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FESTIVAL ECOLÓGICO
DISCUTE POLÍTICAS PÚBLICAS
PARA RECURSOS HÍDRICOS E MEIO AMBIENTE
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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10/06/2005 Evento
reúne mais de três mil pessoas entre
pesquisadores, gestores públicos, representantes
de sindicatos, ONGs, movimentos sociais e povos
indígenas. Abertura contou com a presença
do secretário de Desenvolvimento Sustentável
do MMA, Gilney Viana, que defendeu a Operação
Curupira da Polícia Federal e afirmou que
os instrumentos de comando e controle ambiental
vivem uma crise.
Começou na noite da última quinta-feira,
dia 9 de junho, em Alta Floresta (MT), 850 quilômetros
ao norte de Cuiabá, o III Festival Ecológico
e Cultural das Águas do Mato Grosso, edição
Águas da Amazônia. Organizado pela
Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat) com
apoio de diversas entidades civis, o evento, que
vai até este sábado, dia 11, pretende
discutir e propor políticas públicas
para a conservação dos recursos hídricos
e do meio ambiente na região. Participam
das atividades pesquisadores, especialistas, autoridades,
representantes de ONGs, movimentos sociais, associações,
sindicatos e povos indígenas.
O Festival foi aberto com uma conferência
sobre Água, Biodiversidade e Cultura proferida
pelo secretário de Desenvolvimento Sustentável
do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana.
Ele comentou a Operação Curupira,
deflagrada pela Polícia Federal na semana
passada, quando mais de 90 pessoas foram presas
acusadas de fazer parte de uma quadrilha de exploração
ilegal de madeira, várias delas funcionárias
da Fundação do Meio Ambiente do Mato
Grosso (Fema) e do Instituto do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Viana considerou que os incidentes deixam claro
que os instrumentos de controle e fiscalização
ambientais convencionais não foram capazes
de frear os desmatamentos.
“É uma coisa boa a crise por que estão
passando a Fema e o Ibama no Mato Grosso. É
uma crise de depuração, boa para dar
um limpa e acabar com os corruptos. Depois disso
vamos fazer uma repactuação com o
governo estadual”, avaliou Viana. Ele garantiu que
a administração federal não
vai aceitar mais índices como o 1,8 milhão
de hectares desmatados por Mato Grosso entre 2002
e 2003. “Por outro lado, é uma crise que
alerta os governos federal e estadual de que eles
precisam conversar para se unirem. Nós queremos
fazer um pacto com o governo estadual para a redução
gradativa das queimadas e do desmatamento. A partir
daí, nós conversamos. Sem isso, não
tem conversa”.
Viana informou que o governo está finalizando
um projeto sobre instrumentos econômicos –
incentivos fiscais, multas, sobretaxas e créditos
agrícolas que sigam critérios ambientais
– para punir quem desmata indiscriminadamente e
estimular aqueles que produzam de forma sustentável
e com tecnologias limpas. “Temos uma proposta de
crédito sustentável e de tributo sustentável.
Estamos pensando incentivos seja de acesso, de redução
de prazos e até abatimento do principal da
dívida. Fizemos um acordo prévio com
o Ministério da Fazenda. Existe até
uma novidade semelhante ao incentivo à cultura
feito sobre isenções do imposto de
renda”.
A ecóloga e coordenadora do Programa Água,
Biodiversidade e Cultura (ABC) da Unemat, professora
Carolina Joana da Silva, também participou
da conferência de abertura do Festival. Ela
lembrou que as discussões sobre água
não podem ser feitas isoladamente e devem
contar com a participação de comunidades
tradicionais e organizações da sociedade
civil. “É preciso pensar uma política
ambiental que não se reduza ao setor florestal,
a um setor específico. Devemos pensar em
uma política para o Pantanal e para o Cerrado,
ou em uma política ampla para as áreas
protegidas, por exemplo”.
Raio-X do
Festival das Águas de Mato Grosso
O Festival das Águas
de Mato Grosso que está sendo realizado em
Alta Floresta, na verdade, é a terceira edição
de um evento que começou em 2003. As edições
anteriores, que aconteceram em Cáceres e
em Luciara, tiveram como temas respectivamente as
águas do Pantanal e do Araguaia.
Este ano, o evento reúne quase três
mil pessoas vindas de todo o Mato Grosso e de várias
regiões do País. São mais de
cinco conferências, 60 minicursos e oficinas,
além de inúmeras palestras, seminários
e mesas de diálogos. O Festival aborda temas
tão variados como políticas e iniciativas
em educação ambiental, pesca e aqüicultura
na Amazônia, gestão integrada de resíduos
sólidos, zoneamento econômico-ecológico,
inclusão digital para pequenos agricultores,
recuperação de matas ciliares, instrumentos
musicais feitos com material reciclado, rádios
comunitárias e o ensino da cultura e da história
afro-brasileira.
O Festival também visa valorizar e divulgar
a diversidade cultural do Mato Grosso e da Amazônia
e traz uma programação variada com
24 atrações, entre perfomances e apresentações
de música, dança e teatro. Além
disso, também estão ocorrendo exibições
de vídeos e filmes, exposições
de quadros e lançamentos de várias
publicações que tratam de temas socioambientais.
O evento conta ainda com uma “Feira Solidária”
de artesanato, comidas e bebidas regionais, produtos
orgânicos, artigos produzidos pelos povos
da floresta e por agroindústrias familiares.
O encontro em Alta Floresta se caracteriza por um
formato inusitado e inovador. Espaço principal
do evento, a tenda central e o palco para shows
foram armados em praça pública e são
abertos à população da cidade
de cerca de 60 mil moradores. O Festival e suas
atrações culturais estão movimentando
a localidade como nunca e acabaram se tornando o
ponto de encontro principal da juventude da região.
As atividades também estão acontecendo
em escolas, anfiteatros e sedes de sindicatos.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Oswaldo Braga de Souza)