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FORTALEZA GANHA PRIMEIRA
UNIDADE DE BENEFICIAMENTO DE CASCA DE COCO
VERDE DO NORDESTE
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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30/06/2005 O aproveitamento
da casca de coco verde pode se tornar uma prática
ambientalmente sustentável.
A primeira unidade de beneficiamento de casca de
coco verde do Nordeste é resultado do projeto
"Uso da casca de coco verde como forma de conservação
da biodiversidade", apresentado no programa
de competição global Development Marketplace
do Banco Mundial pela Embrapa Agroindústria
Tropical (Fortaleza - CE), Unidade da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A inauguração, no dia 2 de julho,
em Fortaleza (CE), contará com a presença
do diretor-presidente da Embrapa, Silvio Crestana,
e de outras autoridades federais, estaduais e municipais.
A unidade de beneficiamento está instalada
na estação de triagem e transbordo
de resíduos sólidos de Fortaleza,
no bairro do Jangurussu, em uma área de 3.000
m² e vai fabricar produtos a partir do pó
e das fibras extraídas da casca, com capacidade
para processar 30 toneladas de casca/dia.
Cerca de 1.600t/ano de pó serão produzidos
para utilização como substrato agrícola
e composto orgânico e as 530t/ano de fibra
bruta geradas pela unidade vão servir como
matéria-prima para a fabricação
de 27.600 peças de derivados da fibra, como
placas, vasos e bastões e 25.000 peças
de artesanatos diversos. A fábrica também
abrigará uma horta comunitária e um
espaço para a confecção dos
produtos derivados da casca de coco verde.
O projeto, que tem a parceria da Associação
dos Barraqueiros da Beira Mar (ABBMar), do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), da Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo
do Estado do Ceará, da Prefeitura de Fortaleza,
da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização
(Emlurb), da Secretaria de Meio Ambiente e Controle
Urbano, do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai) e da Faculdade Christus, recebeu
US$ 245 mil do Banco Mundial, gerando cerca de 130
empregos diretos e indiretos nas comunidades envolvidas
no processo, que inclui a coleta seletiva da casca
de coco verde na orla de Fortaleza.
O chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical,
Lucas Leite, destaca o caráter inovador dessa
unidade de beneficiamento, "porque utiliza
uma tecnologia ambiental e socialmente apropriada
na congregação de parcerias que se
complementam na solução problemas
ambientais e na criação de condições
reais de inclusão social". Ele também
destaca o caráter multiplicador do projeto,
que poderá ser implementado em outras regiões
do país.
Aproveitamento
O aproveitamento
da casca de coco verde vem sendo estudado há
seis anos pela Embrapa Agroindústria Tropical
e pode se tornar uma prática ambientalmente
sustentável. Segundo a pesquisadora responsável
pelo estudo, Morsyleide de Freitas Rosa, é
possível desenvolver diversos produtos derivados
da casca de coco verde, inclusive substituindo o
uso da samambaiaçu na fabricação
de vasos e substratos agrícolas para plantas.
"A samambaiaçu está na lista
oficial das espécies brasileiras ameaçadas
de extinção, em razão da sua
intensa exploração para fins e jardinagem
e floricultura", explica Morsyleide.
De acordo com a pesquisadora, esses estudos também
estão abrindo várias linhas de atuação
complementares, como a caracterização
e a aplicação do substrato à
base de casca de coco verde em culturas agrícolas,
em parceira com a Universidade Politécnica
de Valência (Espanha); pesquisas na área
de bioprocessos, em parceria com a Embrapa Solos
(Rio de Janeiro – RJ), Universidade Federal do Ceará,
Centro de Tecnologia Mineral e Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro;
desenvolvimento de novos materiais a partir da utilização
dos resíduos agroindustriais oriundos do
processamento da casca do coco verde, em parceria
com a Embrapa Instrumentação Agropecuária
e Universidade Federal do Ceará; pesquisa
para utilização da fibra indústria
automotiva, em parceira com a iniciativa privada,
e, mais recentemente, foi aprovado um projeto em
parceria com a Universidade Federal do Paraná
e a Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro para o desenvolvimento e construção
de um sistema de geração autosustentável
de energia elétrica a partir de biomassa
residual de fibra de coco e outras fontes.
Inovação
A água-de-coco
verde vem despontando como um produto bastante promissor
no mercado brasileiro, com crescimento de mercado
estimado em 20% ao ano. O problema, no entanto,
é que o aumento no consumo da água-de-coco
está gerando cerca de 6,7 milhões
de toneladas de casca/ano, transformando-se em um
sério problema ambiental, principalmente
para as grandes cidades. Só para se ter uma
idéia, cerca de 70% do lixo gerado no litoral
dos grandes centros urbanos do Brasil é composto
por cascas de coco verde, material de difícil
degradação e que, além de foco
e proliferação de doenças,
vem diminuindo a vida útil de aterros sanitários.
Em Fortaleza, nos meses de alta estação,
só na Avenida Beira-Mar e na Praia do Futuro,
são geradas 40 toneladas por dia do resíduo.
Equipamentos
O desenvolvimento
do maquinário para o processamento da casca
de coco verde também foi desenvolvido por
uma equipe de pesquisadores da Embrapa, em parceira
com a iniciativa privada. A estrutura básica
consiste de uma máquina trituradora da casca
do coco; uma prensa rotativa e uma máquina
classificadora, que faz a separação
entre pó e fibra.
Fonte: Embrapa (www.embrapa.gov.br)
Teresa Barroso