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POPULAÇÃO
DE GUARULHOS SE MOBILIZA EM DEFESA DA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Guarulhos (SP) – Brasil
Junho de 2005
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03.06.2005 - Cerca
de 450 alunos do curso de Direito da FIG (Faculdades
Integradas Guarulhos) vão percorrer, neste
sábado (dia 4), o bairro Recreio São
Jorge (periferia) e, no domingo (dia 5), o bairro
Bosque Maia (centro), para conscientizar a população
sobre a urgência de se proteger a Amazônia.
Os estudantes vão coletar assinaturas em
apoio ao programa Cidade Amiga da Amazônia,
do Greenpeace, e plantar um total de 1.000 mudas
de árvores nativas. O objetivo do programa
é que as prefeituras brasileiras implementem
leis municipais para evitar o consumo de madeira
de origem criminosa nas licitações
públicas.
Vários municípios
paulistas, como Piracicaba e Campinas, foram procurados
pelo Greenpeace e incentivados a aderir ao Cidade
Amiga da Amazônia e, hoje, participam do programa.
Em Guarulhos, a novidade é que a iniciativa
partiu de uma sócia-voluntária do
Greenpeace, Mônica Lampe, que conseguiu envolver
a FIG e mobilizar os estudantes. “Aqui em Guarulhos
a apresentação do projeto de lei do
programa Cidade Amiga da Amazônia se dará
através de iniciativa popular, ou seja, a
lei será apresentada aos vereadores pelos
próprios cidadãos”, explica Mônica.
“Nossa meta é reunir 27 mil assinaturas para
encaminhar o projeto de lei à Câmara
dos Vereadores. Além de conseguir melhorias
na legislação, vamos conscientizar
muita gente sobre a destruição da
Amazônia”.
De acordo com Mônica,
o processo dentro da prefeitura de Guarulhos já
está em andamento. O projeto de lei já
foi apresentado ao secretário de Meio Ambiente
da cidade, Alexandre Kise. A proposta foi revisada
pelo Grupo de Estudos e Pesquisa da FIG, coordenado
pelo professor Jerson Carneiro Gonçalves
Jr., que incluiu nos critérios a proibição
do consumo de 29 espécies de madeira ameaçadas
de extinção, além do mogno,
sugerido pelo Greenpeace.
“O Greenpeace agradece
o envolvimento da população de Guarulhos
com o programa Cidade Amiga da Amazônia”,
afirma Rebeca Lerer, coordenadora do programa do
Greenpeace. “É um exemplo de cidadania e
consciência que pode e deve ser seguido por
outras cidades brasileiras”.
No dia 18 de maio,
o governo brasileiro divulgou a segunda maior taxa
de desmatamento da história. Entre agosto
de 2003 e agosto de 2004, 26.130 quilômetros
quadrados de floresta foram completamente destruídos.
A madeira utilizada para construir escolas, prédios
públicos e postos de saúde pode estar
vindo de desmatamentos irregulares ou da extração
ilegal. Cerca de 70% da madeira produzida na região
amazônica é consumida no Brasil – o
Estado de São Paulo consome 15% deste total
e a madeira é proveniente principalmente
do Mato Grosso e de Rondônia.
Ao aderirem ao programa
do Greenpeace, as prefeituras contribuem para minimizar
a destruição ilegal da floresta. Para
tornar-se uma Cidade Amiga da Amazônia, as
administrações devem formular leis
municipais que exijam quatro critérios básicos
em qualquer compra ou contratação
de serviço que utilize madeira da Amazônia:
proibir o consumo de mogno (1); exigir, como parte
dos processos de licitação, provas
da cadeia de custódia que identifiquem a
origem legal e os Planos de Manejo Florestal da
madeira; dar preferência à madeira
certificada pelo FSC (2); e orientar construtores
e empreiteiros a substituir madeiras utilizadas
em tapumes, fôrmas de concreto e andaimes
por alternativas reutilizáveis como ferro
ou chapas de madeira resinada.
No Estado de São
Paulo, os municípios de Botucatu, Piracicaba,
São Manuel e Conchas já elaboraram
leis em defesa da floresta. Outros quatro municípios
paulistas - São Carlos, Sorocaba, São
José dos Campos e Campinas - assinaram o
termo de compromisso e estão em fase de implementação
do programa.
Notas:
(1) O mercado de
mogno – a mais valiosa madeira da Floresta Amazônica
– foi paralisado desde dezembro de 2001, quando
o Ibama proibiu a exploração, transporte
e comércio da espécie após
comprovar a enorme ilegalidade que caracteriza o
setor. Ações de fiscalização
realizadas nas áreas de extração
e nas empresas exportadoras constataram a exploração
ilegal em terras indígenas e áreas
públicas, fraude e desrespeito à legislação
florestal. Em 2003, o governo federal criou uma
legislação específica para
a exploração de mogno na Amazônia,
mas até hoje não existem empresas
capazes de realizar o manejo do mogno de acordo
com tais padrões.
(2) Atualmente, os
melhores padrões e critérios de manejo
florestal são os estabelecidos pelo FSC (Forest
Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Florestal).
O FSC é o único sistema de certificação
independente que adota padrões ambientais
internacionalmente aceitos, incorpora de maneira
equilibrada os interesses de grupos sociais, ambientais
e econômicos e tem um selo amplamente reconhecido
no mundo todo. O sistema FSC assegura a integridade
da cadeia de custódia da madeira desde o
corte da árvore até o produto final
chegar às mãos dos consumidores. O
FSC oferece a melhor garantia disponível
de que a atividade madeireira ocorre de maneira
legal e não acarreta a destruição
das florestas primárias como a Amazônia.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa