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AVELAR E WERLE DEPÕEM
NA CPI DA BIOPIRATARIA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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(22/06/05) - A máfia
da madeira, detectada no Mato Grosso, tem ramificações
por Rondônia, Pará e toda Amazônia
Legal, declarou ontem o procurador Marcio Lucio
Avelar, em depoimento à CPI da Biopirataria.
Responsável no Ministério Público
pelas investigações que resultaram
na Operação Curupira, Avelar disse
haver uma articulação nacional dos
envolvidos com comércio e exploração
ilegal de madeira retirada fundamentalmente de terras
indígenas e unidades de conservação.
O procurador afirmou que o esquema funciona há
mais de dez anos e que o Mato Grosso é a
matriz das fraudes, sendo uma “usina de papel para
abastecer o mercado de Rondônia e Pará”.
Avelar contou que, logo no início das investigações,
levou este diagnóstico ao procurador-geral
do Ibama, Sebastião Azevedo, que o transmitiu
ao presidente do Ibama, Marcus Barros e, imediatamente,
as apurações foram estendidas ao Pará.
Com a Operação Curupira, Avelar acredita
que os infratores de Rondônia buscarão
Autorização para Transporte de Produtos
Florestais falsa no Acre ou em outro estado para
continuar esquentando a madeira ilegal. “Vão
criar mecanismo para substituir o que foi fechado”.
Avelar queria mais tempo para investigar o esquema
de corrupção envolvendo empresários,
despachantes, servidores do Ibama e do órgão
ambiental de meio ambiente (Fema). Na opinião
dele, “o processo ainda não estava maduro”
quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a
operação no Mato Grosso. Por isso,
disse, recorreram ao recurso de prisão preventiva.
A medida atingiu mais de 100 pessoas, entre elas
o diretor afastado de Florestas, Antonio Carlos
Hummel, preso a pedido de Avelar, apesar de as escutas
telefônicas e investigações
feitas pela PF não identificarem envolvimento
dele com o esquema. Mas Avelar justificou o pedido
de prisão de Hummel por ele comandar a diretoria
responsável por ATPFs, autorização
de plano de manejo e reposição florestal,
alvos das fraudes. O procurador ainda apontou para
a precariedade de condições do Ibama
para fiscalização mais efetiva.
Imposto de Renda.
Após o depoimento do procurador, os integrantes
da CPI ouviram o ex-gerente do Ibama no Mato Grosso,
Hugo Werle, um dos 90 indiciados pela PF por envolvimento
com o esquema. Ele disse que foi acusado pela PF
de corrupção passiva e formação
quadrilha, mas declarou-se inocente. “Não
tivemos qualquer participação em ilícito,
minha imagem precisa ser resgatada”, afirmou Werle
aos jornalistas antes de entrar no plenário
da CPI.
Werle negou a suspeita de enriquecimento ilícito
e entregou aos deputados uma cópia da sua
declaração de renda em conjunto com
a mulher, relativa ao ano em que assumiu o cargo
no Ibama. Ele diz que já tinha R$ 346 mil
de patrimônio declarado. Agora, o patrimônio
sofreu alteração de menos de R$ 80
mil, compatível com o salário do Ibama,
somado ao valor que recebe da Universidade Federal
do Mato Grosso, onde é professor, e aluguéis
de apartamentos. Ele avisou que irá processar
quem o teria difamado. Werle negou também
que tenha favorecido empresas em troca de doações
para campanha de petistas nas eleições
municipais.
Fonte: Ibama (www.ibama.gov.br)
Sandra Sato