|
CONFLITO ENTRE TRUKÁS
E PM TEM INÍCIO EM 1999, DIZ ANTROPÓLOGA
Panorama
Ambiental
Recife (PE) – Brasil
Julho de 2005
|
 |
14/07/2005 – Não
são fatos isolados a morte dos índios
truká Adenilson dos Santos Vieira e Jorge
Adriano Ferreira Vieira, no último dia 30,
e a prisão de Aurivan dos Santos Barros,
o Neguinho Truká, desde a última segunda-feira
(11), no município de Cabrobó, em
Pernambuco. "O conflito entre os indígenas
e a Polícia Militar começou em 1999",
afirma a antropóloga e educadora do Centro
de Cultura Luiz Freire, Caroline Mendonça,
que acompanha os índios em Cabrobó.
Em 1999, os Truká
conseguiram que os 124 posseiros residentes saíssem
das terras consideradas tradicionais da Ilha de
Assunção, uma área de 6.200
hectares. Cerca de 3.500 índios vivem hoje
na ilha.
"A partir desse
fato, a polícia e o procurador começaram
a expedir vários processos de mandado de
prisão contra as lideranças truká,
acusando-as de roubo de gado e formação
de quadrilha", relata a antropóloga.
"A formação de quadrilha, a que
eles se referem, é a organização
social do povo, reconhecida pelo artigo 231 da Constituição
Federal como o direito dos índios de se organizarem."
Caroline Mendonça
explicou que, desde 1999, os índios têm
sido alvo de violência por parte da Polícia
Militar que atua no município. "Cabrobó
é uma região de tráfico de
drogas, e na desculpa de estar combatendo o tráfico,
eles espancavam os índios como se eles participassem
dessa atividade", analisa Segundo ela, quando
os Truká retomaram as terras, toda a plantação
de maconha que existia na região – "cultivada
pelos fazendeiros" – foi destruída em
conjunto com a Polícia Federal.
A advogada e missionária
do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Michael Mary Nolan informa ainda que os Truká
pediram que Neguinho Truká, então
detido no presídio de Salgueiro, seja transferido
para outra penitenciária. "A procuradora
acatou o pedido, e hoje ele deve ser transferido
para o presídio de Petrolina, onde ele terá
mais segurança, já que os Truká
temem que os policiais o agridam", diz ela.
Ontem (13), Michael
Mary contou que as lideranças truká
formalizaram um pedido de procedimento para investigação
da ação da Polícia Militar
na aldeia indígena, na Ilha de Assunção
em Cabrobó. "Eles pediram para que os
policiais que agridem os índios sejam impedidos
de entrar na aldeia, e que apenas os dez policiais
já treinados para lidar com os índios
possam ter acesso a eles." Segundo ela, o Ministério
Público em Pernambuco vai avaliar o pedido.
Fonte: Agência Brasil -
Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Danielle Coimbra