
E CORRUPÇÃO EM ÓRGÃOS
AMBIENTAIS NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Junho de 2005
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Concessões
florestais exigem fortalecimento do Ibama
02-06-2005 - A Operação
Curupira da Polícia Federal e Ibama, que
resultou na prisão de dezenas de funcionários
públicos e madeireiros hoje no Mato Grosso,
demonstra que a limpeza nos quadros das instituições
públicas responsáveis por questões
ambientais e sociais na Amazônia é
essencial para garantir governança à
região. "A corrupção envolvendo
madeireiros e funcionários públicos
no Mato Grosso não é um caso isolado.
A Polícia Federal e o Ibama devem estender
esse tipo de investigação para outros
Estados, onde o desmatamento e a exploração
madeireira ilegal também ocorrem impunemente,
principalmente o Pará e Rondônia",
afirma o coordenador da Campanha Amazônia
do Greenpeace, Paulo Adário.
A governança
é essencial para a implementação
do Projeto de Lei 4776/05, em votação
no Congresso, que prevê a concessão
de florestas públicas para a realização
de manejo florestal. O PL poderá representar
um passo importante para assegurar o controle, pela
União, do patrimônio ambiental amazônico.
Mas a nova lei só será bem-sucedida
se os órgãos de monitoramento e controle,
como o Ibama, forem depurados de funcionários
envolvidos com fraude. “Além disso, os órgãos
federais (Ibama, Polícia Federal e Incra,
entre outros) precisam ser reestruturados e aparelhados
para a complexa tarefa de combater a exploração
madeireira ilegal, grilagem de terras, desmatamento
e crimes contra os direitos humanos”, disse Paulo
Adário.
Levantamento realizado
pelo Greenpeace junto aos órgãos de
governo, demonstra que mais de 72% da madeira explorada
atualmente na região amazônica tem
origem ilegal. Além disso, 74% do desmatamento
de 2004 se deram de forma ilegal, sem autorização.
No dia 18 de maio o governo divulgou que o desmatamento
na Amazônia ocorrido entre agosto de 2003
e agosto de 2004 foi de 26.130 quilômetros
quadrados, o segundo maior já registrado.
O Estado de Mato Grosso lidera as estatísticas,
com 48,1% do total.
Segundo o MMA, a
operação descobriu 431 empresas fantasmas.
Foram suspensos 283 planos de manejo e 36 outros
foram cancelados.
Entre os presos na
operação Curupira está o funcionário
do Ibama Randolf Zachow, denunciado pelo Greenpeace
em 2002 por tentar liberar, sem conhecimento de
seus superiores, mogno brasileiro ilegal apreendido
nos Estados Unidos. Na ocasião, Zachow enviou
carta para o governo dos EUA autorizando a liberação
da madeira retida em portos americanos. O Greenpeace
obteve cópia da carta e denunciou o caso
às autoridades dos dois países, impedindo
a liberação do mogno.
Concessões
florestais
Desde a tramitação
do PL 4776 no Congresso, o Greenpeace vem alertando
que, apesar dos avanços previstos, a correta
implementação apenas será possível
com uma maior presença do Estado na Amazônia.
"As fraudes envolvendo a exploração
madeireira, descobertas no Mato Grosso apontam para
riscos reais envolvendo as concessões florestais",
afirma Adário. “O projeto, porém,
oferece um marco legal para a ação
do Estado e merece ser apoiado”.
Em sua tramitação
no Congresso o PL recebeu 133 emendas. Entre elas
está uma proposta do Greenpeace e do GT Florestas
do Fórum Brasileiro de ONGs, que prevê
a adoção de áreas testemunha
(no jargão florestal, áreas a serem
mantidas intocadas em cada plano de manejo florestal,
representativas dos ecossistemas manejados).
O artigo número
75, ao qual as ONGs se opunham, foi mantido, com
alterações. Este artigo prevê
a permanência de alguns planos de manejo hoje
existentes em terras públicas, desde que
o pretenso proprietário assine documento
admitindo que a terra é pública.
MP aprovada
A Câmara dos
Deputados aprovou na terça-feira, dia 31
de maio, por votação simbólica,
o Projeto de Conversão (PLV) da Medida Provisória
239/05, que autoriza o governo a limitar atividades
privadas em áreas passíveis de se
tornar unidades de conservação. A
medida, parte do pacote anunciado pelo governo Lula
em reação ao assassinato da missionária
Dorothy Stang em fevereiro, permite a suspensão
do desmatamento em uma área de 8,2 milhões
de hectares ao longo da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém),
no sudoeste do Pará.
O corte raso de floresta primária (ainda
intocada) continua proibido na região temporariamente,
mas o andamento das atividades econômicas
legalizadas e de obras públicas licenciadas
em áreas já alteradas fica garantido.
O prazo de seis meses (prorrogável por mais
seis meses) para a realização de estudos
visando à criação de Unidades
de Conservação (UCs), que fora instituído
pelo texto original, passou para sete meses sem
direito à prorrogação.
A MP, que adiciona
um artigo à lei 9985, de 2000, que instituiu
o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
(SNUC), foi aprovada após intensas articulações
políticas lideradas pelo Ministério
do Meio Ambiente (MMA) nos últimos dias.
O relator da matéria, deputado Nicias Ribeiro
(PSDB), ligado ao setor madeireiro no Pará,
havia elaborado um parecer contrário à
MP e a oposição ameaçava derrubá-la
em plenário.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa