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UMA SEMANA PELA MATA ATLÂNTICA
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2005
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Em todos os eventos
da Semana da Mata Atlântica, realizada de
18 a 22 de maio, em Campos do Jordão, circularam
cerca de 500 pessoas. A maior parte especialistas
ou ecologistas que debateram formas de estão,
propostas de proteção e muitos encaminhamentos
para tentar salvar o que ainda resta do bioma.
A programação contou com palestras
inovadoras, ações de mobilização
e também diversão. Uma das atrações
foi o concerto do violonista Yamandú Costa.
Até mentalizações com exercício
de respiração e sorteio rolaram no
Encontro, um dos mais produtivos dos últimos
tempos.
Esses e outros acontecimentos estão sendo
contados na 10ª edição especial
do boletim Últimas da Mata Atlântica.
RMA reelege coordenação
geral
No domingo, último
dia da Semana da Mata Atlântica, foi eleita
a nova coordenação da Rede de ONGs
da Mata Atlântica. A presidente da Apremavi,
de SC, Miriam Prochnow, permanece na coordenação
geral da instituição. Concorreram
para a coordenação institucional Kláudio
Cóffani Nunes, do Instituto Vidágua,
SP, e Pedro Graça Aranha, do Movimento de
Ecologia Social Os Verdes, RJ. Nunes foi o eleito.
Aranha, conhecido como Pedrão, continua na
coordenação, representando a Região
Sudeste.
Semana da Mata Atlântica
fortalece RMA
A Semana da Mata
Atlântica reforça o trabalho que a
Rede vem desenvolvendo. Esta é a avaliação
de Miriam Prochnow, coordenadora geral da Rede de
ONGs da Mata Atlântica, reeleita no último
domingo durante o IX Encontro da Nacional da RMA.
O evento mostrou vários esforços que
estão sendo realizados para preservação
da Mata Atlântica. Mas apesar dos avanços,
como a criação de novas UCs, há
questões que precisam ter um novo encaminhamento,
como o caso da construção da Usina
Hidrelétrica de Barra Grande, que vai alagar
uma extensa área de aproximadamente 5 mil
hectares de floresta com araucária nativa
e em estágio acelerado de regeneração.
Cresce número
de filiados à RMA
A assembléia
da RMA aprovou novas filiações. Das
67 entidades que desejaram entrar na RMA, 38 foram
aprovadas, isto é, apresentaram toda a documentação
solicitada. Vinte nove ONGs ficaram na condição
de
pré-filiadas, têm 30 dias para mostrar
os documentos que ainda faltam.
Assembléia
da RMA aprova 20 moções
Moções
de todos os tipos. Para preservação,
gestão e conservação de espécies.
Todas as moções apresentadas foram
aprovadas pela assembléia. Elas serão
enviadas para várias instâncias de
representação do país, do presidente
Lula à departamentos de prefeituras.
Confira abaixo o título das moções:
1. Repúdio a situação das Unidades
de Conservação no Rio Grande do Sul,
RS
2. Utilização da compostagem como
meio de recuperação ambiental, RS
3. Impacto de Barra Grande nas florestas do RS e
SC
4. UCs na Floresta com Araucária em SC
5. Pela conservação da Raulinoa echinata
, SC
6. Ameaça a uma Área de mega biodiversidade
na bacia do Rio Tibagi pelo licenciamento de grandes
barragens entre as cidades de Tibagi e São
Jerônimo da Serra, PR
7. Pela não criação de área
urbanizável no município de Atibaia,
SP
8. Apoio à criação da Câmara
Técnica de Gestão Integrada entre
Bacia Hidrográfica e Zona Costeira no Conselho
Nacional de Recursos Hídricos
9. Controle de fauna e flora exóticas invasoras
10. Pelo investimento de fontes de energia renováveis
11. Repúdio a Instrução Normativa
(IN) nº66 de abril de 2005
12. Repúdio ao novo mapa de biomas
13. Repúdio a construção da
Usina Hidrelétrica de Tijuco Alto no rio
