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DISCURSO DA SOLENIDADE
DE ASSINATURA DE DECRETOS E TERMO DE COMPROMISSO
DE SP
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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05.06.2005 - Minuta
– Solenidade Parque do Tietê
Prezados amigos e
representantes das organizações ambientalistas
e sociais aqui presentes;
Excelentíssimo Senhor Secretário Municipal
do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge;
Excelentíssimo Senhor Secretário Estadual
do Meio Ambiente, Prof. José Goldemberg;
Excelentíssimo Senhor Prefeito da Cidade
de São Paulo, José Serra;
Excelentíssimo Senhor Governador do estado
de São Paulo, Geraldo Alckmin.
É com imensa
satisfação que, na qualidade de Diretor
Executivo do Greenpeace Brasil, participo desta
solenidade de assinatura dos decretos municipal
e estadual que restringem o consumo de madeira ilegal
e do termo de compromisso que formaliza a adesão
do município de São Paulo ao Programa
Cidade Amiga da Amazônia.
O Greenpeace é uma organização
não-governamental dedicada à paz e
à defesa do meio ambiente em mais de 30 países.
Atuamos no Brasil desde 1992 em diversas campanhas,
que vão desde a defesa da Amazônia
até a luta pela adoção de fontes
de energia limpas e renováveis.
Por conta de nosso trabalho em defesa da Amazônia,
há muito denunciamos a indústria madeireira
que atua de forma ilegal e predatória na
região. O Brasil consome quase 70% da madeira
produzida na Amazônia e, portanto, o mercado
doméstico tem grande responsabilidade - e
poder, para exigir melhorias nos padrões
produtivos da indústria madeireira. Várias
organizações da sociedade civil desenvolvem
iniciativas relacionadas ao mercado de madeira amazônica,
tais como o Grupo de Compradores e o Grupo de Produtores
Florestais, que incentivam a expansão da
certificação florestal FSC.
Para ajudar a criar condições de mercado
para a madeira oriunda de manejo florestal sustentável
e de áreas certificadas, o Greenpeace idealizou
o Programa Cidade Amiga da Amazônia. Com foco
nos consumidores do setor público, o programa
estimula a criação de leis locais
que evitam a compra de madeira proveniente de extração
ilegal e predatória, principalmente de desmatamentos
criminosos, por prefeituras e governos estaduais.
Infelizmente, a maior parte da madeira produzida
no Brasil hoje ainda tem origem ilegal. As taxas
de desmatamento na Amazônia, recentemente
divulgadas pelo Governo Federal, causaram comoção
no país e fora dele, revelando a indignação
da sociedade brasileira e internacional diante do
crescimento desenfreado da destruição
de nossa floresta e de sua imensa biodiversidade.
Apenas no período de 2003 a 2004, foram desmatados
26.130 Km2 da Amazônia, o que equivale a mais
de 16 vezes a área do município de
São Paulo. Destas áreas, saem grandes
volumes de madeira que acabam sendo utilizados em
obras de infra-estrutura, mobiliário e usos
privados. Este quadro pode e deve ser mudado imediatamente.
No último ano, o governo federal criou diversas
unidades de conservação na Amazônia
e vem apresentando algumas medidas de incentivo
ao manejo florestal sustentável. Porém,
para ajudar a deter o desmatamento criminoso da
Amazônia, acreditamos que a legislação
federal que controla a extração e
o comércio de madeira deve ser aprimorada.
É fundamental que o sistema de monitoramento
da madeira permita que os produtos oriundos de Planos
de Manejo Florestal sejam identificados com precisão.
Só assim os consumidores poderão efetivamente
contribuir para o desenvolvimento sustentável
da região. Contamos com a continuidade da
colaboração do IBAMA com o programa
Cidade Amiga da Amazônia.
Ao aderir ao Programa Cidade Amiga da Amazônia,
a cidade e o estado de São Paulo dão
um aporte importante para a proteção
do meio ambiente, já que São Paulo
é o maior consumidor da madeira extraída
da Amazônia. Em 2004, 15% de toda a madeira
extraída no Brasil é consumida em
nosso estado, o que equivale a 3 vezes o volume
total de madeira exportado para os EUA no mesmo
período. Este dado torna a assinatura desses
decretos e termos de compromisso um ato de enorme
relevância social e ambiental.
Os decretos e a adesão ao Programa também
colocam a cidade e o estado de São Paulo
na vanguarda da defesa do meio ambiente em nosso
país, o que gera para o Greenpeace e para
os povos da floresta esperança e expectativas
concretas de que outras cidades e estados seguirão
o mesmo exemplo. Aproveitamos para estender o convite
de participação no programa à
todos os prefeitos aqui presentes. Caso haja interesse,
favor comunicar-se com a equipe do Greenpeace aqui
presente.
Nesta oportunidade, em nome de toda a equipe do
Greenpeace, gostaria de destacar o empenho das Secretarias
Municipal e Estadual do Meio Ambiente, nas pessoas
dos Exmos. Senhores secretários José
Goldemberg e Eduardo Jorge, que não mediram
esforços para concretizar esta iniciativa.
Gostaria ainda de parabenizar o Prefeito José
Serra e o Governador Geraldo Alckmin pela determinação
com que assumem o compromisso de proteger a floresta
Amazônica, as populações tradicionais
que nela vivem e incentivar o consumo sustentável.
Para finalizar, gostaria de dedicar esta cerimônia
à Irmã Dorothy Stang, que morreu como
tantos outros em defesa da paz na Amazônia
e um planeta mais digno e mais justo.
Frank Guggenheim
Diretor-executivo do Greenpeace Brasil
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa