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RESPOSTA DO GREENPEACE
À MATÉRIA TENDENCIOSA DA REVISTA
ISTOÉ DINHEIRO
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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Senhor editor,
O Código de
Ética dos Jornalistas Brasileiros, em seu
artigo 14, determina que o jornalista deve "ouvir
sempre, antes da divulgação dos fatos,
todas as pessoas objeto de acusações
não comprovadas, feitas por terceiros e não
suficientemente demonstradas ou verificadas".
Em seu artigo 10, o mesmo código afirma que
"o jornalista não pode frustrar a manifestação
de opiniões divergentes ou impedir o livre
debate".
Na última
edição de IstoÉ Dinheiro, de
1 de junho de 2005, na reportagem "Amazônia:
querem tomar essa riqueza", verificamos que
essas duas regras básicas do exercício
correto da profissão foram quebradas. Em
primeiro lugar, por privilegiar uma única
corrente de opinião, a qual, utilizando um
nacionalismo exacerbado e alarmista, enxerga uma
ameaça à soberania nas atividades
das organizações não-governamentais
que lutam pela preservação do patrimônio
ambiental do Brasil. Em segundo lugar, por fazer
uma acusação direta ao Greenpeace
sem ouvir a organização, no trecho:
"a tese do Greenpeace é a de que a madeira
da Amazônia não deve ser explorada
nem mesmo como manejo florestal". Se os repórteres
tivessem ao menos consultado o website do Greenpeace,
teriam visto que o manejo florestal em bases sustentáveis
é uma das alternativas defendidas pela organização
para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Um trabalho responsável
de reportagem poderia ter identificado a verdadeira
face de algumas das fontes da reportagem, como Lorenzo
Carrasco, autor do livro "A Máfia Verde",
publicado por um certo Movimento de Solidariedade
Ibero-Americana (MSIA), também responsável
por um documento contra o Greenpeace que há
muito circula na Internet. Criado nos Estados Unidos
por um cidadão de extrema direita, Lyndon
LaRouche, o MSIA tem representações
no Brasil, México, Peru, Colômbia,
Venezuela e República Dominicana. O livro
é uma peça delirante que pretende
convencer os leitores de que existe uma conspiração
mundial liderada por um certo Clube das Ilhas para
acabar com a democracia e instaurar uma monarquia
global dirigida pelas coroas da Inglaterra e Holanda.
Fariam parte desse movimento, entre outros, órgãos
da ONU nos quais o Brasil tem assento como a Unesco,
as fundações Ford, Rockefeller e Jacques
Cousteau, o Clube de Roma, multinacionais do petróleo
como a Shell e até entidades de direitos
humanos como a Anistia Internacional. O movimento
ambientalista e os defensores dos povos indígenas
nada mais seriam que peças dessa conspiração
inacreditável.
A reportagem afirma,
em seu primeiro parágrafo, que o Brasil foi
atacado pela imprensa mundial devido à divulgação
dos assustadores índices de desmatamento
de 26.130 quilômetros quadrados.
Consideramos que o Brasil não foi atacado
pela imprensa mundial. Na verdade, o Brasil é
atacado dia a dia por aqueles que destroem seu patrimônio
ambiental em busca de lucros fáceis, sem
respeito às leis
do país e aos direitos humanos. Com a perda
da cobertura vegetal da floresta amazônica,
o país desperdiça valiosos recursos
em biodiversidade, além de propagar um modelo
de políticas públicas e desenvolvimento
que perpetua a miséria e os problemas sociais.
Frank Guggenheim
Diretor Executivo
Greenpeace
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa