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ONGs PEDEM A LULA MAIOR
PRESENÇA DO ESTADO NA AMAZÔNIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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07/06/2005 - Diversas
organizações não-governamentais
(ONGs) encaminharam hoje (7) ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva uma carta pedindo a
presença efetiva do Estado na Amazônia.
As entidades realizaram também um ato na
Praça dos Três Poderes, em Brasília,
para relembrar a luta da freira Dorothy Stang pelos
povos da floresta e para pedir paz no campo. Irmã
Dorothy, que foi assassinada com seis tiros no dia
12 de fevereiro em Anapu (PA), completaria hoje
74 anos.
No documento encaminhado ao presidente, as ONGs
pedem o fortalecimento dos órgãos
federais para que garantam o fim da violência
e da impunidade na Amazônia. "Os mesmos
agentes que tinham interesse em expulsar Irmã
Dorothy de Anapu a qualquer custo, hoje se manifestam
publicamente afirmando que farão todo o necessário
para inviabilizar os Projetos de Desenvolvimento
Sustentável sendo implementados pelo Incra
no município. E as lideranças que
defendem os interesses das comunidades locais estão
sendo mais e mais perseguidas e oprimidas pelo poder
público local", informou a carta.
Um dos representantes do Greenpeace, Carlos Rittl,
acredita que pouca coisa mudou depois da morte de
Dorothy Stang. "Apesar de toda a comoção
que houve em função do assassinato
da irmã Dorothy, as coisas não mudaram
muito. As pessoas que vivem lá continuam
sendo perseguidas. Elas vão muitas vezes
atrás da polícia em busca de proteção
e o que elas conseguem é opressão.
O que a gente quer mostrar é que o governo
veio com medidas emergenciais, mas que não
resultou em mudanças na realidade dessas
pessoas."
Ele diz que o governo federal tem que adotar medidas
mais concretas: "Estamos apresentando demandas
claras ao governo para que ele garanta a segurança
das pessoas, reconheça as demandas das comunidades
e os direitos dos povos da floresta". A carta
pede que sejam realizados o ordenamento territorial
e a regularização fundiária
das áreas comunitárias no Pará,
além do cadastramento dos imóveis
rurais; que sejam implementadas as unidades de conservação
na região; e que seja fortalecida a Produção
Familiar Rural e Extrativista para que resista à
expansão da agricultura empresarial.
"A Amazônia tem pressa. Ela não
pode viver só de ações emergenciais
de momentos de crise, como no assassinato de uma
liderança importante como a irmã Dorothy.
A gente não suporta mais ver pessoas que
dedicam a sua vida em nome dos povos da floresta
serem assassinadas brutalmente sem que as coisas
mudem definitivamente", desabafou Carlos Rittl.
O documento pede ainda a federalização
do processo de homicídio da irmã Dorothy
Stang. Amanhã (8), o Superior Tribunal de
Justiça deve decidir se transfere a ação
para âmbito federal. "A impunidade dos
crimes acontecidos no Pará não dá
esperança de que a justiça do Estado
seja capaz de levar a julgamento todos os envolvidos
no caso. Por isso, a gente acredita que a justiça
só será feita por meio da federalização
do caso", disse Carlos.
A carta, que foi encaminhada ao presidente Lula,
foi entregue também ao ministro Nilmário
Miranda, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Segundo o coordenador da ONG Terra de Direitos,
Darci Frigo, o ministro se comprometeu a dar uma
resposta por escrito a todas as organizações
sobre cada ponto reivindicado.
O documento foi assinado por várias entidades:
Associação Brasileira de Organizações
Não Governamentais (ABONG), Central Única
dos Trabalhadores (CUT), Comissão Pastoral
da Terra (CPT), Conselho Nacional dos Seringueiros
(CNS), Federação dos Trabalhadores
na Agricultura (FETAGRI-Transamazônica e Xingu),
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS),
Fórum Nacional pela Reforma Agrária
e Justiça no Campo (Fórum Nacional
RAJC), Fundação Viver, Produzir e
Preservar (FVPP), Greenpeace, Grupo de Trabalho
Amazônico (GTA), Instituto de Estudos Socioeconômicos
(INESC), Instituto Socioambiental (ISA) e Terra
de Direitos.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Marcela Rebelo