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CONGRESSO DESRESPEITA A
CONSTITUIÇÃO FEDERAL E AUTORIZA
CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA
DE BELO MONTE
Panorama
Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Julho de 2005
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13/07/2005 - O Congresso
Nacional autoriza a construção da
usina sem jamais ter ouvido a opinião dos
povos indígenas e comunidades tradicionais
que serão afetadas pela hidrelétrica,
sem obter nenhum benefício com sua construção
O Senado Federal,
em sessão realizada ontem, 12 de julho, aprovou
o projeto de Decreto Legislativo 1785, de 2005,
de autoria do deputado federal Fernando Ferro (PT-PE),
que autoriza o poder executivo a construir o complexo
hidrelétrico de Belo Monte, no rio Xingu,
estado do Pará. O projeto já havia
sido aprovado na Câmara dos Deputados na semana
passada e entra em vigor imediatamente, sem que
seja necessário haver a sanção
do presidente Lula.
A proposta de construção
de usinas hidrelétricas no rio Xingu existe
desde a década de 80, sendo que ainda não
haviam se concretizado em função da
reação dos movimentos sociais e organizações
ambientais, preocupados com os danos ao meio ambiente
e os potenciais impactos sobre povos indígenas
e populações tradicionais. O projeto
atual prevê a construção de
barragens, eclusas e canais no rio Xingu e deverá
inundar uma área de pelo menos 40.000 hectares
(80 campos de futebol), onde vivem essas populações.
“É inaceitável
que na mesma semana em que a sociedade é
brindada com o lançamento em Altamira do
livro “Tenotã-Mõ: Alertas sobre as
conseqüências dos projetos hidrelétricos
no rio Xingu”, organizado pelo professor Oswaldo
Seva (Unicamp), o Congresso Nacional se mostre completamente
alheio aos imensos impactos sociais e ambientais
que o complexo Belo Monte irá causar”, afirmou
Carlos Rittl, do Greenpeace. “Além dos imensos
impactos, há uma absurda contradição
neste projeto. As populações das áreas
a serem atingidas não serão beneficiadas
pela produção de energia de Belo Monte,
que se destina, prioritariamente, a abastecer indústrias
que causam ainda mais impactos sociais e ambientais,
em grandes empreendimentos de mineração
no estado do Pará”, acrescentou Rittl.
Além disso,
diversos povos indígenas (Kayapó,
Parakanã-Apiterewa, Araweté do Igarapé
Ipixuna, Asurini do Xingu, Arara do Pará,
Juruna, Xipaia e Curuaia) serão direta ou
indiretamente afetados pela construção
do complexo de Belo Monte. Em 2001, o Ministério
Público Federal impetrou uma ação
judicial contra o projeto de Belo Monte, entre outros
motivos, justamente pela presença de populações
indígenas na área a ser inundada pelas
obras do complexo.
O Greenpeace e outras
organizações estão se mobilizando
para pedir que o Procurador Geral da Republica entre
com ação no Supremo Tribunal Federal
(STF) pedindo a inconstitucionalidade do Decreto
Legislativo, já que não foi cumprida
a exigência do parágrafo 3o. do artigo
231 da Constituição Federal, que determina
que o Congresso só autorize a construção
de hidrelétricas que afetem terras indígenas,
após ouvir as populações indígenas
a serem atingidas, e saber se eles aceitam ou não
o empreendimento. Em nenhum momento a Câmara
ou o Senado convocou aqueles povos indígenas
para manifestar suas opiniões sobre o projeto
de Decreto Legislativo.
Fonte: Greenpeace-Brasil (www.greenpeace.org.br)
Assessoria de imprensa