Ribeira nos Estados do PR e SP
14. Repúdio à Prefeitura Municipal
de São José do Mipibu pela omissão
diante da degradação da mata ciliar
da Bica e da poluição do rio Mipibu,
RN
15. Repúdio a atitude do Ibama/RJ de processar
o ambientalista Ivan Marcelo, RJ
16. Apoio ao funcionário João Evangelista
de Melo Neto, SP
17. Transformação de Alcatrazes em
Unidade de Conservação de Proteção
Integral
18. Repúdio aos elevados índices de
desmatamento na Amazônia
19. Repúdio à desapropriação
de área do parque turístico e ecológico
águas das dunas em Jenipabu, município
de Extremoz, RN
20. Repúdio à transposição
do São Francisco
Gerentes do Ibama
defendem plano integrado de fiscalização
para Mata Atlântica
Pela primeira vez,
o Ibama participou ativamente da Semana da Mata
Atlântica. Três diretores compareceram
ao evento: Rômulo Andrade, diretor de Fauna,
Luiz Fernando Merico, diretor de Gestão Estratégica
e vice-presidente do instituto e Flávio Montiel,
diretor de Proteção Ambiental. Foram
realizadas diversas reuniões, umas a portas
fechadas outras não, onde foram debatidos
problemas e soluções para a preservação
do bioma. "A aproximação do Ibama
é uma seqüência do trabalho realizado
em Tamandaré", acredita Miriam Prochnow.
Prêmio Motosserra
para quem defende a Hidrelétrica de Barra
Grande
Um dos destaques
da Semana da Mata Atlântica foi a divulgação
dos novos ganhadores do Prêmio Motosserra,
escolhidos pela Rede de ONGs da Mata Atlântica,
uma das organizadoras do evento.
Um grande painel contra o enchimento da represa
de Barra Grande, em Santa Catarina, e destaque na
manifestação realizada durante a visita
da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, mostrava
a ministra de Minas e Energia, Dilma Roussef, como
a grande vencedora do Prêmio, "por sua
política que pensa pouco em meio ambiente".
Ao seu lado, foram premiados também a Engevix,
empresa responsável pelo Estudo de Impacto
Ambiental (EIA-Rima), que não citou a existência
de mais de cinco mil hectares de
Floresta com Araucárias primárias
ou em estágio avançado de regeneração,
e o Baesa - consórcio formado pela Alcoa,
Barra Grande Energética (Begesa), Camargo
Correa, Companhia Brasileira de Alumínio
(CBA), DME Energética e Bradesco -, que comprou
a usina, cujo enchimento está embargado na
justiça.
O Prêmio Motosserra foi instituído
pela Rede para destacar pessoas cuja atuação
fomenta a destruição da Mata Atlântica.
Já foi entregue – sempre simbolicamente -
ao parlamentar Paulo Bornhausen e ao ex-deputado
federal Luciano Pizzato, pelo esforço que
fizeram para a não aprovação
do projeto-de-lei da Mata Atlântica, que se
encontra atualmente a espera de votação
no Senado.
Amigo da Mata Atlântica
recebe araucária em forma de troféu
Este ano, o troféu
foi uma araucária, confeccionada pelo artista
plástico Ramon Rocha, com materiais de sucata.
A peça foi almejada por muitos, o artista
já conta com várias encomendas.
A pessoa física agraciada com o Prêmio
foi Paulo Nogueira Neto, atualmente presidente da
Fundação Florestal do Estado de São
Paulo, o primeiro Secretário do Meio Ambiente
do Brasil e exerceu o cargo por mais de doze anos,
de 1974 a 1986, em plena ditadura militar. Neste
período, Nogueira Neto trouxe para a esfera
governamental discussões como poluição
e desmatamento, conceitos ignorados até então.
Foi o criador das Áreas de Proteção
Ambiental, das Estações Ecológicas
e o arquiteto das leis de Política Nacional
do Meio Ambiente e Impactos Ambientais. Trocou a
advocacia pela história natural e tornou-se
acadêmico e ambientalista, acumulando títulos
e cargos, como o de membro vitalício do Conama.
