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BRASIL BOICOTA REGRAS INTERNACIONAIS
MAIS RIGOROSAS PARA TRANSGÊNICOS
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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06-06-2005 - Em
encontro do Protocolo de Cartagena de Biossegurança,
mais de 100 países exigem normas mais claras
para rotulagem. Na contramão, governo brasileiro
privilegia o agronegócio e ignora a proteção
da biodiversidade.
O encontro dos membros do Protocolo de Cartagena
de Biossegurança para implementação
de um comércio seguro de transgênicos
terminou com fracasso na sexta-feira passada. Apesar
de mais de 100 países demandarem regras claras
de rotulagem para barrar a contaminação
por transgênicos, o Brasil e a Nova Zelândia
foram os responsáveis pelo fracasso do acordo.
O objetivo da reunião era determinar regras
internacionais de rotulagem mais rigorosas para
a importação e exportação
de organismos transgênicos com base no Princípio
da Precaução, garantindo a proteção
da biodiversidade dos países.
“É uma vergonha a posição do
Brasil de boicotar estas negociações
(1), impedindo que todos os países membros
do acordo estabeleçam regras para proteção
da sua biodiversidade”, disse Gabriela Couto, bióloga,
da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.
“Fica claro que o governo brasileiro está
se recusando a assumir seu compromisso internacional
de informar com detalhes o conteúdo de suas
exportações. Com isso, ignora as conseqüências
que o comércio de transgênicos pode
acarretar ao meio ambiente, privilegiando apenas
os interesses comerciais do agronegócio”,
completou Gabriela.
O Brasil hoje tem autorizado legalmente o cultivo
de variedades de soja e algodão transgênicos.
Por ser um dos países com maior diversidade
do planeta, o cultivo e a comercialização
destas variedades pode acarretar não apenas
a perda de espécies nativas brasileiras pelos
transgênicos, mas também a contaminação
generalizada em outros países.
O governo brasileiro autorizou este ano a importação
de seis variedades de milho transgênico para
alimentar aves sem as devidas avaliações
de risco para o meio ambiente e de medidas para
evitar a contaminação de alimentos
de consumo humano. Os Ministérios do Meio
Ambiente e da Saúde questionaram a segurança
destas variedades entrando com recurso contra esta
decisão. A Justiça ainda deve julgar
o caso. “É fundamental que regras mais rigorosas
de rotulagem para exportação e importação
sejam estabelecidas para que o consumidor seja informado
sobre a presença de transgênicos no
seu dia-a-dia”, disse Gabriela.
Em função do impasse, as negociações
devem seguir na Convenção da Diversidade
Biológica, que acontecerá em Curitiba
(PR), em março de 2006. Novas propostas podem
ser estabelecidas pelos países membros, podendo
ser ainda mais rigorosas. Caberá ao Brasil,
como anfitrião da reunião, assumir
para o mundo se prioriza a proteção
do meio ambiente ou o agronegócio predatório.
(1) Existem no Brasil e no mundo regras claras para
informação do consumidor quanto à
necessidade de rotulagem em produtos que podem conter
transgênicos. O fortalecimento destas regras
no Protocolo de Biossegurança visava o encorajamento
dos países a estabelecer legislações
mais rigorosas, garantido a proteção
da biodiversidade e o direito a informação.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa