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DEPUTADO PROPÕE
ZONEAMENTO PARA ÁREAS DE CONSERVAÇÃO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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15/06/2005 Em audiência
pública promovida pela Comissão da
Amazônia, Integração Nacional
e de Desenvolvimento Regional, o deputado Miguel
de Souza (PL-RO) defendeu hoje o zoneamento socioeconômico
e ecológico das áreas de várzea
(planície fértil e cultivável
de um vale) na Amazônia. Ele afirma que essa
seria uma saída para conciliar a conservação
do meio ambiente e a sobrevivência das populações
que habitam essas localidades. "Quando cheguei
a Rondônia, havia um programa do governo federal
para desmatar a vegetação nas áreas
de várzea para combater a malária.
Hoje estamos pagando por isso", disse.
O coordenador do Projeto Manejo dos Recursos Naturais
da Várzea (Provárzea) do Ibama, Mauro
Luís Rufino, explicou que as várzeas
devem ser exploradas pelas comunidades tradicionais
mediante concessão de uso e planos de manejo.
"O problema é que o Ibama não
pode oferecer titulação de terra pública",
destacou.
Esse problema pode ser solucionado com a aprovação
do Projeto de Lei 2833/03, do deputado Hamilton
Casara (PSB-RO), que permite a concessão
do direito de usufruto a essas pessoas, mediante
sua exploração econômica adequada.
A preservação das áreas de
várzea também foi defendida pela diretora-geral
do Instituto de Desenvolvimento Sustentável
Mamirauá, Ana Rita Alves. Ela citou como
exemplo as reservas de Mamirauá e de Amanã,
no estado do Amazonas, que funcionam como "verdadeiros
laboratórios para a solução
dos problemas ambientais enfrentados pelos seus
habitantes".
Em Mamirauá, cuja área chega a 1,1
milhão de hectares, seus 6,6 mil habitantes
participam das atividades do manejo dos recursos
naturais e na preservação da reserva,
além de explorar seus recursos de maneira
racional. As principais atividades são a
pesca artesanal, a agricultura familiar, o extrativismo
vegetal e o ecoturismo. A renda é integralmente
distribuída para as comunidades locais. Em
Amanã, reserva com o dobro do tamanho de
Mamirauá, mas com população
em torno de 2,2 mil pessoas, há um programa
similar.
Falta financiamento
O deputado Hamilton
Casara explicou que o principal problema das populações
das várzeas e de áreas de preservação
permanente é a falta de acesso a financiamentos.
De acordo com ele, quando o banco descobre que a
pessoa mora em uma área de preservação,
não libera o dinheiro.
O presidente da Associação Comunitária
Quilombola e Ecológica do Vale do Aporé
(Ecovale), José Soares Neto, disse que apesar
de sua comunidade, em Rondônia, já
ter salvo mais de 300 mil filhotes de tartaruga,
só conseguiu apoio da Petrobras. Em sua avaliação,
se houvesse oportunidade para os moradores acessarem
financiamentos do Governo, a situação
estaria muito melhor. A Associação
tem apenas 108 moradores.
A presidente da Ação Ecológica
Guaporé (Ecoporé), Mariluce Messias,
também pediu que sejam abertas linhas de
crédito para as populações
tradicionais em áreas de preservação,
queixando-se do abandono do governo.
Fonte: Agência Câmara
(www.camara.gov.br)
Reportagem Edvaldo Fernandes e edição
de Patrícia Roedel