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INVESTIGAÇÃO
DE QUADRILHA EM MT NÃO REVELA LIGAÇÕES
POLÍTICAS NO ESQUEMA, DIZ INTERVENTOR
DO IBAMA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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07/06/2005 – O interventor
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) em Mato Grosso,
Elielson Ayres, diz acreditar que as investigações
sobre a quadrilha que extraía e vendia madeira
ilegal no estado não revelam ligações
políticas no esquema. "Não há
nenhuma prova, nenhum elemento que nos possibilite
dizer que há tentáculos políticos
vinculados a madeireiros, a despachantes",
avaliou Ayres.
De acordo com o delegado da Polícia Federal
em Mato Grosso, Tardelli Boaventura, numa das gravações
realizadas durante a investigação,
madeireiros conversam sobre a necessidade de comprar
convites para um jantar de arrecadação
de recursos para a campanha do candidato do Partido
dos Trabalhadores (PT) à prefeitura de Cuiabá,
Alexandre César, em 2004.
Na conversa gravada, os madeireiros comentam que
a compra dos ingressos seria importante para manter
no cargo o então gerente-executivo do Ibama
em Mato Grosso Hugo José Werle. Petista,
Werle foi preso por suspeita de participar da quadrilha
do desmatamento ilegal.
Cada convite custava R$ 500 e o evento teve a participação
do ministro José Dirceu, da Casa Civil, e
do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS).
Outros telefonemas gravados pela PF registram a
conversa da secretária de Werle com madeireiros,
em que ela pede a confirmação no jantar.
"Em princípio não ficou evidenciado
nenhum tipo de crime, nenhum tipo de ilícito
porque foi um jantar na véspera da eleição,
com o objetivo de arrecadar fundos para a campanha",
afirmou Boaventura, responsável pela investigação
da Operação Curupira.
O interventor do Ibama disse que Hugo Werle também
realizou doações pessoais para a campanha
no valor de R$ 5 mil. Além disso, conseguiu
a doação por parte de empresários
também acusados de participar da quadrilha,
no valor de R$ 50 mil, e de seu gerente-adjunto,
no valor de R$ 5 mil. "No meu entendimento,
ele queria era uma posição mais importante
dentro da campanha e deu aquelas contribuições",
disse Elielson Ayres.
Hugo Werle foi uma das pessoas presas pela Operação
Curupira, realizada pela Polícia Federal
a pedido do próprio Ibama, para identificar
o esquema ilegal de extração e venda
de madeira no estado. Foram 20 meses de investigação
para identificar a forma de atuação
e os integrantes da quadrilha que agia há
14 anos e tinha a participação de
funcionários do Ibama em Mato Grosso, madeireiros
e despachantes.
Além de Hugo Werle, também foram presos
outros dois filiados ao PT: Ana Luíza Mancini
da Riva, gerente do Ibama em Sinop; e Marcos César
Antoniassi, gerente do Ibama na cidade de Juara
e presidente do diretório municipal do partido
em Novo Horizonte do Norte.
O interventor do Ibama destacou, no entanto, que
também houve prisão de funcionários
do instituto que foram indicados por outros partidos.
É o caso, por exemplo, de Laércio
Campos, Dirceu de Souza e Paulo Roberto Salazar,
ex-chefes de escritórios do Ibama em Mato
Grosso. Os três foram indicados para os cargos
pelo deputado federal Pedro Henry, do Partido Progressista
(PP) mato-grossense.
"Essas acusações políticas
de um lado e de outro, na minha opinião,
não têm elementos dentro do campo de
provas que foram recolhidas", disse Ayres.
Outro preso pela operação, o ex-gerente
do Ibama em Sinop Gleyçon Benedito de Figueiredo,
foi indicado pelo deputado federal Ricarte de Freitas,
eleito pelo PSDB e hoje no PTB.
Para o interventor, os atos praticados por pessoas
com filiação partidária não
representam a conduta dos partidos. "É
até leviano colocar isso", defendeu.
"Eu acho que a atuação, a imoralidade,
a desonestidade foi das pessoas que tinham recebido
outorgas de partidos e não cumpriram com
o dever das suas funções", concluiu.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Cecília Jorge