Já a instituição que recebeu
o Prêmio foi o Movimento dos Atingidos por
Barragens. Érico Francisco Fonseca, recebeu
o troféu das mãos do ex-coordenador
geral da RMA Renato Cunha. O MAB Sul descobriu que
a região da Usina Hidrelétrica de
Barra Grande seria desmatada e, junto com outras
organizações da sociedade civil, articulou
uma frente de resistência ao corte de milhares
de hectares dessas árvores à beira
da extinção.
O Movimento luta pela resistência na terra,
pela natureza preservada e pela construção
de um Projeto Popular para o Brasil que contemple
uma nova Política Energética justa,
participativa, democrática e que atenda os
anseios das populações atingidas.
Manifestação
pela proteção da Mata Atlântica
agita fora e silencia dentro
Durante os discursos
da sessão solene do Conama, abertura oficial
da Semana da Mata Atlântica, uma manifestação
diferente tomou conta do auditório Cláudio
Santoro. Ambientalistas e crianças entraram
no ambiente vestindo máscaras, munidos de
faixas e cartazes totalmente em silêncio.
O som ao fundo era de um bumbo, retumbante e profundo,
de mexer com a consciência.
Os manifestantes passaram na frente da platéia
com suas faixas. Queriam chamar a atenção,
principalmente de um dos maiores escândalos
da história ambiental do país, a construção
da Usina Hidrelétrica de Barra Grande. Uma
das faixas dizia: A RMA festeja a criação
de UCs com araucária e clama
pela salvação das de Barra Grande.
A ação foi tocante. Teve gente que
se emocionou. Muitos elogiaram a forma da manifestação.
Mas quem viu o produto final, não imaginou
o quanto foi complexa a operação.
As crianças recrutadas pela ONG Mingau, de
Campos do Jordão, estavam muito felizes,
de cara pintada, participando da atividade. Até
que no meio do caminho, do alojamento ao auditório,
surge a diretora da Escola Municipal Irene Lopes
Sodré. Ela diz que os estudantes não
poderiam estar participando da manifestação
porque não tinham autorização
para isso.
As crianças ficaram indignadas, queriam participar.
Depois de muito argumento, conversa vai, conversa
vem, e de contar com a presença secretária
de educação do município, os
alunos foram liberados para
continuar. Graças as crianças, a mobilização
teve impacto. Graças a diplomacia, a manifestação
foi possível.
Imprensa presente
no encontro
A Semana da Mata
Atlântica contou com ampla cobertura da imprensa
nacional. Jornais como a Folha e o Estadão
veicularam matérias sobre o evento. Essa
cobertura se estendeu às agências de
notícias, como a Agência Estado. Isso
se deve principalmente ao empenho das jornalistas
Maura Campanili e Lívia Almendary, que somaram
esforços à equipe de imprensa da RMA.
No programa Bom Dia São Paulo, da TV Globo,
a coordenadora geral da RMA, Miriam Prochnow, deu
entrevista ao vivo, assim como às rádios
CBN (do Rio de Janeiro) e Bandeirantes (Band Vale,
de São José dos Campos). Matérias
sobre o evento também saíram em noticiários
da Globonews e em vários canais locais, com
destaque para a ampla cobertura da TV, como a TV
Vanguarda, retransmissora da TV Globo no Vale do
Paraíba.
Os jornais da região também fizeram
várias matérias, sobretudo o Vale
Paraibano, principal jornal do Vale do Paraíba.
No Paraná e em Santa Catarina também
saíram matérias, em jornais como Gazeta
do Povo (PR) e A Notícia (SC). Os veículos
on-line especializados em Meio Ambiente fizeram
uma cobertura extensa, entre eles o Jornal do Meio
Ambiente, Ecoagência, Agência Fapesp,
O Eco, Envolverde, Ambiente Brasil, Ambiente Já
e Jornal da Ciência.
Também as ongs que possuem sites de notícias
divulgaram as notícias da Semana Mata Atlântica.
Entre elas, podemos citar: ISA, Amigos da Terra-Amazônia,
SOS Mata Atlântica, Agência Ambiental
Pick-upau, Vale Verde, WWF-Brasil, Coalizão
Rios Vivos, AMDA, Abong, entre outras.
Fonte: Secretaria Estadual do
Meio Ambiente de São Paulo (www.ambiente.sp.gov.br)
Verena Cristina de Almeida (Proaong)