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RESPONSÁVEIS POR
PROJETOS APONTAM OBSTÁCULOS AO DESENVOLVIMENTO
LOCAL E SUGEREM SOLUÇÕES
Panorama
Ambiental
Florianópolis (SC) – Brasil
Julho de 2005
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08/07/2005 – Iniciativas
tão diversas como uma empresa solidária
formada por tecelãs de Itajaí, um
consórcio de municípios pela gestão
ambiental participativa da região do Alto
Uruguai, uma incubadora de empresas de software
de Blumenau e uma associação de agricultores
ecológicos da região da Serra Geral.
Em comum, o objetivo de levar desenvolvimento a
pequenas cidades do interior de Santa Catarina.
Representantes de
todos esses projetos e mais cerca de 150 participantes
estão reunidos hoje (8) na capital catarinense
para falar sobre os obstáculos que encontraram
com seus projetos e fazer sugestões sobre
o que o governo, a legislação e as
fontes financiadoras podem fazer para melhorar para
o apoio ao desenvolvimento local.
O seminário
é o primeiro de uma série de eventos
que o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas), o Pnud (Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento)
e o Instituto Cidadania, organização
não-governamental que criou o Fome Zero e
vários outros projetos incorporados ao programa
do atual governo, promovem até o fim do ano
em mais oito capitais nas cinco regiões do
país com a finalidade de elaborar a proposta
de uma política nacional de apoio ao desenvolvimento
nos municípios.
Entre os problemas
e as respectivas sugestões para resolvê-los,
as dificuldades de financiamento estão entre
as mais citadas.
Idalina Maria Boni,
da Fio Nobre, empresa solidária de Itajaí,
conta que, para empreendimentos de pequeno porte,
não são apenas as altas taxas de juro
que prejudicam os negócios. "O máximo
de carência que conseguimos, mesmo em bancos
públicos, são 60 dias. Não
dá para investir em máquinas e modernizar
a produção assim".
"Quem está
ganhando dinheiro hoje não é quem
produz, é quem comercializa nosso dinheiro.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, há todo
um patriotismo com o dinheiro. Na França,
o banco informa ao sujeito que deposita seu dinheiro
ali onde é que o dinheiro dele será
usado. É uma luta política que temos
de fazer", afirma o economista Ladislau Dowbor,
um dos coordenadores da parceria entre o Sebrae,
o Pnud e o Instituto Cidadania.
O meio ambiente também
sofre com a falta de financiamento. Na região
do Alto Uruguai, extremo oeste de Santa Catarina,
os 5 mil suinocultores enfrentam o desafio de tratar
devidamente os dejetos que resultam da atividade.
Os produtores independentes, que não têm
apoio das grandes empresas que compram a produção
por contrato (o chamado sistema integrado), sofrem
para atingir os padrões ambientais adequados.
"Precisamos de suporte para resolver nós
mesmos esses problemas", pede Roberto Kurtz
Pereira, gerente do Consórcio Lambari, formado
por 16 municípios da região para enfrentar
o problema da gestão ambiental.
Pelos relatos do
encontro, às vezes, em vez de apoio, o poder
público oferece dificuldades adicionais ao
desenvolvimento local. A disputa jurídica
para criar o modelo dos consórcios simplificados
de empregadores rurais, na região de Rolândia
(PR), consumiu R$ 2 milhões, segundo Mario
Campos de Oliveira Junior, representante dos produtores
de cana-de-açúcar da região.
"Hoje temos uma alternativa viável para
criar trabalho formal no campo. Anos atrás,
tínhamos que brigar com o próprio
governo federal para defender a idéia",
conta o produtor.
O modelo dos consórcios
permite que os trabalhadores rurais sejam formalmente
registrados por um grupo de empregadores. Assim,
os antigos bóias-frias, que eram aliciados
pelos intermediários chamados "gatos"
para um serviço de um ou dois meses em cada
fazenda, agora trabalham com carteira assinada em
várias fazendas ao longo do ano, sem deixar
de receber nenhum mês e ainda recolhendo para
a Previdência Social de forma proporcional
ao que ganham por sua produtividade (sem ficarem
sujeitos a receber apenas um salário mínimo
da aposentadoria rural no fim da vida).
Depois de anos de
luta, a lei 10.256, de 2001, permitiu a criação
dos consórcios, que já beneficiam
65 mil trabalhadores rurais no país, em 103
diferentes consórcios, segundo dados do consórcio
de Rolândia.
Mais informações
sobre a parceria do Sebrae com o Pnud e o Instituto
Cidadania podem ser obtidas em www.desenvolvimentolocal.org.br
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Spensy Pimentel