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“DESAFIO TECNOLÓGICO
NÃO PRECISA NECESSARIAMENTE ANDAR
JUNTO COM O SOCIAL”, DIZ DEBATEDOR
Panorama
Ambiental
Santarém (PA) – Brasil
Junho de 2005
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23/06/2005 – Desenvolver
uma indústria de ponta que aproveite economicamente
a biodiversidade amazônica. Essa é
a grande contribuição que a ciência
brasileira poderia dar ao desenvolvimento sustentável,
acredita Carlos Nobre, presidente do Grupo Consultivo
Internacional (IAG) do Programa Piloto para Proteção
de Florestas Tropicais no Brasil (PPG7), durante
o terceiro dia do Seminário Nacional de Avaliação
do PPG7. Ele participou do debate Produção
Sustentável com Inovação e
Competitividade, em Santarém.
"A proposta parece elitista, e de certa forma
é. Mas o desafio tecnológico não
precisa necessariamente andar junto com o social.
Uma coisa é produzir conhecimento, outra
é disseminá-lo, garantir que vá
melhorar a vida da população",
argumentou.
Porém, para a palestrante Márcia Muchagata,
da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério
do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA), não
se deve separar a produção de tecnologia
da sua apropriação social. "Temos
que pensar a ciência e a tecnologia a partir
do conceito de agroecologia, que é um processo
sempre participativo, do qual não se podem
excluir as esferas política e social",
contestou.
Nobre afirmou que são precisos U$S 300 milhões
anuais de investimento estatal, durante pelo menos
15 anos, para se conseguir realizar a revolução
tecnológica da qual a Amazônia precisa.
"Precisamos olhar os problemas em uma escala
macro, porque ela revela nossa falta de cultura
de desenvolvimento tecnológico. Em 2003,
o Brasil cadastrou 140 invenções no
escritório de patentes dos Estados Unidos.
A Coréia, 3.500. Hoje só 0,8% da população
brasileira está envolvida com pesquisa e
desenvolvimento. Em Cingapura, são 12%",
declarou.
Durante o debate, Jorge Zimmermann, diretor de Agro-extrativismo
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), lembrou
que é preciso fugir do risco da sobre-valorização
do saber técnico. "Eu me envergonho
do que fiz aqui em 1968. Cheguei do Rio de Janeiro,
agrônomo recém-formado achando que
na Amazônia ninguém sabia de nada",
contou.
Ontem, no primeiro dia de avaliação
do PPG7, uma das conclusões apontadas foi
a de que as populações tradicionais
– indígenas, descendentes de quilombolas,
pescadores artesanais, camponeses, extrativistas
– são as grandes aliadas na luta pelo meio
ambiente. Por isso, a necessidade de valorização
de seus conhecimentos.
O Programa Piloto é fruto da Conferência
das Nações Unidas sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento (Rio 92), uma iniciativa de cooperação
multilateral voltada ao teste e desenvolvimento
de estratégias inovadoras de proteção
e uso sustentável das florestas tropicais
brasileiras. Desde a sua criação,
já investiu 400 milhões de dólares
em projetos na Amazônia e na Mata Atlântica.
Os recursos da Alemanha, União Européia,
Reino Unido, Estados Unidos, Holanda, Japão,
França e Canadá são canalizados
por meio de um Fundo Fiduciário de Florestas
Tropicais (RTF), administrado pelo Banco Mundial.
A coordenação-executiva do programa
é da Secretaria de Coordenação
Amazônica (SCA) do Ministério do Meio
Ambiente.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi