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ONG LUTA POR CONSERVAÇÃO
INTEGRAL DA RESERVA DA BIOSFERA NA APA MARAJÓ
Panorama
Ambiental
Belém (PA) – Brasil
Junho de 2005
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A ONG cabocla Unilivre
Marajó-Amazônia luta para escolha do
ecossistema de igapós do Braço Esquerdo
do Mapuá (junto à Resex Mapuá)
como núcleo de conservação
integral da reserva da biosfera na APA Marajó,
afim com o Zoneamento Ecológico-Econômico
do Pará e o pacto federativo em matéria
de conservação ambiental e desenvolvimento
sustentável da Amazônia.
1 – Antecedentes
críticos do caso Marajó.
A Constituição
do Estado do Pará determina que o arquipélago
do Marajó (65.000 km²), no Estuário
amazônico; seja considerado área de
proteção ambiental com expressa intenção
do desenvolvimento sustentável da gente marajoara.
Todavia, em 16 anos da esperançosa declaração
do constituinte paraense, diversos governos estaduais
têm sido incapazes de materializar este dispositivo
da Carta Magna estadual de 1989, que tem sido letra
morta.
Pois nunca logrou ser implementado ou vir a desestimular
a deterioração ambiental e atenuar
a crise sócio-econômica na região
insular. A APA Marajó não sai do papel
porque a classe dominante marajoara (atingida de
miopia congênita) pensa que engana o País
e o mundo, e não quer (ponto). E a elite
da Capital (seduzida pela modernidade externa) mal
conhece ou pouco se interessa pelo Interior “atrasado”...
Assim, o Poder Público (municipal, estadual,
federal, internacional) “não pôde”
até hoje inserir essa ou outras APA’s (e
demais unidades de conservação ambiental)
nas suas prioridades. Portanto, a “novidade” não
pegou e foi (equivocadamente) “neutralizada”...
Quanto aos caboclos ribeirinhos (apartados e desorganizados
de outras “minorias”, tais quais as categorias étnicas
classificatórias “quilombolas”, “índios”
e demais “povos da floresta”), têm escassa
“proteção ambiental”, exceto beneméritos
de praxe durante época de caça ao
para-folclórico “voto popular”... Porém
o status quo devastador (neocolonial) parece estar
em estado terminal face aos constrangimentos políticos
de ordem mundial já em curso ou em vias de
fato no próximo futuro, notadamente no âmbito
da Organização Mundial do Comércio
(OMC), onde o candidato conjunto dos EUA/ Europa,
sr. Pascal Lamy (autor da mais recente e séria
ameaça de INTERNACIONALIZAÇÃO
DA AMAZÔNIA) vem de tomar as rédeas.
Tal “internacionalização” – pode-se
prever – será feita através de sanções
ao comércio de madeira tropical, minérios
e outros produtos sem garantias sociais e ambientais,
tendo por alvo principalmente a China, Brasil e
outros competidores emergentes. A Amazônia
será um excelente pretexto e a população
de baixa renda o “bode expiatório” (mais
uma vez, como os índios do Novo Mundo)...
A implantação
– finalmente –, da APA Marajó como primeiro
passo para RESERVA DA BIOSFERA MARAJÓ e mudança
do paradigma econômico na mesorregião
das Ilhas, talvez venha a acontecer depois da aprovação
já ocorrida pelo Poder Legislativo paraense
da lei de macro zoneamento ecológico-econômico
proposta pelo Governo Estadual.
A qual lei estadual não será “p’ra
inglês ver”; se, porventura, a sociedade regional
se mobilizar e conscientizar a sociedade brasileira
sobre o acerto dessas medidas para melhoria da imagem
do Brasil no panorama mundial, numa conjuntura particularmente
adversa motivada pela devastação da
Amazônia em conseqüência da pressão
demográfica da pobreza oriunda de outras
regiões do País e da economia amazônica
predatória. Então, Marajó poderia
ser uma referência a outras Regiões
Amazônicas em cooperação internacional
sob soberania da comunidade de países amazônicos
no seio da OTCA.
Parodiando a célebre frase, “a guerra é
assunto sério demais para ficar nas mãos
dos generais”; os cidadãos brasileiros podiam
afirmar que a questão ambiental é
muito grave para ficar em mãos dos políticos.
A Amazônia deve se preocupar do seu futuro,
olhando o passado da Mata Atlântica...
Por outras palavras, há que o Brasil e o
mundo encerrar o seu diálogo de cegos e surdos,
para escutar as comunidades caboclas no que elas
têm a dizer a uns e a outros. O movimento
não-governamental, onde o projeto Universidade
Livre Marajó-Amazônia (Unilivre MAM)
se insere como veículo de expressão
das populações tradicionais marajoaras.
Durante as conferências regional (Muaná)
e estadual (Belém), preparatórias;
e na própria Conferência Nacional do
Meio Ambiente (Brasília), encaminhou moção
no sentido da ilha do Marajó ser dotada de
reserva da biosfera do programa M&B da UNESCO.
Sem, contudo, ter obtido nenhuma sinalização
de acatamento ou simpatia à reivindicação
da comunidade marajoara, tanto pelo Estado quanto
pela União.
Esta modesta ONG cabocla constituída de Quixotes
não tem poder econômico, não
dá voto, não faz proselitismo nem
discrimina nenhum partido ou religião; logo,
não tem muitos adeptos e amigos influentes,
nem intimida ninguém. Não obstante,
os militantes da Unilivre (emanada do Grupo em Defesa
do Marajó e dos Encontros em Defesa do Marajó,
em mais de vinte anos de singela perseverança
sem grito), seguem em sua pregação
em prol da Reserva da Biosfera e da candidatura
dos sítios arqueológicos da cultura
pré-colombiana marajoara ao Patrimônio
Cultural da Humanidade. Que o IPHAN depois duma
longa espera de mais de 60 anos; já está
providenciando o necessário inventário,
desde que uma carta-aberta ao Presidente da República,
intitulada S.O.S. Lago Arari, assinada a 7 de setembro
de 2003, em Santa Cruz do Arari; fez o seu percurso
e quer ir mais adiante, até chegar em Paris
junto ao edifício-sede da UNESCO. Nesse dia,
os marajoaras sobreviventes darão graças
aos mortos esquecidos da história amazônica
de 3.500 anos de idade.
Agora a gente espera que o Ministério do
Meio Ambiente tenha escutado o pedido de Muaná,
de 8 de outubro de 2003; para preparar o Marajó
ao Programa Homem & Biosfera; uma vez que o
“inexistente” GDM e a virtual Unilivre MAM são,
teimosamente, solidários e parceiros voluntários
do CNPT/ IBAMA-Pará na Resex Mar de Soure
e Resex Mapuá, sem esquecer interesse especial
sobre a Flona Caxiuanã e ECFP, em Melgaço.
É esperar ainda que as autoridades de meio
ambiente em Brasília olhem a uma organização
cabocla não-governamental, não-ideológica
e não-confessional...
2 – No ar,
Jornal Nacional (captado por antena parabólica
nos Furos de Breves).
Emissão do
Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão,
focalizou a cidade de Breves-PA em documentário
denominado “Povo das Águas” no qual foram
mostradas crianças em situação
de risco e outras presumivelmente exploradas sexualmente
por tripulantes e passageiros de embarcações
fluviais em trânsito pelo porto. Como se sabe,
pelos Furos de Breves passam grandes comboios de
balsas conduzindo carretas com a produção
da Zona Franca de Manaus com destino a São
Paulo. Os ribeirinhos ficam a ver navios e outras
coisas mais que não gostariam de enxergar,
mas não têm como se queixar.
Sensibilizados por imagens e comentários
negativos através da maior rede brasileira
de televisão, cidadãos e autoridades
locais mobilizaram-se no sentido de empreender ações
de promoção social e econômica
com objetivo de melhorar a qualidade de vida e a
imagem local, assim como o prestígio do Pará
e do País, cujos governos foram vistos como
ausentes na região.
Desta maneira, no dia 8 de abril de 2005 a Câmara
Municipal de Breves realizou sessão especial
relativa aos 350 anos da lei de abolição
do cativeiro indígena, de 9 de abril de 1650;
seguida de viagem ao Rio Mapuá na qual o
Presidente da Casa, Vereador Camilo Lopes Gonçalves;
levou o coordenador do projeto “Universidade Livre
Marajó-Amazônia” a conhecer aquela
comunidade, que a partir de 20 de maio de 2005 foi
beneficiada por ato do Governo Federal dando-a como
uma Reserva Extrativista. Ora, se o Brasil soubesse
o que, de fato, representa o “rio dos Mapuazes”
(cf. Serafim Leite, História da Companhia
de Jesus no Brasil, tomo IV; e Eidorfe Moreira,
“Os igapós e seu aproveitamento”, cadernos
NAEA 2, UFPA), faria reportagem mais retumbante
do que aquela supracitada.
3 – Os “Furos
de Breves” e sua implicação no Estuário
Amazônico.
A relação
entre viajantes e população ribeirinha
nos Estreitos de Breves revela conflito de interesse
e problema de comunicação, que a própria
antropologia e história da região
insular explicam. A zona geográfica em questão,
localizada nos extremos norte e oeste da APA Marajó
e pólo ecoturístico que se volta a
corredor em conexão com a Europa através
das Guianas e Antilhas; localiza-se no interfluxo
dos rios Pará e Amazonas. Por onde trafegam
navios de cruzeiro e mercante vindos do Caribe e
Atlântico.
Trata-se de área geográfica vital
ao acesso da Bacia Amazônica. Passagem obrigatória
à navegação que se apresenta
extremamente vulnerável sob ponto de vista
social e de vigilância regional e segurança
pública. A causa geográfica do “espetáculo”
da pobreza ribeirinha, na verdade, decorre da passagem
de navios nos Estreitos ou Furos, os quais provocam
“maresia” (ondas fortes) nas margens do rio, com
isto causam danos a pequenas embarcações
à beira dos sítios. As quais, muitas
vezes, se quebram no entrechoque das águas
agitadas. Por isto, à simples aproximação
de navios estando os homens ausentes de suas casas
para o trabalho, saíam mulheres e crianças
nas ditas canoas para o largo a fim de as afastar
do “banzeiro” das margens...
Nesse momento, sem a devida informação
fornecida por seus agentes de viagem e/ou transportadores,
turistas a bordo entenderam que a gente pedia esmolas.
Assim começaram os viajantes a atirar objetos
e dinheiro aos ribeirinhos. Isto, no começo,
teria motivado o “show” da pobreza que acabou ficando
para costume. Evidentemente, não há
como negar o baixo IDH de Marajó como um
todo. Em crise crônica desde o colapso da
economia da Borracha até recente esgotamento
de reservas de madeira e decadência da pecuária
tradicional, que estão ao fundo da triste
paisagem humana com viés etno-histórico
negligenciado; em meio à sempre rica natureza
amazônica e poucas fortunas particulares.
Contra opinião de pessimistas e conservadores
do status quo da Pobreza e Devastação
extrativista, pode-se discutir prioridade para detalhamento
do zoneamento ecológico-econômico estadual
face à circunstância de ser esta área
passagem incontornável à navegação
internacional do rio Amazonas, por força
geográfica e disposição legal
desde a segunda metade do século XIX (Abertura
do rio Amazonas à navegação
internacional).
Em todo caso, planejadores regionais e tomadores
de decisão (nos setores público e
privado) devem ter presente que a área geoeconômica
das Ilhas, da qual a cidade de Breves é capital
natural; é sumamente estratégica por
se achar no vértice do delta amazônico,
na divisão territorial entre os Estados do
Amapá e Pará e zona contígua
à faixa de fronteira da região das
Guianas. A ilha de Marajó provavelmente declarada
reserva da biosfera e seus sítios arqueológicos
a ser protegidos pela lista mundial do patrimônio
cultural da humanidade; significa dizer que é
preciso que a sociedade organizada assuma a direção
do processo democrático mobilizando as comunidades
ribeirinhas ao advento da participação
popular.
