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POVOS TRADICIONAIS DAS
FLORESTAS SÃO ALIADOS DO MEIO AMBIENTE,
AVALIAM DEBATEDORES
Panorama
Ambiental
Santarém (PA) – Brasil
Junho de 2005
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22/06/2005 – As
populações tradicionais – indígenas,
descendentes de quilombolas, pescadores artesanais,
camponeses, extrativistas – são as grandes
aliadas na luta pelo meio ambiente. A constatação
surgiu após debate, em Santarém, no
segundo dia do Seminário Nacional de Avaliação
do Programa Piloto para a Proteção
de Florestas Tropicais do Brasil (PPG7) – criado
em 1992, mas implementado a partir de 1995 – na
área de gestão ambiental.
"Quando há moradores tradicionais nas
unidades de conservação, a proteção
à natureza se efetiva", declarou Leonel
Teixeira, representante do Ministério do
Meio Ambiente (MMA) na mesa temática Ordenamento
Territorial e Gestão Ambiental. "É
a população residente que mantém
a floresta em pé", reforçou Magaly
Medeiros, representante da secretaria estadual de
Meio Ambiente do Acre.
E é justamente do Acre que vem o exemplo
lembrado por Teixeira: o da luta do Conselho Nacional
dos Seringueiros (CNS) pela criação
das primeiras reservas extrativistas. O grande tabu
conservacionista que condicionava preservação
da floresta à ausência dos seres-humanos
– e que motivou o surgimento das primeiras unidades
de conservação – começava a
ser rompido. Com a lei que instituiu o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (SNUC),
em 2000, as unidades foram divididas em duas categorias:
proteção integral (que não
permite a permanência de moradores) e uso
sustentável (que admite a existência
de habitantes na área).
Paulo Autiere, representante da Secretaria de Meio
Ambiente do Pará, informou que no início
do processo de macro-zoneamento ecológico-econômico
do estado, em 1988, 1,23% dos 1.247.689 quilômetros
quadrados de seu território eram unidades
de conservação de proteção
integral. "Esperávamos alcançar
os 10%, mas hoje temos apenas 4,38%. Por outro lado,
as unidades de uso sustentável cresceram
além da expectativa. Elas eram 10% e deveriam
chegar a 16%, mas hoje são 27% do Pará",
revelou. Uma prova de que o papel dos habitantes
locais na gestão ambiental vem cada vez mais
sendo reconhecido.
"Nosso grande desafio é adequar as políticas
públicas à diversidade cultural e
de paisagens da Amazônia", apontou Teixeira.
Hanz Krueger, representante da agência multilateral
Cooperação Técnica Alemã
(GTZ), indicou a deficiência de dados sócio-econômicos
como um obstáculo à superação
desse desafio. "Hoje sobram dados para análise
do espaço físico, há bons estudos
apoiados em imagens de satélite, em um bom
aparato tecnológico. Mas o satélite
não mostra a cabeça das pessoas, a
dinâmica dos processos sociais", disse
ele, em tom de brincadeira.
O Programa Piloto é coordenado pela Secretaria
de Coordenação Amazônica (SCA)
do MMA. Fruto da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio
92), ele é uma iniciativa de cooperação
multilateral voltada ao teste e desenvolvimento
de estratégias inovadoras de proteção
e uso sustentável das florestas tropicais
brasileiras. Desde a sua criação,
já investiu US$ 400 milhões em projetos
na Amazônia e na Mata Atlântica. Os
recursos são da Alemanha, União Européia,
Reino Unido, Estados Unidos, Holanda, Japão,
França e Canadá. Eles são canalizados
por meio de um Fundo Fiduciário de Florestas
Tropicais (RTF), administrado pelo Banco Mundial.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi