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ESTRADAS INFLUENCIAM DESMATAMENTO
NO SUL DO AMAZONAS, INDICA ESTUDO DO SIPAM
Panorama
Ambiental
Manaus (AM) – Brasil
Julho de 2005
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05/07/2005 - As rodovias
estaduais e federais ainda hoje são o grande
vetor do desmatamento no sul do Amazonas – embora
haja ramais clandestinos na floresta, eles partem
de estradas oficiais. A afirmação
é do estudo Reflexos e Tendências do
Desmatamento no sul do Amazonas, realizado pelo
Sistema de Proteção da Amazônia
(Sipam) em Manaus. A partir do levantamento do desmatamento
nos doze municípios do sul do estado, realizado
pela Divisão de Análise Ambiental
(Damb), vinte profissionais multidisciplinares trabalharam
durante três meses com cruzamento de dados
para elaborar um cenário dos diversos fatores
que influenciam a destruição da natureza.
Os dados da pesquisa inédita foram repassados
com exclusividade à Radiobras.
O sul do Amazonas foi dividido em três grandes
regiões: Oeste (Guajará, Ipixuna,
Eirunepé, Envira e Pauini), Central (Boca
do Acre, Lábrea e Canutama) e Leste (Humaitá,
Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí).
"A região mais preservada é a
Oeste, que tem menos estradas. Mas nela está
Guajará, o município que apresenta
um alto índice de desmatamento relativo.
Se você for observar com cuidado, descubrirá
que ele sofre influência da BR-317",
diz Luiz Renato Freitas, coordenador no Sipam. Guajará
é o munícipio do sul do Amazonas que
possui o maior percentual de desmatamento em relação
à sua área total: de 6,29%, em 2003,
subiu para 7,15%, em 2004.
A região central concentra o desmatamento,
em termos absolutos. Lábrea é o município
com maior aumento da área desmatada entre
2003 e 2004: 355 quilômetros quadrados de
incremento. Canutama vem em segundo lugar, com 182
quilômetros quadrados – liderando, porém,
o aumento percentual do desmatamento em relação
ao acumulado em 2003, com 36,55% de crescimento.
E mais da metade (52%) do desmatamento ocorrido
em Canutama neste período aconteceu em áreas
de cerrado (também chamadas de campos naturais
ou savanas). "Nelas o processo de limpeza para
criação de pastos é facilitado",
explica Danielle da Costa, geógrafa. "Não
é coincidência o fato de o governo
estadual ter montado em Boca do Acre um frigorífico.
A atividade econômica, sem dúvida,
é a mola precursora desta história.
E em alguns momentos as políticas de incentivo
à pecuária promovem a destruição
da floresta", analisa Freitas.
O estudo apontou ainda perspectivas pessimistas
para o meio ambiente na região Leste. "Se
o padrão de ocupação atual
se mantiver, com pecuária e plantação
de grãos, as sedes dos quatro municípios
em pouco tempo não terão mais floresta
entre si", alerta Freitas. Ele afirma ainda
que a região Leste, que possui a ocupação
mais antiga do sul do Amazonas, hoje sofre pressão
de grileiros que estão se deslocando do sul
do Pará.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Thaís Brianezi