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INDÍGENAS PRECISAM
DE OPORTUNIDADE PARA FAZER PARTE DA SOCIEDADE,
DIZ ESPECIALISTA
Panorama
Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Junho de 2005
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Tanto o Brasil quanto
demais países da América do Sul precisam
dar oportunidades aos indígenas para eliminar
todas as formas de discriminação.
A afirmação foi feita hoje (1º)
pelo presidente do Conclave dos Povos Indígenas
das Américas na Organização
dos Estados Americanos (OEA), Hector Huertes Gonzales,
que participa em Brasília da 1ª Conferência
Nacional de Promoção da Igualdade
Racial.
"Os índios precisam de oportunidades
que permitam que eles façam parte da sociedade,
e não apenas a integrem", disse Gonzales.
Ele lembrou que os povos indígenas têm
mais de 508 anos de luta, mas continuam lutando
para ter o direito de decidir sobre seu futuro.
"O governo deve cumprir o que estabelecem as
constituições e os direitos humanos",
afirmou.
Estudos da OEA estimam que cerca de 50 milhões
indígenas de 400 etnias vivam na América
Latina. De acordo com Gonzales, o Brasil está
evoluindo no debate e na concretização
de ações voltadas a causas indígenas.
"Há cerca de cincos anos, o governo
brasileiro era o que mais se opunha às questões
indígenas, da demarcação de
terras e territórios, ao contrário
de outros países da América Latina
que reconheciam as terras, os recursos e os direitos
dos povos indígenas; que são direitos
humanos", destacou Gonzales.
"Temos esperança de que o Brasil, que
assinou o Convênio 169 da OIT, possa dar passos
importantes para que os povos indígenas brasileiros
tenham acesso aos direitos humanos que foram negados
há muitos anos", acrescentou.
O Convenio 169, adotado em 1989 pela Conferência
Geral da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), trata de questões dos
povos indígenas e tribais em países
independentes. Em vigor desde 1991, o convênio
é a única ferramenta jurídica
internacional voltada exclusivamente aos povos indígenas.
Os países que assinaram e ratificaram o convênio
devem enviar um relatório anual à
OIT indicando como estão cumprindo o acordo.
Dados do Banco Mundial e do Banco Interamericano
de Desenvolvimento indicam que os indígenas
representam a população mais empobrecida
dos países em que vivem. Para Gonzales, essa
situação pode mudar, desde que os
governos tratem a inclusão social e econômica
dos índios como prioridade.
"Para que os povos indígenas possam
ter acesso a recursos é preciso que os governos
mudem de atitude. Não é aceitável
que em territórios indígenas onde
há recursos, como, por exemplo, no caso dos
Cinta-Larga, os governos não reconheçam,
ou não dêem acesso a recursos econômicos,
para que eles possam manter sua individualidade
e ter acesso à educação. Isso
não se restringe ao Brasil. No caso de muitos
países, hidrelétricas e mineradoras
são instaladas em territórios indígenas
e não levam nenhum beneficio a esses povos",
ressaltou.
Hector Huertes Gonzales disse que a realização
da 1ª Conferência Nacional de Promoção
da Igualdade Racial é importante porque mostra
que há países que aceitam desafios
no combate à discriminação.
"Lamentavelmente, em nossos países e
em toda a América Latina, existem discriminações
socais, raciais, econômicas e políticas.
Eu acredito que essa primeira conferência
nacional é um desafio e um chamado ao mundo,
porque é um passo importante. Isso repercute
muito bem na América Latina, para dizer ao
mundo que a América do Sul tem sua identidade
composta por negros e indígenas e pelos demais
povos que nela vivem".
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Érica Santana