 |
FUNAI PEDE QUE PF E MINISTÉRIO
PÚBLICO INVESTIGUEM ATAQUE CONTRA
ÍNDIOS EM OCUPACÃO DE TERRA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
|
 |
27/06/2005 – Foram
iniciadas as investigações sobre o
ataque contra índios – que tentavam invadir
terras reivindicadas como de ocupação
tradicional indígena –, no município
de Sete Quedas (MS), na madrugada do domingo (26).
Segundo informações da Fundação
Nacional do Índio (Funai), uma equipe da
fundação permanece desde ontem no
local para colher depoimentos e já solicitou
à Polícia Federal e ao Ministério
Público Federal a investigação
do caso.
De acordo com a Polícia Militar, um índio
morreu e cinco ficaram feridos quando tentavam entrar
na Fazenda Sombrerito. Cerca de duzentos índios
guarani-nhandeva e guarani-kaiowá foram recebidos
à bala quando tentaram entrar na fazenda.
De acordo com a Funai, o índio Dorival Benitez,
35 anos, foi morto durante a ocupação.
O Hospital Municipal de Sete Quedas registrou a
entrada de Sílvio Iturbe e sua mulher, Rosana
Gonçalves, grávida. O hospital informa
que o casal de índios já deixou o
hospital.
O coordenador do Conselho Indigenista Missionário
de Mato Grosso do Sul (Cimi/MS), Egon Heck, afirmou
que cerca de 300 índios interditaram a rodovia
estadual MS-299, que fica próxima ao município
de Sete Quedas, durante a manhã de hoje (27).
Segundo informações da Polícia
Rodoviária Federal, o grupo desocupou o local
no começo da tarde.
Heck disse ainda que os indígenas estão
à espera da liberação do corpo
do índio assassinado e que pretendem realizar
o sepultamento no local do crime, em Sombrerito.
"Os índios estão tensos, à
espera da publicação do relatório
de regulação da terra indígena",
afirmou.
De acordo com o sertanista da Funai Odenir Oliveira,
as Polícias Federal, Militar e Rodoviária
estão no local para tentar apaziguar os fazendeiros.
O Ministério Público e a Funai estão
na aldeia armada em Sombrerito junto com os índios.
"Eles estão em situação
precária, com o extremo necessário
e nós estamos apurando as investigações,
que devem levar tempo para serem concluídas",
disse.
A região sul de Mato Grosso do Sul abriga
37 mil índios guarani-kaiowá, segundo
dados da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa). Originalmente, eles ocupavam terrenos
em toda a área, de cerca de 3 milhões
de hectares. Hoje, habitam aproximadamente 30 terrenos,
num total de cerca de 50 mil hectares. Os conflitos
de terra na região acontecem com fazendeiros
que foram levados para colonizar a região
nos anos 1940 do governo Getúlio Vargas.
A Funai tem realizado estudos para a conclusão
de um relatório sobre a área indígena
de Sombrerito, que deverá ser publicado no
Diário Oficial. Os estudos antropológico
e ambiental já estão prontos, mas
ainda faltam concluir os estudos fundiários.
Segundo Odenir Oliveira, os antropólogos
saíram da área no final da semana
passada por falta de segurança contra os
ataques de fazendeiros no local. A Funai precisa
agora de autorização do Ministério
Público para que uma equipe entre nas propriedades
e conclua a análise.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Danielle Coimbra e Danielle Gurgel