A mendicância do “Povo das Águas” se
torna extremamente contraditória ao rico
potencial dos “Estreitos de Breves”. Cujo uso sustentável
através de uma educação patrimonial
acurada e investimentos sociais e produtivos conjugados
tornam-se indispensáveis através de
parcerias público-privadas envolvendo os
três níveis de competência governamental,
federal, estadual e intermunicipal por se tratar,
sobretudo, a cidade de Breves por sua situação
geográfica, pólo para a região
das Ilhas.
4 – Indicativos
da Unilivre MAM para projetos e ações
integradas
O rio Mapuá
merece ser dotado de um mosaico de unidades de conservação
e empresas ecológicas com inclusão
social e inovação tecnológica.
Por seu interesse para a História e a Geografia
do Brasil deve ser declarado, imediatamente, Monumento
Natural casando natureza e cultura. Ao rio Mapuá
se refere o Padre Antônio Vieira (inclusive,
em a “História do Futuro” como o local que
mais lhe inspirou a utopia do Quinto Império
do Mundo (pp. 298 e seg. obra citada, ed. SECULT/IOE,
Belém, 1998: § 277“... nos aponta o
Profeta [Isaías] ... que não convém
a toda gente, & terra do Brasil, he outra vez
necessario que nòs tambem declaremos a Provincia,
& gente, em que elles todos [os sinais do Futuro
ou “Quinto Império”] se verificão;
& esta gente & esta Provincia, mostraremos
agora que he a que com toda a propriedade chamamos
Maranhão,...” (Isto é, Amazônia
lusitana, ou Estado do Maranhão e Grão-Pará;
a segunda colônia que Portugal teve na América,
separada do Estado do Brasil).
§ 278 “Diz pois o Profeta, que são estes
homës huma gente, a que os rios lhe roubaram
a terra.[...]. E he admiravel a propriedade desta
differença, porque em toda aquella terra,
em que os rios são infinitos, & os mayores,
& mais caudalosos do mundo, quase todos os campos
estão alagados, & cubertos de agua doce,
não se vendo em muytas jornadas, mais que
bosques, palmares, & arvoredos altissimos, todos
com as raizes, & trõncos metidos na agua;
sendo rarissimos os lugares por espaço de
cento, duzentas, & mais legoas, em que se possa
tomar porto, navegandose sempre por entre arvores
especissimas de huma, & outra parte, por ruas,
travessas, & praças de agua, que a natureza
deyxou descubertas, & desempedidas do arvoredo
(grifo), & posto que estes alagadiços
[igapós] sejão ordinários em
toda aquela costa...muyto mais particularmente naquelle
vastíssimo Archipelago (grifo) do rio chamado
Orelhana, & agora das Amazonas...”
§ 279 “Desta sorte vivem os Nhengaibas, Guaianás,
Mamaianás, & outras antigamente populosas
gentes, de quem se diz com propriedade que andão
mais com as mãos, que com os pés,
porque apenas dão passo, que não seja
com o remo na mão, restituindo-lhes os rios
a terra que lhes roubaram (grifo), nos frutos agrestes
das arvores de que se sustentão; cuja colheyta
he muyto limpa, porque caem todos na agua; &
em muyta quantidade de Tartarugas, & peyxes
Boys, que são os gados, que pastão
naquelles campos...[...]; & nota o Profeta que
naõ he rio, senão rios, os que isto
fazem, porque ainda que o rio das Amazonas tenha
fama de tam enorme grandeza, toda esta se compoem
do concurso de muytos rios...”.
E para que não paire dúvida sobre
a região a que o visionário do Quinto
Império do Mundo se refere nas páginas
barrocas de a “História do Futuro”, ele esclarece
às páginas 304 e 305: “... o mesmo
Archipelago, q dizemos, de agua doce, se chama na
sua lingua por sua grande mar, & daqui veyo
o nome que os Portuguezes lhe puzeram de Graõ
Pará, ou Maranhaõ, o que tudo quer
dizer, Mar grande, porque Pará significa
mar.”
