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CULTIVARES TRANSGÊNICAS
DE SOJA RR SÃO INDICADAS PARA O CERRADO
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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25/06/2005
O diretor Geraldo Eugênio (centro) destacou
o impacto da soja transgênica para o agronegócio
brasileiro
A Embrapa Cerrados, unidade da Embrapa- Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada
ao Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento, apresentou, no dia 23 de junho,
três cultivares de soja transgênicas
RR - BRS Baliza RR, BRS Silvânia RR e BRS
Valiosa RR - adaptadas para o Bioma Cerrado.
A abertura da reunião técnica de apresentação
das cultivares contou com a presença do diretor-executivo
da Embrapa, José Geraldo Eugênio de
França; do chefe-geral da Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia (Brasília
– DF), José Manoel Cabral Dias; do chefe-adjunto
de Comunicação e Negócios da
Embrapa Soja (Londrina – PR), Norman Neumair; da
gerente substituta da Embrapa Transferência
de Tecnologia (Brasília – DF), Ana Lúcia
Atrasas; e do chefe-geral da Embrapa Cerrados (Planaltina-
DF), Roberto Teixeira Alves.
Também participaram
do evento o presidente do Centro Tecnológico
para Pesquisas Agropecuárias (CPTA), João
Lenine Bonifácio de Souza, os representantes
da Secretaria de Defesa Agropecuária e do
Serviço Nacional de Proteção
de Cultivares do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, respectivamente,
Carlos Magno Campos da Rocha e Roberto Loreno dos
Santos, além do gerente regional da Agência
Rural, Alexandre Resende Santiago.
O diretor-executivo
da Embrapa destacou o impacto para o agronegócio
com o lançamento de soja transgênica.
"O Brasil estava tendo uma grande área
de soja plantada de forma irregular. Como não
existia um marco legal, nos últimos dois
anos a soja transgênica era trabalhada com
Medidas Provisórias. Agora com a Lei de Biossegurança,
corrigimos isso. Hoje a soja geneticamente modificada
pode ser usada, desde que desenvolvida para o ambiente
brasileiro e testada em relação à
biossegurança".
O chefe-geral da
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
disse que esse é o nono ano consecutivo de
aumento da área de produção
e cultivo transgênico no Brasil. A área
de cultivo passou de 1,7 milhão de hectares
em 1996 para 81 milhões de hectares em 2004.
A previsão, de acordo com Cabral, é
de que o Brasil produzirá cerca de 57 milhões
de toneladas de soja transgênica no ano de
2010.
A Embrapa tem o registro
de 11 cultivares de soja transgênicas RR,
incluindo as três cultivares adaptadas à
região central do Brasil. As sementes das
cultivares BRS Baliza RR, BRS Silvânia RR
e BRS Valiosa RR estão disponíveis
para compra já para a safra deste ano. A
comercialização será feita
pelas 30 empresas sementeiras do Convênio
Cerrados, desenvolvido pelo Centro Tecnológico
para Pesquisas Agropecuárias (CPTA) em parceria
com a Embrapa e Agência Rural de Goiás.
Resistência
ao glifosato
Soja transgênica
é uma planta que recebeu um ou mais genes
de outro organismo ou espécie, passando a
expressar nova característica. No caso da
Soja Roundup Ready (RR), o gene inserido produz
uma proteína que torna a planta resistente
ao herbicida glifosato. Na lavoura esse herbicida
mata praticamente todas as plantas daninhas, menos
as plantas de soja RR.
Na lavoura, a soja
RR otimiza a produção, flexibiliza
o controle das plantas daninhas, facilita a rotação
de cultura, economiza tempo, combustíveis,
custos operacionais e facilita a colheita. Para
o meio ambiente, proporciona a redução
de poluição pelo menor uso de combustíveis
e pelo incentivo à adoção do
plantio direto, aumentando também a retenção
de carbono no solo.
Outro benefício
do uso das transgênicas, de acordo com Plínio
Itamar de Souza, coordenador da equipe de Programa
de Pesquisa de Soja da Embrapa Cerrados, é
o aumento do potencial de lavoura. Na planta convencional,
o uso de herbicidas em geral causa a fitotoxidez,
a qual provoca a diminuição da produtividade,
impacto ambiental, maior competição
de invasoras e consequentemente perda na colheita.
Nesta primeira fase
da soja transgênica, o produtor deve optar
pelo cultivo em área com alta infestação
de plantas daninhas, a fim de alcançar a
eliminação das ervas problemas e experiência
com a metodologia aplicada no sistema de produção
de transgênicas. A previsão dos pesquisadores
a curto prazo é de que as cultivares transgênicas
ocuparão grande parte da área com
soja no Cerrado. Contudo a médio prazo, cerca
de três anos, com a diminuição
das plantas daninhas, muitos agricultores voltarão
para cultivares convencionais e poderá haver
um ponto de equilíbrio.
A longo prazo (10
anos), a escolha pelo cultivo de cultivares transgênicas
ou convencionais dependerá do mercado comprador
de grãos; do custo de produção;
da disponibilidade de novas cultivares transgênicas;
da ocorrência de plantas daninhas resistentes;
e de novas informações relacionadas
com saúde, meio ambiente e agronomia.
Sementes piratas
Devido a uma fiscalização
ainda deficiente, aos entraves burocráticos,
à curiosidade por uma nova tecnologia e,
principalmente, o desconhecimento dos produtores
de soja sobre os prejuízos que pode causar
o uso de sementes piratas ou sem origem e integridade
genética garantida, a utilização
dessa prática tem preocupado muito as instituições
ligadas ao agronegócio.
No mercado de sementes, as características
de qualidade diferenciam as sementes melhoradas
geneticamente do grão comum, vendido muitas
vezes como semente pirata. A semente pirata é
aquela comercializada sem a permissão do
obtentor da cultivar, sem origem oficial, sem garantia
de qualidade e integridade genética. Com
isso todos perdem, principalmente o agricultor,
que potencialmente está utilizado uma mercadoria
de qualidade inferior.
A semente pirata
pode conter ainda misturas de sementes não-transgênicas,
devido à baixa qualidade na colheita e no
beneficiamento, dificultando o estabelecimento da
população de plantas, após
a utilização do glifosato no controle
das plantas daninhas. Tudo isso, resulta na degeneração
das variedades, reduzindo significativamente as
produtividades, trazendo grandes prejuízos
para todo o agronegócio da soja no País.
As conseqüências
dos danos causados pela utilização
de sementes- pirata à sojicultura brasileira
são incalculáveis. Além dos
prejuízos diretos que a semente pirata fatalmente
causa a cada agricultor, os prejuízos indiretos
são ainda mais danosos e com efeitos mais
profundos e abrangentes. O seguimento mais afetado
será o do setor sementeiro, em seguida o
da pesquisa e, finalmente, o agricultor, que verá
seus problemas aumentarem, sua produtividade reduzir
e não terá a pesquisa para mantê-lo
em ascensão técnica ou socorrê-lo
quando precisar.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Assessoria de imprensa (Liliane Castelões)