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POLÍTICAS PÚBLICAS
AMBIENTAIS COMEÇAM A INTEGRAR AÇÕES
DE CONSERVAÇÃO NA BACIA DO
XINGU
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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08/06/2005 Projeto
federal de manejo da biodiversidade aquática
escolhe as cabeceiras do Rio Xingu como uma de suas
áreas prioritárias e o Plano BR-163
Sustentável faz menção à
necessidade de proteger e recuperar as matas ciliares.
Apesar do Mato Grosso ser o campeão do desmatamento
na Amazônia, o Estado abriga experiências
de conservação que podem servir de
exemplo.
A campanha `Y Ikatu Xingu, que pretende proteger
e recuperar as matas ciliares e as nascentes do
Rio Xingu, começa a influenciar algumas políticas
públicas para o setor ambiental. O Projeto
Manejo Integrado da Biodiversidade Aquática
e dos Recursos Hídricos na Amazônia
(Aquabio) escolheu as cabeceiras do Rio Xingu –
nos municípios de Canarana, Querência
e Água Boa – como uma de suas áreas
prioritárias na Amazônia. A escolha
foi feita por causa da grande quantidade de espécies
de peixes presentes (cerca de 350), do número
expressivo de áreas protegidas na região,
do elevado grau de ameaça ambiental e existência
de mobilização local para a proteção
das matas ciliares.
Entre outros pontos, o Aquabio pretende elaborar
e disseminar práticas de conservação
da biodiversidade aquática e desenvolver
um sistema de informações sobre o
tema. A idéia é elaborar planos e
políticas públicas para gestão
integrada, realizar atividades demonstrativas, como
o desenvolvimento de técnicas de recuperação
de nascentes, por exemplo, cursos e atividades de
monitoramento e avaliação. Poderão
ser apoiadas iniciativas que envolvam recuperação
de nascentes e matas ciliares, produção
familiar agroflorestal e ecoturismo. O projeto está
em sua fase de elaboração, realização
de diagnósticos e consultas à sociedade
civil. A resposta sobre a aprovação
do seu financiamento pelo Fundo Mundial para o Meio
Ambiente (GEF, em inglês), no valor de US$
17,2 milhões, deve ser conhecida nas próximas
semanas e a expectativa é de que a ação
seja iniciada em janeiro de 2006.
A necessidade de proteger as matas ciliares do Rio
Xingu é citada também em outras iniciativas
do governo federal. O documento que resume a 2ª
etapa de consultas à sociedade sobre o Plano
de Desenvolvimento Regional Sustentável para
a Área de Influência da Rodovia BR-163,
divulgado em março, faz menção
à necessidade de proteger a vegetação
à beira dos cursos d´água na
região. Existe, portanto, uma determinação
política do governo federal – que pode ser
cobrada pela sociedade civil – para tratar do problema.
O Plano pretende implementar ações
em médio e longo prazo para atenuar os impactos
socioambientais negativos da pavimentação
da estrada, obra que, segundo o governo, deverá
ser iniciada antes do fim do mandato do presidente
Lula.
MT bate recorde
de desmatamentos, mas também tem boas experiências
de conservação ambiental
Conforme levantamento
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
divulgado no último dia 18 de maio, a Amazônia
perdeu 26,1 mil quilômetros quadrados de florestas,
de agosto de 2003 a agosto de 2004, e o Mato Grosso
foi responsável por 48,1% do total, ou seja,
12,5 mil quilômetros quadrados. Enquanto quase
todos os outros Estados da região diminuíram
ou estabilizaram suas taxas, na comparação
com o período anterior, o Mato Grosso elevou
seus desmates em 20%. Apesar do Estado ser o campeão
nacional do desmatamento, também continua
a abrigar algumas iniciativas de conservação
ambiental realizadas por entidades da sociedade
civil que podem servir de exemplo para outros lugares.
Essas experiências não param de multiplicar-se
pelos quatro cantos do Estado e também na
bacia do Rio Xingu.
Criar gado e proteger a natureza, a princípio,
não parece ser uma idéia muito atraente
para a maioria dos produtores rurais. Pois é
isso que pretendem fazer os pecuaristas Jonh e Ana
Francisca Carter, donos de uma fazenda de 8 mil
hectares em Querência. Há mais de dez
anos na região, eles estão assustados
com o ritmo do desmatamento na área. Ao mesmo
tempo, os dois estão preocupados com as exigências
do mercado internacional, que busca cada vez uma
carne que seja produzida segundo normas ambientais.
Para criar seu rebanho respeitando o limite da Reserva
Legal, o casal Carter criou uma rede de produtores
que pretendem certificar o gado seguindo regras
de proteção ambiental. Denominada
Aliança da Terra, a rede já conta
com associados importantes como o Grupo Amaggi e
a empresa Brascan. Agora a entidade pretende conseguir
apoio de pequenos produtores.
Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
(www.socioambiental.org.br)
Assessoria de imprensa (Oswaldo Braga de Souza)