O geográfo Eidorfe Moreira em seu artigo
sobre aproveitamento econômico dos igapós
(ver Obras Completas), declara que a área
dos Estreitos de Breves é o “apogeu igapóreo”
da região. O rio Mapuá (cf. Serafim
Leite, in “História da Companhia de Jesus
no Brasil”, tomo IV) deu lugar à Igreja do
Santo Cristo (uma simples maloca indígena
consagrada pelo Payaçu, “padre grande”, para
servir de lugar de cerimônia de vassalagem
dos Sete Caciques Nheengaíbas à Coroa
de Portugal).
Remanescente de seringais e latifúndios de
extração de madeira, as terras do
Mapuá viram-se desvalorizadas com a crise
econômica e suas populações
tradicionais sofreram o maior impacto, com muitas
famílias abandonando seus sítios de
moradia para morar no subúrbio da cidade
de Breves ou como moradores ribeirinhos próximos
ao centro urbano.
Hoje se ouve falar que grupos econômicos do
Rio de Janeiro e São Paulo adquiriram terras
abandonadas por antigos seringais e madeIreiras
para projetos de seqüestro de carbono. A Resex
Mapuá pode se beneficiar de parceria com
empresas estratégicas localizadas naquela
área. Uma análise detalhada pode apontar
possibilidade no rio Mapuá para implantar
mosaico de diferentes unidades de conservação:
(a) Estação Ecológica nos igapós
(“lagos”) formadores do Braço Esquerdo do
Mapuá, podendo servir de núcleo e
unidade de conservação integral da
Reserva da Biosfera Ilha do Marajó; (b) Reserva
de Desenvolvimento Sustentável (RDS) no Braço
Direito do Mapuá; (c) Projeto de Seqüestro
de Carbono, privado, inclusive com RPPN integrada
ao projeto, (d) Resex , conforme já estabelecido
pelo ato presidencial de 20 de maior de 2005.
Esta sugestão da Unilivre MAM se prende a
interesse estratégico de ter neste rio histórico
e representativo do ecossistema de igapós
da área dos Estreitos de Breves; experiência
inovadora para o desenvolvimento sustentável
do Pólo ecoturístico e Área
de Proteção Ambiental, futura Reserva
da Biosfera Ilha do Marajó; compatível
ao detalhamento do Plano de Macro Zoneamenteo Ecológico-Econômico
do Estado do Pará.
5 – Projeto
Interativo Integrado de Ecocultura (Projeto PIIÉ).
Com esta iniciativa
se visaria a: (a) estabelecer um conceito de Ecocultura
apropriada às condições do
Trópico Úmido amazônico: tendo-se
em mente que o termo deve se referir àqueles
elementos básicos de cultura emergente em
comunidades tradicionais sob influência direta
da natureza. Por exemplo, a invenção
da rede de dormir à imitação
de ninhos de certas aves, com o japiim; suspensos
em árvores à beira dos rios. Também
uma Ecocultura pode dizer respeito à formação
cultural de certa sociedade em busca de modelos
de conservação ecológica.
(b) a sigla do projeto tem por objetivo homenagear
o cacique Piié dos Mapuá, rememorando
a sua histórica participação
na reunião de paz de 1659, no rio Mapuá;
e antecedentes conforme carta do Padre Antônio
Vieira, citada pelo historiador Serafim Leite.
(c) A valorização da madeira e da
cerâmica como materiais de construção
e arquitetura no Trópico Úmido, deve
ser objeto de estudos de Ecocultura amazônica.
Assim, estamos propondo para calendário de
eventos da cidade de Breves realização
anual de Semana de Arquitetura Ribeirinha em Madeira.
6 – Conservação
do bairro Caetano e criação de amostra
permanente.
A cidade de Breves
apresenta distinta arquitetura em madeira que deve
ser conservada pelo patrimônio cultural. Assim,
vê-se oportunidade de criar atrativo para
turismo de interesse especial preservando o bairro
Caetano com seu casario de madeira, deixando o bairro
exclusivamente para construção em
madeira, cerâmica e palha, onde for possível.
O histórico deste bairro parece estar nucleado
pelo estaleiro de construção naval
do Sr. Genésio Caetano que é um notável
personagem da cultura ribeirinha marajoara. Assinala-se
no mesmo bairro a existência de núcleo
de apoio do Museu Paraense Emílio Goeldi
(MPEG) para a Estação Científica
Ferreira Penna, na Floresta Nacional de Caxiuanã,
no município de Melgaço; que em conjunto
com o posto local do IBAMA; devem ser parceiros
do projeto. Aí mesmo, se poderia organizar
Exposição Permanente do Museu do Marajó,
de acordo com o sonho do fundador deste último,
o padre Giovanni Gallo.
7 – Integração
da Costa Norte a Corredor Norte do Brasil – Europa.
O turismo na área
dos Furos de Breves será realidade desde
o momento em que o notável empreendedorismo
que se observa no município-pólo se
voltar para o mercado nacional e mundial de turismo.
Para isto, deve-se assinalar a provável margem
ociosa de equipamentos existentes, tais como: (1)
Estação Hidroviária moderna
e razoavelmente equipada; (2) Aeroporto Regional
Akim Diniz, com pista em asfalto de 1700 metros
de extensão (compatível para receber
vôo charters, em caso de intensificação
de turismo receptivo); (3) Centro municipal de capacitação,
com instalações modernas, da área
educacional podendo servir a treinamentos de recursos
humanos, inclusive para estagiários de hotel-escola;
(4) capacidade de empresas de navegação
com sede local poderem operar turismo fluvial (a
ser especialmente autorizadas), mediante adequação
para transporte misto de carga, passageiros e turistas;
(5) melhoria da capacidade hoteleira instalada e
incentivo para investimentos em pausadas para turismo
na cidade e interior com potencial ecoturístico;
(6) incentivo à construção
de barcos-hotéis.
8 – Universidade
e desenvolvimento regional sustentável.
A cidade de Breves
possuir campus da Universidade Federal do Pará,
que presta valiosa contribuição à
formação pedagógica na região
das Ilhas. Entretanto, já se reclama certa
saturação de mercado de trabalho com
a oferta de cursos existentes, ao mesmo tempo em
que se esperaria formação de novos
profissionais para emprego local. Evidentemente,
universidades públicas no País sofrem
dificuldades orçamentárias rigorosas.
E, portanto, autoridades municipais e empresariado
local poderiam se juntar à UFPA em busca
de financiamento alternativo, que se não
fosse para criação de novos cursos
de formação local pudessem, pelo menos,
prover cursos de especialização para
pessoal graduado localmente tanto quanto possível;
olhando o potencial de mercado de trabalho local,
notadamente nas áreas de saúde, industria
de beneficiamento de madeira, engenharia florestal,
biologia, fitoterapia, piscicultura e educação
ambiental.
Assim, por exemplo, poderiam surgir projetos-piloto
em parceria para pesquisa em energia renovável
(óleo vegetal combustível com experimento
em plantas nativas, tais como ucuúba, pracaxi,
andiroba e outras); biomassa de resíduos
de madeira; maré motriz; mini-turbinas hidrelétricas
para residências ribeirinhas; energia fotovoltaica;
etc. Ciências da saúde; tecnologia
da madeira; cursos de viveristas para seqüestro
de carbono
De modo a enfocar a nova configuração
regional que se está desenhando em relação
à construção da ponte sobre
o rio Oiapoque, na fronteira Brasil-França,
e ao corredor do Norte do Brasil – Europa através
das Guianas e Caribe, suas oportunidades e dificuldades
para geração de emprego e renda no
Pólo Marajó; a cidade de Breve poderia
sediar evento com participação de
entidades como a AMAM, PARATUR, SECTAM, MPEG, UFPA,
UFRA, IBAMA e outras. Dentre outras atividades,
o Museu do Marajó e a ong “Universidade Livre
Marajó-Amazônia” poderiam fazer apresentação
de seus projetos para a área das Ilhas e
Costa Norte; notadamente a última a respeito
de proposição para criação
do Projeto PIIÉ supracitado.
Fonte: ONG Unilivre
José Varella Pereira